Os passos ainda são trôpegos e reticentes. A paciência está em construção; a tolerância é o exercício diário. Cada dia é uma descoberta do corpo, voz e sentimento do outro.
Eu precisava de um pouco de paz, de calor, de Sol interno, de flores e sorrisos. Queria e devia me dar isso, depois desse tenebroso inverno, mergulhada em dor e perda. Eu sobrevivi; lutei sozinha pra emergir das águas profundas da tristeza, fui minha única companheira por várias e intermináveis noites. Acordei um dia, decidida a sacudir a poeira do coração noutro lugar.
Apesar de tantos sofás e tardes e fins de semanas perdidos fazendo nada, meu espírito aventureiro estava apenas adormecido. Quieto e silencioso, mas aguardando o momento de ser liberto outra vez.
Quatro dias para seguir apenas uma regra: fazer o que desse vontade. A cidade de Armação dos Búzios, quase um litoral perdido no Estado do Rio, que já me dera excelentes recordações, estava a um passo de reacender em mim o prazer de ser livre. Com portas e janelas do coração abertas, segurei firme a mão da vida e caminhei sem pressa pela estrada de poesia que se desenhava a minha frente.
Um carro, um mapa, um chamego e todo o tempo do mundo pra ser feliz.
Sentada de frente pro mar sereno e azulado da Praia de João Fernandes, senti os olhos marejarem com força... Ainda haveria tanta mágoa assim? Claro! O perdão leva tempo pra acontecer ― ainda que nunca seja pedido. Então vem cá, toma um cafuné nos cabelos, um abraço apertado e me ouve dizer que você é única e especial e quão bem eu te quero.