segunda-feira, 28 de abril de 2008

Dia histórico


Esse fim de semana foi o tal, aquele que eu vinha esperando há meses a fio. O grito de liberdade era iminente, porém ameaçou ser mais que um grito, e sim, uma berraria sem fim. Não queria isso. Poderia se tornar algo contra mim, uma volta aos conturbados 18 anos, com festas, amigos, farras e nada mais. Só queria me libertar das amarras que eu mesma me coloquei, queria ver o mundo que ainda existia, sorridente e vasto, enquanto eu chorava aqui dentro.

Sim! O mundo estava lá fora. E eu estagnada.

Nunca mais dancei.

Nunca mais amei.

Nunca mais sorri.

Nunca mais andei de tênis e short.

Nunca mais saí de casa.

Anos atrás passei por todo um processo até chegar ao final de 2006 e dar o Grito de Liberdade pela primeira vez. Foi longo e bastante doloroso. Teria que passar por tudo isso de novo? Organização, disciplina, estratégia. São palavras que não podem sair da vida de um Administrador. Mantive a calma, respirei fundo na sexta-feira. Olhei pro lado, olhei pro outro e decidi não tomar nenhuma atitude precipitada. Quando fechei os olhos pra dormir, finalmente, após uma longa noite de ricas e singulares idéias, eu já tinha mudado a fase do jogo.

O sábado chegou como o ano do silêncio. Não queria ver, nem falar com ninguém. Tudo lá fora me chamava, mas eu precisava estar só, assim como aquele ano inteiro. Não posso viver outras vidas que não a minha. Nasci só, preciso de ar, água, comida e amor, mas o primeiro amor tem que ser o meu por mim mesma. O sábado se foi com uma promessa: se amanhã chegar, será melhor. E chegou. E foi.

Música tema do domingo (clique no nome com o botão direito e abra em nova janela): Fly like me

Acordei tarde, atrasei o almoço da galera, deixei todo mundo esperando enquanto eu dava uma boa olhada no Sol lindo que me banhava o corpo envolto numa nuvem de ansiedade e desejo e que me convidava a ser feliz. Lavei os cabelos demoradamente, lavei o pescoço, os olhos, as costas... Lavei a pele e deixei que a água levasse ralo abaixo tudo que outrora me entristecera. Ao final de uma hora, estava satisfeita com o que via no espelho: uma mulher-menina, risonha, levada, enfiada num short branco, camiseta preta e sobre um par de All Star branco. Junto comigo, todas as minhas borboletas: do peito, orelhas e dedo.

Lá, Dona Marli me olhou e disse “vc é linda”. Agradeci, mas a verdadeira resposta era “é porque estou feliz, por isso fiquei bela”. Cheguei já causando... rsrs E super à vontade, como nunca me senti naquela Zona Norte. De repente, olhei pro lado e me vi morando lá. As casinhas, o ventinho, as sombras, tudo o que eu preciso num domingo à tarde.

Vários acontecimentos depois, lá estava eu, partindo rumo ao Maracanã. O medo me fazia gritar por dentro, mas eu precisava me manter calma e ir em frente. E se der correria? E se der tiro? E se eu cair? E se...? Como nos bons e velhos tempos, a resposta foi “já fiz”. Entrei no Maracanã absolutamente embasbacada, com óculos escuros pra proteger do sol, mas também pra ninguém perceber meus olhos arregalados com tamanha novidade. Para meu espanto ainda maior, meninas passaram de shortinho, top, bem à vontade, e pais com seus filhotes de poucos anos. Nas minhas lembranças antigas, me disseram que mulher só podia ir de calça jeans e camisa larga, porque nego passava a mão. E crianças, só se fosse pra perdê-las.

Mas em se tratando de torcedores do Flamengo, com algum respeito, todo cuidado é pouco. Vi confusão durante metade do trajeto de ônibus até o estádio, e em todas, havia alguém de camisa vermelha e preta.

A entrada na arquibancada foi algo fenomenal. Um mundo inteirinho a minha frente, muito maior do que eu poderia imaginar que seria. Um mar vermelho e terra preta e branca do outro lado. O jogo rolava e eu preocupada com os flamenguistas vândalos bem próximos. Mas ainda bem, poucos, porém rápidos policiais resolviam as questões. O engraçado de tudo é que os flamenguistas brigam entre si, como povos rivais, países em guerra ou mulheres que querem o mesmo homem. Ridículo, porém engraçado. Sorte das outras torcidas, que ficam do outro lado do estádio, torcendo tranquilamente e acompanhando o jogo.

E onde eu estava?

Na cadeira branca, onde, teoricamente, não seria área destinada à torcida organizada. Mas que nada, grande parte da arquibancada foi tomada pelos flamenguistas. Já que não pode expulsá-los, assista ao jogo com eles. Sabem homem vendo jogo pela TV? Filho da puta, maldito, viado, passa, corre, vai, não, burro e outros impropérios e nomes não carinhosos que são ditos por dois ou mais num jogo visto em casa, ganha uma peso enorme quando dito por milhares. Coisa de louco!

E eu lá, alheia a bola que rolava e ainda em êxtase total pelo acontecimento de assistir Botafogo x Flamengo no Maracanã pela primeira vez na vida.

Fim do primeiro tempo, no 0 x 0 e eu ainda em alfa. Quando voltei com meu copinho de refrigerante na mão, o sol já tinha baixado e eu pude finalmente apreciar o jogo, pois troquei os óculos escuros pelo de grau. Caraca! O troço ficou maior ainda, os jogadores estavam ali há passos de distância. As brigas pararam, finalmente. E eu comecei a assistir ao jogo, acompanhando lances e dando meus pitacos. Olhava pro lado e via uma torcida monstruosa em silêncio, bandeiras ao chão. Do outro lado, botafoguenses aflitos pelo desenrolar da coisa, que até os 35 do 2° tempo não saía do lugar. Não podia torcer alto, pois estava encravada no meio da torcida adversária. Como não entendo muita coisa, nem posso comentar impedimentos e faltas, mas sei que os dois times jogaram na raça, Flamengo atacou muito e Botafogo defendeu na unha. Parecia um cabo de guerra. Até que entrou Obina. Com alguns minutos, ele decidiu o jogo. Sozinho. Não foi mérito de mais ninguém e não fracasso do goleiro, Obina, dentre os 22 em campo, definiu o placar, afinal desestruturou o jogo papai-e-mamãe que tava rolando e falou ‘não quero só a cabecinha, a bola tem que entrar’. E botou a bola pra dentro da rede.

Comoção geral no Maraca! Nessa hora deu um princípio de pânico, porque se sem gol eles já são daquele jeito, imaginem como ficaram após o gol? O chão sob meus pés tremeu violentamente enquanto a torcida pulava de alívio. Mas logo passou, o jogo estava acabando. E acabou com pesar para quase todos os botafoguenses, menos uma, que fosse qual fosse o placar, teria saído dali feliz.

Do Maracanã fui direto me acabar em beijos e abraços. Loo, minha branca amada, completando minha felicidade naquela noite. Muita fofoca pra por em dia! rsrs

O mundo é muito pequeno mesmo. Onde fui parar? No condomínio que era administrado pela imobiliária que eu trabalhei há 5 anos. A colega de turma era a menina que ficou com um menino que eu já tinha ficado há quase 10 anos. Nossa! Daqui a pouco descubro um irmão por aí!

Deus me livre.

Já me basta o oficial dando (muito) trabalho.

Saldo do fim de semana: positivo. Domingo: super positivo. Meu All Star foi ao Maracanã. rsrs As fotos estão no álbum do Orkut. Mega feliz!

Muitos beijos pra minha mais nova leitora: Melissa. Como eu falei pra ela, conquistei a família toda! :-D

Maravilhosa semana pra todos nós.

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