quinta-feira, 21 de junho de 2007

O Livro






Saudade enorme de escrever. Estava a ponto de explodir, com tantas idéias se amontoando na mente, nenhum papel, nenhum editor de texto, nada de que pudesse aliviar a aflição de uma escritora de fundo de quarto, que às vezes depende de água, de sono, mas vive mesmo é de ver palavras tomando forma num fundo branco.

Muitos ventos sopraram nesse tempo de ausência. Um livro, um pequeno e desinteressado livro que me apareceu dia desses, trouxe algumas noções sobre coisas que eu até sabia, mas não aceitava. Mal de canceriana, mal de quem se recusa a aceitar outros pontos de vista que não o seu. Admito. O nome é “Desenvolva sua Inteligência Emocional e tenha sucesso na vida”, da Psicóloga e Jornalista Maria Mercedes P. de Beltrán. Estava desavergonhadamente folheando a Avon, marcando X em tudo que passava pelas vistas. De repente, ele me sorriu. Livro? Batom? Livro? Rímel? Livro? Gloss com purpurina? Livro! Sim, livro! Semanas depois, nos encontramos pessoalmente. De toda a sorte de maquiagem e outros itens essenciais à vida feminina na Terra que comprei, aquele pequeno livro de poucas páginas, viria a ser o único item indispensável na bolsa.

Antes de lê-lo, como de costume, fui ver o final e lá aconteceu o primeiro choque: “pessoas de sucesso são as que conseguem controlar suas emoções”. Uau! Mas é sabido que eu não sei fazer isso, então, de que adianta tanto estudar? Após estas palavras fortes martelarem a mente, comecei a leitura do início. Primeira, segunda, 31ª página e volta pra 5ª página. Lê até a 28ª e volta pra 16ª. As coisas estavam claras demais, não era possível. Tudo estava ali, me mostrando cruelmente que eu era um lixo de ser humano. Não, eu não poderia nunca me sentir boa se não soubesse que no momento em que alguém me chama e eu viro com aquele olhar de “vai-pros-quintos-do-inferno”, que na verdade isso é Ira, uma das emoções mais fortes do ser humano e que mais podem fazer estragos. Não, não se chama TPM, nem briga com namorado, muito menos cansaço. Isso é Ira. A emoção que advém do sentimento de humilhação, rejeição e dá a sensação de imortalidade.

Um livro gentil, caridoso e generoso. Deu-me mostra de que verdades não são absolutas quando ficam somente dentro de nós. Cheguei finalmente e relutantemente à última página. Algo havia mudado aqui dentro. Não uma parte, apenas um pedacinho. Mudou o fio que liga o coração a boca. Pensar, refletir, analisar antes de decidir. Além de ler demoradamente, vou reler pra conhecer a mim de outra forma.

*

E mudando radicalmente de assunto, queria entender porque algumas pessoas têm a necessidade absurda de estar sob os holofotes integralmente. Queria saber porque pessoas não falam de seus feitos e idéias, mas sim, de outras pessoas.

Burrice, talvez. Ingenuidade, quem sabe.

Mas tem que fazer justamente comigo? É sério isso? Não, acho que o Boca Murcha não sabe quem ou o que é Lucille. Mulher bonita e inteligente não bate palma pra canalha. Esse é nosso lema. Pode tentar e nos primeiros minutos até parecer que está obtendo sucesso. Mas viajar na cauda do meu cometa, sem ser meu amigo, nem com muito dinheiro na minha conta, rapaz!

E é por isso que eu digo: ser único tem lá suas vantagens. É ruim quando sou taxada de barqueira (e sou mesmo), mas o fato é que já sabem o que esperar de mim. Jamais alguém vai dizer “não esperava isso dela”. E como as pessoas mudam e evoluem, ainda que eu controle minhas emoções, sempre serei intempestiva, porém com intensidade menor.

Quem tiver reclamações e sugestões, a casa está aberta ao público. Pode vir diretamente a mim, não mande recado, nem sinal de fumaça. Conversando a gente se entende. Ou então a gente cai na porrada e se entende do mesmo jeito! Hahahaha

Bem, não consigo mais escrever, algo desponta em mim indicando que a Ira está sobre as outras emoções neste momento, e a Inteligência das Emoções, manda, neste momento, calar os dedos, ou estarei sujeita e sujeitando meus pobres leitores a um texto irremediavelmente combativo. Não é isso que queremos, certo?

Então, fiquem com pouco de mim, mas saibam que é um pouco honesto e carinhoso. Pra vocês, leitores e amigos, o meu obrigada pela companhia nesta caminhada.

Ao meu Deus, obrigada pela oportunidade de caminhar.

Lucille