Deus, meu Deus, que até aqui nunca me abandonaste. Olha pra mim agora. Sei que me olhas em todo momento, mas esse é importante demais. Bem sabes que não gosto de pedir ― acho que já ganho demais ou pelo menos o suficiente ―, mas agora preciso do teu auxílio.
Senhor, eu sou pequena e quase nada diante do teu poder e amor; não posso dizer que sou nada, pois sou parte de ti. Meu Pai, meu Deus de Amor, meu maior e verdadeiro amigo de todas as horas, por favor, olha pra mim agora.
Essas lágrimas que me turvam a visão são de dor. E essa dor cruza minha alma, pois a cura para ela não está em minhas mãos, infelizmente.
Aqui no silêncio da minha sala, onde só o que posso ouvir é meu próprio soluço, busco em diversos meios uma forma de ajudar a quem eu tanto amo. Mas sei que ainda que eu tente, não tenho autonomia para isso. Sei que sou coadjuvante nessa história; sei que meu papel é secundário diante da importância dos progenitores.
Hoje estava diante dele, cujas lágrimas pesadas açoitaram meu coração. Fui forte, lutei contra a onda que me jogava de encontro as pedras, mas não chorei junto. Deixei que apenas ele derramasse sua frustração e medo no meu colo.
Quando ele se foi, voltei pra casa sozinha com meus pensamentos. Ela o recebera com a mesma cara de poucos amigos. Em cada passo a certeza de que não posso mais assumir a postura do “não me diz respeito”. Aquela vida é um pedaço de mim, sou responsável por simplesmente tê-la cativado.
Então, meu Deus, por favor, me ajude a encontrar o caminho certo, me mostre a melhor maneira de ajudar, seja lá qual for o verdadeiro problema. Temo muito ser uma doença e isso me dilacera, mas que seja descoberta logo. Dai-me paciência e sabedoria para conduzir os passos dele com o amor de quem só quer a felicidade do outro.
Obrigada, querido Deus. Obrigada por tudo, novamente. Conto contigo.
Lucille