quarta-feira, 16 de abril de 2008

Só o amor liberta - parte 2

Estou super gripada, doente mesmo. Deitada há dois dias, com uma febre que chegou a 40º e me sacudiu o corpo todo, como uma convulsão. Quando passou, me senti saindo de uma montanha-russa.

Queria escrever, mas o corpo dói ainda e a mente não trabalha direito. Resolvi ler. Comprei um livro da Lya Luft, há tempos queria ler algo dela, e finalmente tenho nas mãos o livro “O silêncio dos amantes”. São pequenas histórias sobre palavras não ditas, sentimentos silenciosos e outras emoções profundas, que só quem ama é capaz de sentir. Logo na primeira história, fui tomada por uma saudade inexplicável. Saudade de um menino, de um amor que preenche meus dias e é uma das fontes de força pra continuar a viver.

Fui lá nos fotologs antigos e achei alguns textos que resumem um pouco desse amor.

*-*

Postado por **Lucille** em 10/01/2006 04:05

SEU SORRISO VALE QUALQUER SACRIFÍCIO

Oi povo. Hoje tô cansada demais pra pensar em algum texto que faça sentido. Aliás, nunca fazem sentido! rs* Deixem-me só desabafar...

Ser Tia e Madrinha é uma responsabilidade sem precedentes pra mim. Tem hora que dá vontade de chutar o balde e deixar mãe e pai dar o jeito.

Hoje, por exemplo, um Sol lindo lá fora e eu aguardando atendimento na emergência do hospital pediátrico. “Mãe, é virose mesmo, tá?” a médica me disse. Bom, isso eu já sabia, pois ontem na madruga, outro médico, em outra emergência de outro hospital, já havia dito. E nem me dei ao trabalho de desfazer o engano: não, doutora, eu não sou mãe. Sou apenas uma tia preocupada com essa febre que não cessa há 2 dias. O pior é suportar quase 20 Kg no muque, sem dormir direito e sem nada no estômago. “Tia, me dá um colinho”. Não, isso não é pior. “Vem me buscar no hospital”. “Agora?” Se eu não estivesse tão cansada, responderia “Não, filho da p#!@, amanhã!” mas o Saraiva que habita em mim estava fraco demais pra isso.

Almocei às 5h da tarde, o remédio de 12h as 5:30h, não consegui levar meus currículos na cidade, entre outros. E toma-lhe febre de 37º, 38º! E eu não posso descansar, tenho que domar a danada com 14 gotas de Dipirona. Venci. Pelo menos hoje.

Às 22h, enfim, depois do banho e do pão de queijo que só a tia sabe fazer, digo, botar no forno, rs*, tudo passa a fazer sentido. “Vou dormir com a minha tia”, ele se deita sobre meu braço e se aninha no meu peito. “Boa noite, tia” – “Boa noite, amor. Dorme com Deus” – “Tá” já de olhos fechados. “Deus te abençoe, meu amor” - “Deus te abençoe, tia”. Aí sim, o dia fez sentido. E eu pensei, meu Deus, faria tudo novamente...

*-*

Postado por Lucille em 24/07/2006 15:48

“SAUDADE, AMOR, QUE SAUDADE... QUE ME VIRA PELO AVESSO...”

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Sabe aquele aperto no peito que dá toda vez que sua mente teima em voltar no tempo? Se chama saudade. Palavra que só existe na Língua Portuguesa brasileira, mas que qualquer ser vivente nesse mundo sabe o que significa. Porque já sentiu...

Um dia, um senhor de 77 anos me disse que sentia saudade da vida. Vendo a minha expressão interrogativa, acusando que não eu entendia como alguém vivo poderia sentir saudade da vida, apressou-se em me explicar. Ele sentia saudade de ter o tempo nas mãos, e agora, o tempo é o que tinha nas mãos. Saudades de sentir que nunca iria acabar. E naquele momento eu senti vontade de acreditar que de fato, nunca pudesse acabar, pois se era assim, eu também sentia saudade da vida.

E as saudades, de tudo e de todos, escolhem a pior hora pra aparecer. Às vezes vêm acompanhadas de uma lágrima furtiva, porque saudade de verdade, dói e é profunda a ponto de provar que, por mais forte que alguém seja, sempre haverá o momento de admitir-se fraco a certas lembranças. Quem nunca chorou no meio da pista de dança quando tocou “aquela” música? Quem nunca chorou com a lembrança da infância? Quem nunca desejou do fundo da alma ter uma única chance de voltar no tempo?

Não que isso seja ruim. Lembranças boas também levam as lágrimas... Meu pai saía e me deixava dormindo em casa. Eu acordava, olhava em todos os cantos, não o via e desatava num choro desenfreado como quem corta o dedo na faca afiada. Chorava, mesmo sabendo que a porta estava aberta. Chorava, mesmo sabendo que a casa confortável da vó estava há alguns passos de distância. Chorava, mesmo sabendo que ele não demoraria a chegar. Chorava porque solidão de pai é algo que deve ser chorado, simplesmente. E em minutos, lá estava ele, me pondo no colo, afagando a cabeça pra acalmar a alma e dizendo melodiosamente as palavrinhas mágicas “Papai tá aqui”. E lá se vão 20 anos...

Domingo vi um pôr do Sol como não via há muito. Solene. Fiquei observando-o baixar por detrás do morro do Sumaré e sentindo muita saudade dos domingos ensolarados como havia sido aquele. Domingos na beira da praia, comendo trilha... No aterro do Flamengo, soltando pipa com meu irmão... Na varanda arredondada, olhando a cidade do alto. E assim o Sol baixou, levando a solitária lágrima que teimosamente correra, de saudade de todos os momentos felizes da vida. Imediatamente, ouvi um grito de longe “Tiaaaaa! Tem um dente-de-leão aqui, ó!” Sorri e dei uma última espiada no Sol, que já ia sumindo no Sumaré, e corri pra ver o espetáculo dos dentes-de-leão que voam com um assopro, certa de que um dia, olharia novamente para o Sol e sentiria saudade da inocência desse momento feliz.

*-*

Postado por **Lucille** em 24/11/2005 00:14

"PODEMOS SORRIR, NADA MAIS NOS IMPEDE" by Fundo de Quintal

Sábado, Barra da Tijuca. “Mr. Cool” rolando no rádio e o meio metro sentado no meu colo começa a dançar. Ele nunca tinha gostado de hip hop e lá estava, se sacudindo ao som de Tamia. Babona, chorei de alegria.

*-*

Postado por Lucille em 01/05/2006 19:03

SEU SORRISO É RAZÃO DO MEU VIVER. PARABÉNS, DANIEL!!!

Conforme prometido, eis o post da semana, o mais bonito e carinhoso de todos.

Algumas pessoas entram em nossas vidas no susto, e as vezes até enfrentam resistência. Mas o tempo mostra que, não importa como, nem por que, elas são fundamentais em nossa existência.

Há 4 anos eu tinha quase tudo o que queria, mas não amava, e conseqüentemente, vivia querendo mais, nunca estava satisfeita. Tinha casa, comida, saúde, família, trabalhava, estudava e namorava. O ser humano é insatisfeito por natureza e comigo não era diferente. Acredito também que seja coisa da idade, quanto mais novos, mais temos a certeza de que podemos tudo e sempre queremos tudo. A idade traz a dúvida e a dúvida mostra que tudo é o que já temos.

Quando descobri que seria tia, palavra tão pesada pra alguém que só tinha 21 anos, só pensava no que aconteceria a mim quando ele chegasse. O que eu perderia? A condição de única a ser mimada, noites de sono com choro de criança, dinheiro, atenção. A idéia, de início, não me agradou. Meu irmão, tão jovem e irresponsável, já pai. Problema dele, ele que se vire, porque a minha participação será mínima. Quanta previsão errada, hein? rs

Numa quinta-feira, 8h da noite, ele meteu o pé na porta da minha vida, e sem pedir licença, passou a fazer parte dela. Primeiro a alegria, depois o medo. Nesse momento comecei a compreender o que aquele nascimento representaria na minha vida. E se, meu Deus, eu não fosse capaz de ajudar ao meu próprio sobrinho? E se eu faltasse? E se...? Quando o vi pela primeira vez, tão dorminhoco e cabeludo, fiquei muda. Toquei as mãozinhas brancas e as palavras morreram no silêncio de um amor que ali começava, um amor que meu coração nunca havia conhecido, tão profundo e sincero.

Quatro anos se vão desde aquele 2 de maio, e esse amor não é só o sentimento de pessoas da mesma família, mas sim um laço entre duas vidas, que solidificou-se pelo respeito e confiança que temos um pelo outro.

Hoje, ser tia é a coisa mais gostosa que me acontece. Na dor, na alegria, nada é tão reconfortante quanto ouvir essa palavrinha mágica “Tia”. Aquece o coração, acalma o espírito e alegra a vida. Só fica pesado quando a saúde falha. Parece que tudo fica cinza quando a danada da bronquite ataca, fruto do péssimo aleitamento. E aí, é hora da Madrinha entrar em ação: a cada 5 minutos envio pedidos à Deus e Santa Luzia, a quem o consagrei.

Taurino, 1,05 metro, menino. Canceriana, 1,68 metro, mulher. Tão diferentes e ao mesmo tempo tão parecidos, ciumentos, abusados, sem freio na língua, 100% atitude, 0% arrependimento. Se estamos de bom humor, abraçamos o mundo. Mas se o ovo amanhece virado, é bom manter distância. Gostamos de quem nos faz rir. E adoramos ter a última palavra em tudo. E o carrego na carteira e ele me carrega no caderninho da creche. rs

E se agora, alguém me perguntar o que me falta pra ser feliz, a reposta é simples: nada. Cada dia desses últimos 4 anos me mostrou que só com os olhos da simplicidade é que vemos a real beleza da vida. E a beleza da minha vida, é um sorriso que hoje, completa 4 anos.

***

Chuchu: Obrigada por me fazer sorrir quando eu penso em chorar e por me fazer chorar de alegria. Nunca se esqueça de que a sua felicidade é a minha também, e o que quer que vc faça, terá meu apoio. Se um dia eu faltar, guarde com vc a lembrança do meu beijo de boa noite, ele leva todo o meu amor e minha benção. Parabéns, filhotinho!!!

***

Festa do Bob Esponja sábado: R$200,00

Bolo do Bob Esponja: R$50,00

A cara de satisfação do aniversariante depois da festa: NÃO TEM PREÇO!

Ótima semana pra gente!

*-*

Espero que todos tenham ou venham a sentir um dia o poder curativo do amor.

Quando a febre passar, voltarei com o mais sensacional dos textos. Prometo!

L.

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