terça-feira, 8 de abril de 2008

A segunda-feira

Hoje foi um dia completamente slow down. Mais down do que slow.

Dormi apenas 1 hora e meia, ou melhor, rolei na cama de olhos fechados, pois o sono não chegava. Só no fim do dia descobri o motivo: não sei mais dormir só. Se já era carente, consegui ficar pior, quase dependente.

Levantei antes de o relógio despertar. Mas não estava disposta, queria deitar, mas sem dormir, só ficar olhando pro teto e ouvindo a chuva cair forte lá fora. Chovia demais às 7h da manhã. Aos poucos consegui seguir pro banheiro e estranhamente não hesitei em me banhar com a água fria, acho que o corpo devia estar anestesiado.

Arrumei-me com uma demora anormal, só ouvindo a chuva ir e voltar, ir e voltar, às vezes forte, às vezes fraca, mas sem parar.

Chegar ao trabalho foi especialmente chato, o sono não veio no ônibus, a barra da calça não desdobrou, eu quase não me molhei, mesmo com o guarda-chuva em frangalhos. Parei, pensei em comprar outro. Pra quê? Andei, ia comprar biscoito. Sem fome. Na banca de jornal... só um chiclete de morango. Durante a longa caminhada, que ao invés dos habituais 8 minutos, durou 12, percebi que não estava mastigando um chiclete de morango, mas sim de canela.

Quando cheguei já tinha um e-mail esperando, apesar da surpresa, fiquei aliviada.

Dali fui pra única coisa nesse mundo que hoje teria o poder de me animar: minha palestra de Integração com novos funcionários. Geralmente eu pinto o rosto, fico bem bonita pra eles, coitados, já terão tantos problemas pela frente, tento levar boas notícias e beleza o máximo que posso. Mas quando vi, tinha passado uma sombra marrom sobre os olhos, estava quase um emo. Bom, mas como não daria tempo de refazer maquiagem, fui assim mesmo. Ainda tinha um trunfo: o sorriso, a única coisa que me restava pra fazer meu trabalho ser prazeroso pra mim e pra eles. Lá fui eu. Entrei na sala, respirei fundo, abri o sorriso e entoei o meu mais sincero bom dia, com as últimas forças de animação que eu tinha. Felizmente, tudo fluiu bem, falei, falei, ouvi e falei.

Voltei pra mesa com a sensação de não estar ali. Ainda chovia lá fora, mas eu não ouvia mais nada. Fiquei pensando num certo dia... meus meninos todos, felizes, me rodeando na cama, pés, cabeças, tudo misturado em cima de mim. Bateu uma vontade de pegar a bolsa e sumir dali, pegar o primeiro trem pra Deus me livre e não voltar tão cedo. Mas o telefone tocou...

_ Lu? (Alguém me chamando de Lu no telefone do trabalho é algo que me irrita, pois certamente é alguém pra pedir alguma coisa que eu não posso fazer naquele momento)

_ Sou eu. Quem é?

_ Sou eu, Fê.

Ah, finalmente uma coisa boa! Fê, um pouco menos longe! Durante alguns minutos eu ri dessa boboca que mora longe, tá em crise existencial e fala com um sotaque carregadérrimo. Tão bom ouvir, tão bom matar saudade, tão bom tudo. Já chegou me dando esporro.

_ Tudo bem com vc?

_ Não sei, quero saber. Tá tudo bem? (isso por causa da falta de notícias minhas)

Falamos pouco, mas foi muito melhor do que nossos intermináveis e-mails diários. Esqueci de dizer, Fê tá de blog novo, quem quiser conferir, o link ta ali do lado nos favoritos.

A tarde que seguiu foi a mais chata possível. Senti-me no meio da Matrix, tudo parado ao meu redor, só eu via, ouvia e respirava. Levei horas pra concluir um trabalho que faço em minutos. Definitivamente eu não estava ali.

Queria estar em algum outro lugar... Sob o Sol, amando, bebendo água de côco, andando descalça, subindo em árvore, e feliz.

Finalmente o dia acabou. Olhei pros lados e nada me animava. Queria a Fê mais um pouquinho. Queria a Cátia. Queria um colo...

Pensei bastante e ainda estou fazendo. O melhor a fazer agora é recomeçar a caminhada, é encontrar um novo rumo. As possibilidades são muitas, algumas boas, outras medíocres e a maioria são péssimas, mas não posso ficar onde estou e nem retroceder.

Vai demorar um pouco pro blog voltar ao normal, durante algum tempo vcs terão que me aturar assim, melancólica, em cólicas. Tudo é fase. Prometo que vai passar. Tô aqui ouvindo Enya, no repeat, há umas duas horas e desejando ardentemente que passe logo.

Vai passar.

L.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada por vir e por ler!
Fique a vontade para comentar, sua opinião é muito bem-vinda.