sábado, 20 de fevereiro de 2010

Fôlego

No caminho, ida ou volta, ela sempre aparece. As vezes em corrente, noutras em gotas. O fato é que resolvi o que escrever, pois me invadiu a inspiração noturna, voltando para casa. E já agora... Penso que se afogou na lágrima. Manterei, afinal, em tempos em que um dia é muito há que se aproveitar a lufada de ar feliz, ainda que a temperatura suba vertiginosamente aqui dentro. L.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Nas Terras de Lilith

“Escrevi no meu coração Seu nome de recordação” Marquinho O Sócio – Pra Sempre

Quase três semanas depois e essa melodia ainda ressoa. Engraçado como eu havia esquecido dela, como o tempo e o silêncio fizeram com que eu esquecesse de tanta coisa, inclusive das músicas. Os amores não são eternos (ou são?), mas as músicas continuarão contando nossas histórias, aventuras e dissabores por toda a eternidade.
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O silêncio e o tempo. Parece nome de filme, né? Mas, se fosse um filme, o nosso teria outro nome, mais forte e ao mesmo tempo impossível de decifrar por quem não soubesse do que se passou. Que tal “A Bala”? Pronto. Nós sabemos e é o que basta. O filme narraria um ano maravilhoso, em que olhos e ouvidos foram irmãos, cúmplices, amigos e amantes. Um tempo em que amor tomou um sentido animal e não apenas corpos, mas almas foram unidas. E nunca mais se deixaram. E eu poderia ter certeza de que esse amor teve um fim se nunca mais pudesse ver seus olhos. O que você não diz, seus olhos gritam. E os anos me ensinaram a entendê-lo da mesma forma que você a mim, como sempre foi quando nada precisava ser dito, já que todas as respostas sempre estiveram em nossas mãos.
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“Nós dois temos os mesmos defeitos Sabemos tudo a nosso respeito Somos suspeitos de um crime perfeito Mas crimes perfeitos não deixam suspeitos” Engenheiros do Hawaí
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E por que o silêncio e o tempo não acabam com tudo ou pelo menos com muito do que vivemos? Gostaria tanto de saber... Quando te olho, vejo que para ti as luzes piscam em neon, e as sirenes bradam, o mundo inteiro desaparece, fogos explodem nos céus e é possível ver cada fino pelo do seu corpo se movendo. Só mesmo se eu não te conhecesse não saberia de sua inquietação ao me ver e até acreditaria que há indiferença e vontade de me esquecer. Queria mesmo acreditar nisso, mas seus olhos te traem e meus ouvidos confirmam. E quando você me olha sinto toda a água do meu corpo evaporar, sinto raiva, sinto medo, sinto vontade de lhe dizer verdades, de machucar até fazer com que sinta a mesma dor que eu sinto com sua ausência. Sei que seria impossível. Primeiro porque eu jamais seria capaz de lhe impingir sofrimento e segundo, talvez o mais certo, é que você não me deixaria terminar. Quando eu principiasse, todos os meus argumentos seriam derrotados por aquele jeito de me olhar, culpado e malicioso, que me faria perder a razão. Aliás, a minha razão, por melhor que fosse, nunca foi páreo para a sua magistral forma de lidar com o meu excesso de energia. Paciência e uma boa dose de bom humor, sua receita para ter nas mãos a pessoa absolutamente difícil que sou. Bom, que eu era. Mas você não sabe... Ainda.
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"Será que ao me ver vai conseguir negar? " Dughettu – Te Levar
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Sinto tanto a tua falta. E você sabe disso, assim como sei que sente também. Falta aquela gargalhada boa no meio de um expediente cascudo, falta a fofoca da vida alheia, faltam os palavrões, falta o esporro (meu, claro, mas sempre por uma boa causa), falta a família, faltam as longas e intermináveis horas de papo sobre nada ou coisa nenhuma que viravam as madrugadas, sobre passado, sobre nossos amores por eles e elas e sobre o nosso amor.
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As vezes tenho a sensação de que um pequeno sorriso – aquele sorriso, lembra? – seria a chave que soltaria todos os animais selvagens que nos habitam. Todos eles, de uma vez só, encarceirados por tanto tempo, sairiam aos pares, sofrendo, gritando, urrando uma dor maravilhosamente saciada pela liberdade.
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Tem dias em que fica nublado e tudo que eu precisava era ouvir aquele “Alô? Faaaala, preta!”
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Sinto falta, mas não morri. Nem você. Por isso é que escrevo, apenas para mim e para me dizer que sim, tudo que eu penso e sinto sobre você é de verdade. Não são pensamentos que me correm feito coelhos assustados, são bem reais e, querendo ou não, tenho de admiti-los. Mas apesar de muita coisa ter mudado o orgulho segue intacto, afinal de contas, é a minha razão.
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E já que o que se põe não é Sol, então a história fica assim, contada por todos que supõem e cantada apenas por quem de fato a escreveu.
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L.