domingo, 22 de julho de 2012

Erro

Nota: 21:40, Qui 15.03.2012

Em algum lugar entre Pernambuco e Alagoas, pensando em qual erro será menos doloroso de cometer. As respostas das dúvidas parecem ser claras, o que falta é aceitá-las.





N.A.: pensamento gravado em texto, no celular, durante a viagem de férias.
LN 

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Tempo de cada coisa


“Todos os dias quando acordo
Não tenho mais o tempo que passou...


Usar a frase “como de costume” seria uma maneira errada de começar a escrever, não há nada de habitual, muito menos de novidade: são apenas emoções que se reinventam. São sentimentos que se pode controlar por muito tempo, até que um dia acontece algo que os arranca do peito, do pensamento, da alma e não há muito que se possa fazer para conter a sequencia de lembranças, de querências e até de dores.

Enquanto me arrumava para ir trabalhar, deixei que o rádio inundasse a casa com notícias e som, com alguma vida além da que eu já conhecia. Em dado momento, uma música ligeiramente familiar despertou a minha sonolência com acordes que eu não me lembrava bem porque, mas eram especiais em algum canto de memória antiga. No caminho entre o quarto e o banheiro, me detive: era 2007, corredor da Plataforma 13, dia quente de janeiro, uma constatação carregada de surpresa e profundidade: eu estava irremediavelmente apaixonada.

Parei no meio da sala, entre enraivecida e assustada, desliguei o rádio e o dia seguiu seu curso normal. No íntimo, algo me inquietava, mas claro que eu não dei importância. Mas a razão é frequentemente traída pela emoção e quando voltava para casa depois de um dia ruim no trabalho, cabeça quente e cheia, uma lembrança foi puxando outra e outra, dando as mãos à outra e quando me dei conta, estava naquela manhã de segunda outra vez. A música! A letra daquela música que pus como legenda das fotos para contar ao mundo inteiro que eu havia encontrado um grande amor.

“Eu te amo calado,
Como quem ouve uma sinfonia
De silêncios e de luz,
Nós somos medo e desejo,
Somos feitos de silêncio e som,
Tem certas coisas que eu não sei dizer...” [1]


Quando finalmente cheguei à casa, havia um e-mail seu. Outra tentativa de contato como no sábado em que estava acompanhado? Ou como no dia dos namorados? Com a finalidade de... ... ... No fundo sei que não há resposta.

E, ainda em ciranda, as lembranças me trouxeram outras não tão agradáveis. Minhas mãos erguidas, minha súplica, minhas lágrimas, minha dor e minha derradeira humilhação. “Seu sonho não cabe no meu.” Meu terror, meu abandono. Sua felicidade? Talvez. Mas é o que desejo: sua felicidade, assim como decidi abrir a porta e as janelas, braços e abraços para que entrasse a minha.

Um dia difícil para algumas pessoas acaba com uma cervejinha gelada, com um bom banho de uma hora ou com uma partida de futebol na televisão. O meu termina quando paro de represar a emoção e permito que jorre face abaixo, até que a aflição se vá e fique só a esperança no amanhã melhor.

Como de costume agora, sim! , ergui a cabeça enquanto tratava de escrever, porque ainda isso é importante para tornar um dia confuso numa bela noite de Lua cheia, com flores, planos e sorrisos.



... Mas tenho muito tempo.
Temos todo tempo do mundo.” [2]


Lucille Nascimento




[1]Lulu Santos – Certas Coisas
[2] Legião Urbana – Tempo Perdido