sábado, 31 de março de 2012

Eu escolhi ser quem sou


Foram cinco anos, sem interrupção.

Sábados, terças, quintas, segundas; tardes e noites, uma hora por dia. Cada quarto de hora representou um pedaço de descoberta de mim mesma.

 

Esse momento é de desapego, embora separação sirva melhor ao que eu sinto agora. Como tudo tem um lado positivo – e esse foi um dos grandes aprendizados do período , é também o momento que eu ansiava que chegasse, quando naquela primeira manhã de sábado, me propus a buscar ajuda.

Eu sabia que sozinha não daria conta de tantos conflitos internos, de pessoas que atravessavam o meu caminho e me deixavam em resto e pó, de mim mesma, que nunca soube abaixar a cabeça.

Hoje sou mais esperta, porque aprendi a aquiescer, ceder, recuar. Não há glória em posar sempre com o troféu de vencedor de briga, discussão. São coisas pequenas, que não valem e nunca valeram minha paz de espírito. Quem briga tem a efêmera sensação de sucesso, de derrotar um imaginário inimigo, sem saber, no entanto, que o verdadeiro inimigo é aquele que aparece no reflexo do espelho. E ser vitorioso para si não é tarefa das mais fáceis. Há que se ter capacidade de compreender que a mudança é feita de dentro pra fora e não o contrário.

 

Minha missão para comigo foi cumprida: apesar de não conseguir a inexistente perfeição, hoje durmo tranquila sabendo que sou vitoriosa em abaixar a cabeça quando algumas pessoas que me cercam simplesmente a perdem.

 

Não é uma despedida, ainda temos trabalho pela frente, mas uma etapa foi concluída e isso me deixa um pouco de vazio. E receio também: estou apta a caminhar sozinha? Ela diz que sim e se diz, acredito, confio e me agarro a certeza de que meu caminho quem traça sou eu. Sentimento, percepção, análise, tolerância: construindo um novo eu dia a dia. Eu escrevi essa história, no meu tempo.

 

Quando decidi que assim seria, busquei as ferramentas e os meios de alcançar o objetivo. Infelizmente, ainda olho para os lados e vejo pessoas que não lograram sucesso em sair de suas cascas mesquinhas e corroídas pela mágoa e traumas sequelas de uma infância igualmente corrompida de forma cruel, com sinais tão aparentes quanto profundos. Sinto realmente pena de quem bate no peito por ser difícil, genioso, intragável, grosseiro. Sinto mesmo, afinal, viver sozinho sem carinho e afeto é triste. Plantar mágoa e colher mais amargura? Mas, como aprendi nesses cinco anos, mudar é escolha de cada um. É impossível voltar no tempo e alterar o passado, trocar ou devolver pessoas, mas o presente é dado para que se possa transformar o futuro, e não repetir os erros alheios que desembocaram na cabeça de um adulto confuso, perdido e agressivo.

Adulto?

Agora eu sou. =)

 

 

Obrigada, Juliana Rodrigues. Em meu nome e em nome de todos aqueles que hoje podem desfrutar da companhia de uma pessoa positiva, esperançosa, risonha, falante, sociável e, acima de tudo, conhecedora de si mesma.

 

Lucille

sábado, 24 de março de 2012

Águas de Pernambuco




"Inventava canções de rei,
Conquistava o teu amor,
Desobedeceria a lei,
Revelava quem eu sou
Te mostrava que só eu sei,
Onde tudo começou
Inventando canções de rei
Pra enfeitar o nosso amor..."

Max Viana - Canções de Rei


Lucille