Li
uma entrevista de Beyoncé em que ela dizia que quando algo dava errado, ela
chorava e só se permitia sentir pena de si mesma por um dia, no seguinte já se
movia para dar a volta por cima. Adotei essa filosofia: o momento de chorar
deixou de ser sentido como fundo do poço; choro porque essa é uma das funções
do ser humano que não é feliz 24 horas. A dor é um sentimento e tal qual a
alegria deve ser respeitado e, porque não, aproveitado.
Por
uma semana e meia, de segunda passada até ontem, uma tristeza amarga e profunda
me rondou, me arrancando grossas lágrimas. De dia, de noite, qualquer hora. A
noite era muito pior, pois o travesseiro guardava muitas dessas lágrimas. No
horário comercial, a profissional sempre esteve a postos: maquiagem e salto
alto. A noite, a mulher perdida se afundava cada vez mais em sua dor. Essa
mesma dor encontrou uma pausa numa noite de vodka, cerveja e Ice, tudo em
demasia e ao mesmo tempo. Nenhum vestígio de tristeza, nem pesar, nada. Nem
mesmo com a imagem de quem deveria provocar o gelo do ódio. Nada. Mas não existe
impunidade: o dia seguinte vem em dobro. Sessão extra de terapia convocada com
urgência e novamente o aviso para não dar linha demais na pipa ― não continue caminhando para a
depressão. Quando se está passando por um momento difícil, sempre há alguém que
faz de tudo para piorar. E consegue. Mas a cota de fundo do poço já tinha sido
batida. No corpo havia líquido para ser expulso e no coração também: com
remédio e mais algumas lágrimas, tudo cessou na terça-feira.
Tanta
coisa que pensei... e por pensar e analisar, cheguei a duas conclusões. A
primeira é que Deus sabe exatamente o que faz, se não aconteceu agora é porque
não era o momento certo e muito menos com a pessoa certa. A segunda é que estar
rodeada de pessoas, ter 800 amigos em redes sociais não garante conforto nesses
momentos; o que garante é ter quatro ou cinco leais amigos que dão mão e
coração para te ver melhor. Não sou do tipo legal e simpática ― só fica do lado quem de fato gosta
de mim ―, por isso
sei quais são esses verdadeiros.
Estou
me sentindo bem, sem nada de artificial para combater a dor, apenas a esperança
em dias melhores. Tenho um trabalho e uma pós-graduação esperando minha
dedicação. Tenho ainda vida pela frente, preciso me ocupar em vivê-la em sua
totalidade.
Já
chorei, já senti pena de mim mesma por mais que uma noite, por várias noites e
vários dias. Agora estou indo em busca do que me mostre o sentimento contrário:
prazer em estar viva!
Lucille