sexta-feira, 18 de abril de 2008

Bolo de Aniversário Sabor Manga


Que eu sou ciumenta, todos já sabem. Que eu sou ciumenta possessivo-obsessiva, louca, mimada, atacada e barraqueira, isso também não é novidade pra ninguém. Interroguem qualquer ex-namorado meu, aqueles dos mais de quatro anos e terão vaga noção do que eu sou (ou era) capaz por causa de um sentimento que parecia ser amor. Bom, na época era, né? Ou pelo menos eu achava que varrer do mundo tudo que se aproximasse do meu amado era a coisa mais natural vinda de alguém que amava tão... intensamente, vamos dizer assim.

Já fiz o diabo com eles. E com elas também. Mas com eles a coisa sempre ficava pior, até porque, mulher quando não mata a infeliz da rival, especialmente se for ex, descobre tanta coisa em comum (inclusive os galhos que ambas colocaram e do mesmo jeitinho), que acabam relevando a enxurrada de vagabundas e piranhas que tiveram que ouvir uma da outra. Enfim, com o cidadão, o pobrezinho do namorado, eu já fiz pedir pra sair, no melhor estilo Capitão Nascimento. Não riam, não! O assunto é dos mais sérios. Mas homem é bicho de goiaba mesmo, não sai nem pelo cacete. Não vou entrar em detalhes aqui, pois poderia expô-los demais, e até porque, eu sou a dona da história e estas não quero dividir com mais pessoas do que as que as viveram comigo.

E com elas, coitadas... algumas pagaram sem nem mesmo ter culpa. Não interessa! Respirou? É vagabunda. Sim, reconheço que algumas julguei, condenei e enforquei como bruxas da Inquisição sem ao menos perguntar “conhece ele de onde?”. Nada. Saía passando o facão. Mas a maioria era da pior espécie: a dissimulada. O-d-e-i-o mulher dissimulada. “Eu? Seu namorado? Que isso...” ainda fazendo aquela carinha de “oh, onde estou?”. Se a raiva já era grande, torna-se maior quando a cretina não bate no peito e assume que fez, fez mesmo e daí?. Acho que se algum dia alguém me disser isso, ficarei sem ação, pois elas nunca, nunca mesmo admitem que deram mole ou que simplesmente foram cantadas. Aí elas pedem pra quê, minha gente? Ah, pedem pra levar uma sacudida na idéia!

Acontece meus caros, e graças a Deus por isso, que as coisas e pessoas mudam. Custou, mas veio. A paciência, sabedoria e tolerância pra entender que todos os homens, sem exceção nascem idiotas. Desculpem-me meus leitores, mas mesmo não tendo namorado com 99,9% de vocês, digo todos mesmo. E podem perguntar as suas atuais e principalmente as ex se elas não concordam comigo. O que difere um homem idiota moleque de um idiota sábio é a capacidade de fazer com que sua mulher se sinta uma rainha e jamais desconfie das traições. E porque o homem sábio continua sendo considerado idiota?, vcs estão querendo me perguntar. E eu lhes digo com todo o prazer que posso extrair de minha alma feminina neste momento: porque só alguém idiota é suficientemente capaz de achar que engana uma mulher e passará despercebido ou impune. O idiota sábio apenas tem a vantagem de, possivelmente, também não ser corno público, já que respeita sua mulher e não permite que ela sofra ao descobrir seus “casinhos”. Mas cá entre nós, meninos: hihihi... isso não significa que não façam o mesmo. :-)

Bem, minha intenção não era encher-lhes a cabeça de... dúvidas. Queria contar sobre a evolução do meu ciúme, que de infantil se tornou inteligente.

Um doce de abóbora pra quem adivinhar quem é a mulher-sensação, desejo do momento de 12 entre 10 homens heteros cariocas.

Dou-lhe uma...

Dou-lhe duas...

Ahá! Mataram a charada né? E eu sei por que vcs mataram rápido: quem não a deseja, a inveja. E com meu noivo não seria diferente. Infelizmente.

Um belo dia foi anunciado que a ex-integrante da dupla de dançarinas do MC Créu, com duvidosos 1,21 cm de quadris, sairia peladona na Playboy, e que a mulher era algo de tão fantástico, fabuloso e inimaginável, que ganharia uma edição especial só pra ela. Jogue a primeira pedra, a despeitada que não ficou com o corpo tomado pela inveja. E depois, sorria disfarçadamente o primeiro sem vergonha que não daria um braço pra pegar naquele exagero de bunda. Assim como ele. Rrrggghhhh!!!!

Especulação pra cá, jogada de marketing pra lá e finalmente a Playboy, Edição Especial Paixão Nacional foi lançada. Não, não foi lançada. A comida foi jogada aos famintos e uma bofetada foi dada nas criaturas com auto-estima baixa. Desci do ônibus e ao atravessar a rua, não pude deixar de reparar as diversas aglomerações em torno das bancas de jornal, inclusive a que atrapalhava a minha passagem. Da mesma forma não pude deixar de espiar o que de tão interessante acontecia ali, acreditando que fosse a manchete que finalmente diria que a dengue foi erradicada do estado. Hunf!, ledo engano. Lá estava ela, com um fio cinza separando uma banda e outra, um sorriso meio babacão no rosto e A Bunda, rainha de todos os tchans do país.

Segui pro trabalho assim meio zonza com a pancada, justamente numa semana de briga com o amado, no dia em que a calça não queria fechar e não havia blusa que disfarçasse o excesso nas laterais. De noite, nem sonhei em comentar “aquilo”. Vai que o feitiço vira contra o feiticeiro? Se ele não sabia que aquela coisa estava lá me afrontando, então tanto melhor que não soubesse, ainda mais por mim. E pra piorar a situação: dali a uma semana e meia seria aniversário dele. Sair pra jantar? Engorda. Festa? Engorda. Noite de amor? Tô gooooordaaaaaaaa!!!

Pensei, pensei e pensei.

A idade, além de todas as rugas, cabelos brancos e celulites em dobro, me trouxe também uma maior criatividade, um entendimento profundo de que nem só com paus se faz uma canoa. Dê-me um papel de bala e mostro um bote inflável! Daí tive a mais genial de todas as minhas mais geniais idéias. Não, não era só genial. Também era uma bomba relógio, que poderia explodir no meu colo e ter efeito contrário. Mas, pensando bem, se eu o conheço e mais ainda, se me conheço e me chamo Lucille, não há como dar errado.

Dia do aniversário foi chegando... Perguntei uma semana antes “moço, essa... coisa ainda vai estar aí semana que vem?”. Ele me olhou com uma ponta de alegria e disparou um “Claro” tão sincero e feliz, que eu tive vontade de tacar fogo no ganha-pão dele. A semana transcorreu complicadérrima, o que já estava ruim ficou assim péssimo e o mundo ameaçou desabar sobre minha cabeça. Fui forte até o fim e no dia do aniversário, lá fui eu comprar o presente do amado.

Deixem-me desabafar. Não sei como fiz, não foi bom nem ruim. Tive uma coragem danada, pois venci a mim mesma, a minha insegurança e meus medos bobos. Fui, digamos, audaciosa.

Quando entrei no estabelecimento e pedi o produto, não tive noção da reação que estava causando no moço, já um senhor de seus 50 anos. Estava um sol forte lá fora e eu de óculos escuros, sainha, camisetinha regata e chinelo, assim bem despojada, mas a cara estava fechada por ter saído pra dançar na noite anterior e ter sido acordada pela sogra de madrugada, tipo 12:00h pra ir cantar parabéns. Então, quando saí com minha sacolinha debaixo do braço, deixei o moço com uma cara esquisita, como se pensasse “Lá vai mais uma sapata se divertir sozinha com tanto homem por aí. Esse mundo ta perdido, meu Deus...”

Cheguei lá, todo mundo fez festa, aquela coisa boa, muito beijo, muito abraço, aquele beijo e aquele abraço que me bambearam as pernas e a bomba lá, só tiquetaqueando no meu ouvido. Pensei “na frente de todo mundo ou no reservado?”, todas as dúvidas do mundo começaram a surgir ali naquela hora. Justo agora?! Fui tão decidida, tão certa e agora...

Todo mundo na cozinha, ainda na algazarra da minha chegada. Mente fria e ágil, saquei a sacolinha e estendi pra ele: “desculpa não embrulhar direito, não tinha papel de presente”.

Momento de tensão enquanto ele pegava a sacolinha e espiava pra ver o conteúdo, já que não parecia nada com a tradicional camisa.

Ele olhou, me olhou e desatou numa gargalhada profunda e sem fim.

:-) Alvo 1: atingido com sucesso. – Ele gostou.

Daí a casa inteira acompanhou a gargalhada e ele chamou o pai preto pra ver e ambos com cara de “posso?” felizes da vida.

:-) Alvo 2: atingido com sucesso. – Todos gostaram.

Fomos almoçar e eu ansiosa pra ele abrir o presente logo, queria exterminar meus fantasmas logo. E ele nada... Eis que um amigo liga. Não parecia, mas ele ficou tão...hum... animado com presente, que só com o amigo foi se abrir sobre como estava se sentindo naquele momento: “Léo, eu tenho a melhor mulher do mundo!”. Do outro lado da linha o amigo deve ter dado aquele sorriso amarelo, pois ele não concorda com isso, haja visto que ele já foi uma das vítimas da minha fúria assassina de outrora. E então ele continuou a história: “Ela me deu a Playboy da Mulher Melancia!!!”. Várias risadas do outro lado, uma mega inveja transbordante, pois tenho certeza que a mulher perfeitamente sensata dele jamais faria isso. E o tiro: “É, eu tenho a melhor mulher do mundo mesmo”.

:-) Alvo 3: atingido com sucesso. – Ele ficou feliz, orgulhoso e surpreso comigo.

Lá estava ela: a revista com aquela mega monstruosa bunda, ainda me afrontando, mas não mais me botando medo. Gorda? Espere só até eu terminar, falei pra ela. Meu sogro afobado, sentou do lado e ambos viram as fotos. Uma interminável sessão de “Oh, caramba, eita” e outras interjeições de quem nunca viu uma bunda. Acabamos de almoçar e eu pedi “ainda não vi, abri aí pra gente ver”. Fui encarar a bomba, matar nos peitos e chutar pra gol ou deixar que explodisse no meu colo. Logo de cara, um Senhor Photoshop pra apagar as estrias, levou junto a tatuagem. Minha vez de dizer “Oh”. Vcs aí, caros e honestos leitores, acreditam que uma bunda de 121 cm não tenha sequer meia celulite?! Acreditam? Pois é, foi o que tentou fazer crer o editor da revista. Foto de rosto? Não... não valia a pena. E olha que não é só maldade, é que ela tem até um rostinho bacana, passaria batido na noite caso um cara não muito exigente fosse pegar, mas daí a dizer que é lindo, seria demais. Apenas os seios, justiça seja feita, se não forem plastificados, são bem bonitos. E eu senti que do meu lado ia constatando a cada foto, sendo ele mesmo um mestre de edições e efeitos especiais, que aquilo não passava de uma grande aula de Photoshop. Pra piorar, a foto de nu frontal tinha, como vou explicar, uma alface desfolhada, se batesse um vento, as bandeirolas balançavam. E o tiro de misericórdia veio na foto seguinte: o editor simplesmente conseguiu torná-la virgem novamente, cada metade estava no seu devido lugar.

:-) Alvo 4: atingido com sucesso. – Era tudo fake.

Muitas horas se passaram. Intermináveis horas. E finalmente a casa silenciou. Aqui no mundo das alfaces de Photoshop, há lugar apenas pra uma rainha, e esta será aquela que além da melancia, souber dar não uma fruta, mas o horti-fruti inteiro ao homem que ama. Sem medo e com inteligência. Venci.

:-) Alvo 4: atingido com sucesso. – Já veio abacate, maracujá velho e até kiwi seco. Mas o bolo de aniversário saiu com gostinho de manga rosa cultivada no quintal de casa. Aqui mando eu.

Para vocês, ladies, fica a dica: não tenham medo. Ousem. Abusem do seu poder criativo. Se ele não aproveitar, gira a catraca.

Para vocês, meninos, aprendam a dar valor ao que nasce de dentro pra fora. Deixem-se surpreender, criem situações, sejam receptivos. E doem-se também! Elas não são de ferro, tem que ter um bombeirão de vez em quando...

Maravilhoso feriadão a todos!

L.

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