sábado, 28 de abril de 2007

Caminhando e recomeçando

Deus é meu amigo. Indubitavelmente.

Manda barcos, que me resgatam do naufrágio. Manda anjos, que me protegem de todo o mal. Manda obstáculos, pra que eu não me acomode. Manda adversários, pra que eu renove a fé em mim.

Diversas vezes, é difícil enxergar o caminho certo, quando o tempo está fechado pela neblina densa. E aí, Ele me manda guias, que afastam a neblina com um assopro ou me empurram em direção ao ponto certo. De forma gentil ou truculenta, sempre chego no caminho.

Ultimamente não tenho conseguido distinguir anjos de obstáculos. O que Ele quer me dizer? Não sei.

Um anjo estressado hoje me disse “Cobre. Cobre de mim, cobre de você. Não se acomode com o que faz, não ache que está bom.” Coberta de razão, chefe. E é por isso que além de chefe, ela tem meu respeito profundo como ser humano.

Nesse momento, me sinto sufocada. Grito, choro, me debato. Aqui dentro. O mundo me vê sorrindo, ouve a sonora risada, mas ninguém pode imaginar o que se vai por dentro, o que a alma sente. A angústia permeia o dia. A dor vai e volta com a respiração pesada.

Mas quem é o responsável por todo esse sofrimento? Quem é o culpado?

Eu.

Ninguém no universo tem o direito de me fazer mal e nem o conseguirá, se eu não deixar. Eu me permito ser abatida facilmente. Eu tenho nas mãos o controle da minha vida, eu determino a mim o que fazer e o que ser. Boa canceriana que sou, projeto noutros a felicidade que é de minha responsabilidade.

O longo, cansativo e doloroso processo de um ano de mudanças internas, está sendo ignorado e destruído pela força do mal que eu me deixo causar. Foi um período frio e escuro... Chovia torrencialmente no ponto de ônibus, carros em alta velocidade me molhavam com as águas dos rios que se formavam pela rua, os pés escorregavam, os óculos estavam embaçados, o ônibus havia esquecido de passar pra me apanhar. E eu chorava...

Criança perdida, ninguém na rua, nenhum adulto. As ruas não tinham nome, a chuva castigava o corpo e o frio o endurecia. Não adiantava gritar, não tinha ninguém pra ouvir. Não podia correr, os pés descalços escorregavam nas poças. De repente uma luz se fez sensível. Havia uma forma de escapar, e assim, a luz ficava cada vez mais forte à medida que, passo a passo, com dificuldade e cuidado pra não cair, seguia em direção ao que poderia ser a salvação. Sim, lá estava o poder, o conhecimento. O silêncio daquele lugar era apavorante e ainda assim, reconfortante. Havia gente, seres superiores, evoluídos, que mostraram o caminho certo. Estava seco ali dentro, mas não podia ficar. Disseram que poderiam ensinar, se tivesse a vontade de aprender. Lá fora novamente, até a chuva tinha dado trégua. Carros passavam, luzes estavam acesas. Outra vez, a luz forte guiando até outro lugar. Finalmente o cheiro bom de segurança e aconchego. Era ali o abrigo. Não havia chuva, nem medo, nem frio. Havia amor. Havia carinho. E havia uma panela de feijão quente, e um sorriso, e uma toalha e, também, um cobertor. O sono veio e trouxe a certeza de que, aconteça o que acontecer, sempre haverá um caminho, uma saída. Quando o corpo finalmente cedeu à exaustão, ainda deu tempo de sentir que alguém subia o cobertor até o peito e apagava a luz.

...porque nunca tinha sido tão difícil ir do trabalho pra faculdade e de lá pra casa. E em casa, antes de deitar, pensei que eu tinha um trabalho, tinha minha faculdade e uma casa onde pessoas me amavam. O ônibus demorou porque o trânsito estava parado por causa da chuva de inverno. Na faculdade, meu lugar, a passagem pro mundo que eu quero conhecer, o mundo do poder. O poder do conhecimento. E depois de uma difícil noite, minha casa, meus pais, comida me esperando, meu edredom, o carinho e a preocupação dos que me amam de verdade.

Não foi uma vez só, não foi um dia só. Foi um ano inteiro revendo atitudes, escolhendo os passos, limpando pessoas da minha vida e fechando a porta do coração pra aventureiros de plantão. Ao fim de um ano, estava pronta...

A Guerreira estava pronta. A última guerra fora cruel, quase tombara de vez diante do inimigo. Não havia parte do corpo que não estivesse cortado, machucado. Um osso estava quebrado. As mãos já não suportavam empunhar a lança e o braço não segurava o peso do escudo. Os pés estavam em carne viva, não podia mais andar. E o inimigo avançava furioso, indestrutível, cada vez maior e mais forte. Talvez implorar pela sobrevivência fosse o melhor. Talvez lutar até o fim. Não foi preciso, ele se cansou, viu que a Guerreira não iria oferecer resistência por muito tempo, não teria mais graça lutar com quem estava a ponto de se entregar. Foi-se embora a deixando refestelada no chão, onde ficou ainda um tempo. Mas os urubus começaram a sobrevoar... Não era exatamente assim que ela planejava o fim, então reuniu o resto de força, levantou e partiu. Era uma Guerreira da Luz e de encontro a ela estava caminhando. Disciplinou-se, forçou-se a se concentrar nas prioridades das batalhas. Muitas vezes fraquejou, sentiu-se só, abandonada pelos deuses da guerra. Mas sabia que não poderia trair-se, ela era sua última esperança. Para o mundo, estava morta. Para si, estava renascendo. Não viu o tempo passar, não sentiu que tanto tempo se fora desde o último combate. Sabia apenas que seu corpo estava curado e sua mente preparada pra seguir a caminhada. Fechou-se em si, ergueu e escudo e empunhou a lança. Era a hora de enfrentar a realidade.

...Permiti-me ser eu novamente, jovem, saudável, bela, inteligente e feliz. Trabalho novo, período novo na faculdade. Identifiquei os pontos negativos, trabalhei os que podiam ser mudados e formulei maneiras de amenizar os inevitáveis. Sorri e fui à luta.

Novamente, as paredes parecem fechar-se contra mim. Mas agora já sei que sou mais forte, posso criar braços e empurrar todas. O problema é que ainda não sei a hora exata de fazê-lo. Ou melhor, sei que já passou da hora, mas reluto em tomar a atitude. A pior lição eu já tive, agora é só manutenção.

Deus é meu amigo e o que me deixa exultante, mesmo em meio às tempestades, é saber que haja o que houver, de uma forma ou de outra, Ele sempre me mostrará o caminho.

L.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Desenhado e mastigado

Bem, verdade que alguns posts têm ficado uma incógnita pra quem não viveu o momento comigo. Como eu não gosto muito de abrir minha vida, achei melhor deixar tudo subliminarmente registrado. Mas tem gente que daria o sangue pra saber o que se passa nessa floresta selvagemente habitada que é a minha vida.

Desta feita, com vocês, Minhas Impressões da Vida, desenhada.

As duas últimas semanas foram agitadas. No trabalho, acontecia uma revolução administrativa, diversas mudanças ocorrendo. A idéia é excelente, mas todos precisam estar afiados no novo modo de gestão da empresa. E o tempo é curto para as tarefas rotineiras, o que dizer de algo enorme que consumiria muito tempo já indisponível? Não dizer, apenas correr contra o tempo, perguntar, conversar, pedir, ajudar, arrumar, ler. Levar trabalho pra estudar em casa, para que o dia da auditoria do SIG – Sistema Integrado de Gestão, fosse um sucesso. Muitos dias foram até depois das 18:00h. Fora as bombas que estouravam no meu colo e a pior delas, foi justamente um erro meu. Aliás, não foi um erro. Foi O Erro. Só Deus sabe das lágrimas, do peito apertado, dos pedidos de força e paciência. E chegou a Páscoa...

O dia de sair, de festa, se transformou em dia de derrota, decepção. Estar com alguém que não acompanha teu processo pensativo, é além de estressante, revoltante. Saio no último dia da semana porque a semana é desgastante demais, porque preciso expulsar os demônios do cansaço que me assolam de segunda a sexta. Neste caso, seria uma quinta. Mas infelizmente, maturidade não é composição do código genético humano. E na sexta, apesar da enorme dor na coluna, voltei pra casa com um peso nas costas e outro no coração. Mas voltei confiante na decisão tomada: se existe alguém que nasceu pra sofrer como dona-de-casa, cheia de filho, traída, burra e objeto sexual, esse alguém não se chama Lucille.

E a sexta, que tinha tudo pra ser de olhos abertos e molhados de lágrimas, ou fechados em sono provocado, acabou sendo de olhos bem abertos em sorrisos múltiplos. Saí de casa tremendo, nervosa. As sandálias faziam mais barulho que o normal, porque eu não andava, mas sim, apertava os pés contra o solo. Depois do reencontro com um amigo muito, muito mais que querido, de 11 anos (meu Deus!), a frase que eu precisava ouvir pra relembrar quem eu era: “Você está linda”, foi dita e me trouxe de volta a realidade. Nada de fazer feijão, vc tem que aumentar o seu CR! E meu CR que já foi altíssimo, assim como meu moral, foi ao chão. CR é Coeficiente de Rendimento, índice de avaliação do aproveitamento do aluno. Pois é, eu, aluna nota 10 do Pedro Paulo, me tornei aluna mediana. Inadmissível isso! E eu passei a noite falando dos diversos problemas que me levaram a entrar nessa canoa e não conseguir sair sozinha. Levei vários esporros, o mais doloroso de ouvir foi “Não acredito que vc largou seu sobrinho. Você poderia deixar tudo de lado, menos ele”. Confessei meus pecados, sendo o maior deles o de dar atenção e carinho a uma criança linda, que até merecia isso tudo, mas que não poderia jamais ser posta no espaço que deveria e era do meu amor primeiro, meu Daniel.

Aquilo tudo me deu uma força boa, uma coragem de mudar tudo, que certamente eu não teria sozinha. Mas Deus de tudo sabe. Blusa preta da D’Negro, saia preta da Opção, roupas que eu não tinha noção do quanto me deixavam bonita e lá estava o espelho sussurrando isso em meus ouvidos, me devolvendo a confiança, me mostrando a Borboleta linda que me tornei.

O dia seguinte foi dourado, como os raios de Sol daquela manhã. Muitos beijos e muitos abraços de um alguém que há muito não se esparramava em meus braços. Passamos a tarde assim, nos entendendo no amor que nos une, vivendo o mesmo sonho, crescendo juntos. Ele me mostrando as cores da infância e eu, clareando o corredor que o trará à vida adulta. Meu sobrinho, meu afilhado e meu amigo.

A noite foi especialmente agitada. Eu estava agitada. Tudo corria, tudo girava e me deixava com a nítida sensação de que se eu parasse, desabaria. Não desabar de tristeza, mas sim por estar sem um peso enorme nas costas, por estar leve demais pra ficar de pé novamente. De tão leve, rodopiei por todos os cantos do Viaduto. Dancei e dancei até as pernas gritarem de dor. Dancei com amigas, amigos e desconhecidos que se tornaram amigos naquele momento. No fim da noite, um pedido. E eu teria aceitado de bom grado, mas todo pedido que não é feito de coração, nem merece ser ouvido. “Conversa, mas depois vai embora sozinha”. Claro! Tá me vendo no meio da rua conversando e depois indo pra casa sozinha, né? Pois é... Fui embora.

Não existe coisa pior do que gente que não sabe o que quer. Isso me dá nos nervos profundamente. Pessoas sem atitude, sem iniciativa, deveriam aprender com os anos e os tombos, mas parece que pior ficam.

E não me arrependi de ter ido. Pelo contrário, fechei o dia de sábado com a certeza de que “tem coisas que não mudam”. Que bom.

E a semana transcorreu ainda agitada, mas dessa vez, nada tinha que ver com o trabalho. A revolução era interna. Coração não sabia o que fazer. Alegrar-se ou chorar-se? Fosse o que fosse decidido, parecia que os sentimentos não assumiam um rumo certo. Tudo no peito era disforme. Ora dor, ora o telefone tocava e o sorriso reinava. Ora o telefone tocava e com ele vinha a dor. Ora nada acontecia e eu ficava em paz. Ora estava em paz e uma lembrança cretina tratava de me apunhalar o peito sem dó.

Caio, meu colega de trabalho e amigo, é quem sabe das minhas reclamações e gargalhadas sem motivo. Me ouve pacientemente, deixa eu contar todas as aventuras e desventuras, sorri diante das minhas loucuras diárias, fica sério e fala “na moral, na moral”. Aliás, é a resposta preferida dele. E se não fosse os ouvidos desse menino que tem a idade do meu irmão, seis a menos que eu, eu não teria um pouco de sossego com o desabafo. “Caio, tá doendo”. E ele me olha ... “Na moral, escuta uma musiquinha aí” e estende o celular que carrega músicas de ninguém menos que Mr. Catra. “Hoje eu quero cantar micareta, porra!” rsrs Tem como ficar sofrendo? Quando, não, ele simplesmente deixa o celular comigo pra eu ficar ouvindo músicas diversas e assim me acalmar.

Duas semanas dormindo as 3:00h da manhã, todos os dias. Durante a semana, não via o trajeto de ida pro trabalho e nem de volta pra casa porque estava sempre dormindo. Mas a confusão interna era tão grande que nem uma pancada na cabeça me faria dormir cedo. E pra piorar a situação do sono, ainda tinha as histórias no MSN. Às vezes 12 janelas abertas ao mesmo tempo, alguns papos interessantes, outros nem tanto. Fato era que, não tinha como deitar sem falar com Rodrigo. Pelo menos uma risada pra dormir bem. Bobão como só ele, faz graça até do próprio sofrimento, ainda mais do sofrimento alheio. Se bem que agora ele tem estado mais sério, mais homem. É... as coisas mudam. E felizmente, neste caso, pra melhor.

Outra sexta se fez presente, só agora, bastante desagradável. Uma mentira só se torna mentira quando é descoberta. E eu posso ser a mais idiota das mulheres (e sou mesmo), mas não existe verdade que escape aos olhos de Deus. Pedi ajuda a Ele e fui atendida. Tive serenidade e sabedoria pra resolver a situação de perda que se repetia a minha frente. Conversei, falei baixo, abaixei a cabeça e perguntei “O que faremos?”. A resposta foi cruel, porém já esperada “Não vou mais lutar por nós”. Positivo, mas... Hora de revelar a carta na manga. Mentira desmascarada, hora de dar as costas e continuidade à caminhada. Sozinha, enfim.

Outro sábado, bem mais calmo e claro. Vamos buscar o pequeno Vinicius!!! Dois padrinhos ansiosos, receosos da reação do afilhado há tempos não visto. Todas as vezes que o buscávamos, chovia na Via Dutra. Não podia ser diferente, porque tem coisas que não mudam! rsrs Muita conversa rolou de Santa Teresa até Palmares. Quanta coisa não havia sido dita ainda, quantas novidades e quantas mudanças aconteceram nesse 1 ano e 4 meses de ausência. Eu e Rodrigo parecíamos duas vizinhas na janela, falando da vida de todos, analisando festas, bailes, famílias e etc. Finalmente chegamos. Quem falou mesmo que tínhamos um pequeno afilhado? Meu Deus, quase do meu tamanho! E lá fomos os 4, eu, Daniel, Vinicius e Rodrigo, animadamente voltando pro Rio, todos com muita fome. Claro, porque isso sempre foi nosso ponto em comum! E tem coisas que não mudam!!! Hahahahaha Parada estratégica na Rotisserie Árabe do Largo do Machado pra matar as saudades das esfihas de queijo e carne, do arroz com cebola e da kafta. Aliás, kafta que estou até agora querendo ver, já que meus pequenos bois, comeram as minhas, do padrinho e tio e ainda as deles! Na saída do restaurante, aquela sinceridade afiada e diretíssima do Vinicius “Dindinho, Dindinha, eu gostei muito” deixando dois adultos com cara de bobos, como sempre com o peito cheio de orgulho e mais felizes que nunca. Éramos uma família novamente, amando-nos como amigos, padrinhos, tios e primos.

Domingo, nosso dia, mais família ainda, contando agora com a presença da minha mãe, Dona Luzia, vovó e tia. Logo de cara, ela se sai com uma de suas famosas frases curtas e de efeito: “Jesus”. Como assim Jesus? Antes de qualquer coisa, a gente na gargalhada geral porque já sabia que era sacanagem dela. Realmente, coisas que não mudam, minha mãe gastando o Rodrigo. Por que Jesus? Ressuscitou dos mortos... hahahahahaha E lá fomos nós, vento batendo no rosto, carro lotado de alegria, rumo a praia de Charitas, em Niterói, comer peixe frito de frente pro mar. Depois de almoçados, foram os meninos brincar na areia, a vó-tia coruja foi filmar as estripulias dos dois (ela e essa máquina dela) e eu e minha vizinha ficamos botando mais papo em dia. De pernas esticadas nas cadeiras e sentados lado a lado, apenas com o a luz do Sol que passava por entre as folhas das árvores como testemunhas, colocamos alguns pingos nos is, situações engasgadas do passado que ficaram ditas e não ditas.

Final do dia, fomos despachar primeiro o que mora mais perto e depois o outro. Meu afilhado dormindo no banco de trás, eu na frente conversando com o padrinho dele e pedindo a Deus abençoasse aquele soninho. A mesma sensação boa de felicidade, mas com uma ponta de medo. Não pus o cinto de segurança nele, não tive coragem. Preferi confiar na direção do Rodrigo, que sempre foi excelente, do que não conseguir carregá-lo comigo numa situação de emergência. Meu Deus, não quis nem pensar na possibilidade de não poder tirá-lo do carro... um dia chorei demais pensando nos meus meninos, um de 4 e outro de 7 anos. Entreguei a Deus e seguimos em paz pela Brasil e Dutra. Na mesma paz, devolvemos o pequeno sonolento à mãe, são e salvo. Graças a Deus.

Antes de chegar cada um em sua casa, a parada pra comer um carré com batata frita na Ponte da Amizade.

Hora de dormir. Como dormir se o corpo estava um caco, mas a mente e o coração ainda estavam acelerados? De novo, às 3h da manhã.

A nova semana veio desafiadora: ou você vence seus medos ou eles te vencem. E uma Guerreira da Luz não aceita derrota tão facilmente. Tinha dia que nem as músicas do celular do Caio me acalmavam. Nem mesmo o Renato, outro amigo do trabalho que não me acalma com música ou palavras bonitas, chega logo me segurando pelo braço e me chamando de frouxa! rsrs Mantendo a rotina de sono reduzido a quase nada, ainda tive que aturar gracinhas via nick do MSN: “A FILA ANDA”. Putz! Minha resposta: “Em alguns casos, o melhor a fazer é deixar passar batido” Aí tomei uma chamadinha pelo telefone “Ué? Cadê a Lucille que eu conheço? Você deixando barato?” Expliquei que não valia a pena participar do Jardim de Infância, mas mesmo assim, fui instigada a deixar apenas uma subliminar resposta: “E A MINHA CORRE” hahahaha – Bandidagem pura! rsrs

Sexta, depois de tanta dúvida, partimos rumo a Febarj. Quanto tempo... Lugar cheio, público de gosto duvidoso, músicas idem. Iiiiiii, rata de Viaduto totalmente desambientada! Mas vamos que vamos, quem faz o lugar sou eu e não o contrário. Minha garrafa de Smirnoff Ice e eu, balançando um pouco no meio da pista lotada. Aliás, só a garrafa, porque o espaço era mínimo. Por duas vezes, surgiram dois braços fortes ao meu redor pra afastar os mais folgados, que chegam se encostando como quem não quer nada. É tão bom se sentir protegida assim... Pena que não passavam dos braços de um amigo mais que querido. Na verdade, já tinha sido assim um dia, proteção de amor, mas agora é cuidado de amigo e já me dei por satisfeita. E o fato foi que seria preciso passar a noite com os braços ali porque era muita gente parando pra me urubuservar. Impressionante!

Eu desacostumei a esse assédio, não tinha noção do que acontecia a minha volta até o cidadão estar quase me pedindo em casamento no pé do ouvido! Na segunda garrafa de Ice, dançando freneticamente, espantando todos os bichos voadores do pensamento, com música boa, música ruim, nem queria saber! Tava dançando. Pra melhorar a situação, Felipe, um amigo dos tempos de Monte Alegre (rua da minha perdição rsrs) que eu não falava há uns 6 anos, decidiu que era hora de retomar a amizade. Nossa... achei maravilhosa a atitude dele, de vir me cumprimentar sem nem saber qual seria minha reação, simplesmente colocou as armas no chão e veio me dar um beijo e um abraço fraterno. Foi um gesto de humildade que significou muito pra mim, pois me mostrou que o moleque eu havia brigado lá na adolescência já não existia mais e mostrou pra ele que a garota louca também não. Só sobrou a mulher louca, mas abafa isso que ele ainda não sabe... rsrs

Aí que eu dancei mesmo com vontade. Feliz da vida!

Um calor dos infernos, a blusa já ensopada de suor, o coração dormindo profundamente. Fui ao banheiro. Na subida, uma cidadã me pára, bêbada. Pensando que ela está tentando se segurar em mim, deixei que ela se apoiasse no meu braço, quando descia o degrau perto de mim. Mas a desgraçada queria mesmo era me agarrar!!! Nunca tinha passado por isso... “Ô calor”... Uekatiiiiiiiii Nojento demais ela tentando me beijar. Mas como estava na mão do palhaço, dei um desconto e ao invés de empurrá-la com vontade escada abaixo, me limitei a empurrá-la devagar.

Voltei pra pista e logo ouvia alguém berrar atrás de mim “Caramba, tá demais hein?!!!! UM, DOIS, TRÊS, QUATRO!!” apontando pra cada um dos 4, pra logo depois bater palmas fortemente. Meu Pai! rsrs Rodrigo tendo crise de ciúme porque 4 caras, um em cada lado, pararam pra me ver dançar. É mole? Hahahahaha Ué? Tô solteira, num tô? Só não pode me tocar, porque já sabe que homem de pista black, nunca mais!

E eu dancei e dancei, sozinha, com meu amigo Maik, com o amigo dele Humberto, mas com ele... Rolou Donell Jones, aí sim, seduuuuzzzzz! rsrs

Noite finalizando, tudo na paz, coração ainda dormindo. As vizinhas vão andando até o carro conversando sobre as possibilidades. Paramos pra analisar as diversas e adversas situações. Coração acorda no meio do papo. Mas, engraçado, não teve pesadelo e decidiu ficar acordado, estava de bom humor.

Sábado, casamento da grande amiga Daniela. Acorda cedo, faz cabelo, faz unha, mas mesmo assim se atrasa. Mas deu tudo certo a não ser por um pequeno detalhe: afromóvel decidiu que tinha que tirar folga no sábado. Pra ir de Santa Teresa ao Méier e depois Ilha sem ele, só com uma pessoa Sony do lado. Sony = 100% atitude. Pensei que fosse perder a cerimônia do casamento dela, fiquei super triste e cheguei a me conformar. Mas, graças a Deus, eu não estava do lado de um qualquer nota. Além de estar lindo enfiado naquela blusa de manga dobrada, ele ainda decidiu que me levaria de táxi até lá e voltaria pra pegar o carro e me buscar. Mas e se não der tempo? “Vamos tentar”. E não é que deu? rsrs Quando cheguei, ela tinha acabado de chegar no altar. Ela tinha me pedido muito pra ir, queria olhar pro lado e me ver lá, por isso era tão importante que eu fosse, por mim e por ela. Fiquei lá com o casal de amigos Sanny e Ricardo e ela, a noiva, só foi me ver quando acabou e que vinha saindo do altar. Que sorriso lindo minha amiga deu! Seu rosto ficou ainda mais iluminado quando me viu e outra vez eu entendi o que é realmente importante numa amizade.

Nossa noite estava só começando. Ainda voltamos pro Centro pra pegar Rodrigo e o carro, mas nada feito, táxi novamente. Finalmente chegamos à Ilha, festa do casamento linda, lugar super organizado, o DJ já começou mandando no hip hop e os garçons entupindo a gente de bebida. Eu e Sanny enlouquecemos rápido, logo no primeiro chope. E como a noite tava boa, desce chope, desce batida, desce pinã colada. E vamos pro banheiro. Iiiiiiiiiiiiii Quando volto, escuto “Esse banheiro tá bombando!” Outro ataque... hahahaha E eu lá tenho culpa de dar vontade de ir ao banheiro? Se tiver gente olhando, que posso fazer eu? rsrs

E aí tome pista de dança! Hahahaha Bandidagem. Dança anos 80, dança samba, pagode, funk, micareta. Rodrigo é a companhia perfeita pra rachar a cara dançando Não me lembro de ter tido outro amigo assim. rsrs

Vamos embora, parte pra Monte Alegre de novo, e aí sim o carro. Não o Afromóvel, mas o branco (que eu nem sei se tem nome). No som, hip hop pra galera, pra animar e convencer Ricardo a ir pro Viaduto. Toca K Young e toca Donell Jones e a noite promete ser norótica. rsrs No baile tudo acontece, menos o que se espera. Estavam lá as vizinhas, sentadas lá atrás e eis que uma figura de meio metro decide que tem que sentar do nosso lado porque brigou com o namorado.

E eis que passa meu amigo do coração, que estava aborrecido comigo e eu com ele, me acena com a mão e um sorriso. Ah, o coração pulou alto! Poxa, como alguém poderia jogar mais de 2 anos de amizade sincera no lixo por causa de um moleque que conheceu há 4 meses? Não pode, né? Seria muita burrice de ambos, porque colega de trabalho e namorado fake, a gente encontra em qualquer esquina. Lealdade canina, não.

Resolvemos ir pra pista dançar, ainda com a pochete a tiracolo. E o namorado da cidadã lá na meiuca se acabando de dançar... rsrs Também pudera, Fernandinho DJ comandando a festa, até eu me acabei! Mas tava na hora de partir, abandonei meu baile as 3:00h.

Final da noite, não sei quero escrever. Surreal, completamente surreal. Ruim.

Domingo, mais conversa e uma revelação que me tirou o chão. Foi preciso fazer uma força monstro pra não chorar, mas minhas lágrimas são ainda mais teimosas que eu, sempre tem umas que furam o bloqueio do pensamento contrário. E eu não quero mais pensar no que ouvi porque a simples idéia me estremece dos pés a cabeça. O pior mesmo foi ouvi-lo dizer que faria de novo... Chega.

Agora quero me concentrar na organização da minha vida. Somente. Dedicar-me a quem não valoriza o esforço alheio só me fez mal. Farei uma limpeza no MSN, no quarto e na cabeça. Estar sozinha não é o fim do mundo, passei momento pior e dei a volta por cima, triunfante. Farei de novo. Tenho uma família que me ama, independente do sabor do meu feijão ou da cor da minha calcinha. Tenho uma carreira pra amadurecer e consolidar. Tenho ainda vida pela frente e tempo pra usá-la em sua totalidade. Tenho amigos leais e verdadeiros. Tenho amor. E nada paga esse amor que recebo, nada mesmo.

Bem, acho que esse post ficou bem claro, né? rsrs Agora me digam o que preferem: assim ou como os anteriores?

Beijos,

L.

quarta-feira, 18 de abril de 2007


Inexplicável é algo que não tem explicação, certo?

Errado.

Inexplicável é algo cuja resposta não diz o que vc quer saber.

*-*

Semana corrida no trabalho. SIG-me os bons! Mas na sexta, depois de passar mal de tensão, tudo deu certo. A noite, revelações e uma certeza: é fácil aprisionar uma borboleta. O difícil é mantê-la viva.

Sábado, coração em paz, corpo cansado, mas alma ansiosa demais. Deus, mais uma vez com suas mensagens enigmáticas: chuva. A chuva de sempre, caindo forte, pesada, marcando terreno, firmando pensamentos. Uma amizade de 11 anos pode ter todos os fins, menos o esquecimento. Em pouco tempo, tudo estava igual a 5 anos atrás: fofocas, gargalhadas, desabafos.

E lá está ele, enorme, bonito, cheio de uma vida que quase deixei passar. Nunca é tarde pra recomeçar. Quanto tempo se passou?... Quanto nós três mudamos?... Haveria o elo se quebrado? “Dindinho...” Não, estava intacto, como da última vez. Suspiros inaudíveis de alívio podiam ser lidos nos olhos atentos a estrada. A palavra que nunca morre: fome. O lugar do coração: Árabe! Saudade grande... Meninos que adoram kafta. “Dindinho, Dindinha, eu gostei muito”. Então, tá né? rsrs Cala a boca, coração! Pára de gritar aí e pára de pular no peito.

A noite, nosso momento. Primeiro um colo, um cafuné e o sono profundo. Depois, um abraço apertado, um cafuné e um sono profundo. Meus anjos estavam dormindo. Meu momento, minha felicidade.

(Aí a Dinda vai pra pista e chega “cedo”, alegre e sorridente. E não dorme porque precisa responder aos ansiosos que horas vamos sair)

Domingo, Sol, praia de Charitas, Niterói. Lugar do coração também. Meninos com a corda toda, eu feliz, mãe idem. JESUS!!! Hahahaha Ela é a melhor!!!! Depois de comer o peixe com batata frita, um papo sério. Lembranças, dúvidas, mágoas. Chega, sem estragar o dia. Lá na frente o Sol ia descendo pro mar... o brilho das águas, o ventinho, a paz, tudo fechando as paredes ao nosso redor. E o mundo parou. Palavras desnecessárias. Encanto quebrado pela central de atendimento Tim.

Fim da jornada, todos devidamente despachados, missão cumprida. Agora sim, carré com batata frita! Rsrs Faltou, mas a leveza do “estar” superou a vontade do “ter”.

Na continuação, sequestro em plena segunda-feira. Meio da aula, uma chamada: não reage. Rsrs Eu? Imagina!!! Fui pro cativeiro sem piar, foi muito ruim, violência, truculência, medo. Ô! Rsrs

E aí eu me pergunto: como explicar?

domingo, 8 de abril de 2007

Com displicência...



POR QUÊ...?

Porque não existe verdade absoluta.

Porque o que mais se deseja é ser feliz.

Porque Ele sempre manda um barco.

Porque nem sempre é o barco que se quer, mas é o que salva.

Porque, como diria Sade “Is it a crime?”.








*

Voltando pra atualizar o blog com força total. Estava sem inspiração, os problemas que outrora eram combustível, tornaram-se entupidores do pensamento. Nada fluía. A visão interna ficou turva. O sentimento externo prevaleceu. Erradamente.

Assisti ao filme “A Procura da Felicidade” e em dado momento, o filho do Will Smith (na ficção e vida real) sai-se com uma piada:

Estava um naufrago no mar, pedindo a Deus que o ajudasse, que o salvasse. Eis que passa um barco e oferece resgate, mas o naufrago diz “Estou esperando a ajuda de Deus”. Dali a pouco, passa outro barco e novamente oferece ajuda. Outra vez o náufrago dá a mesma resposta “Estou esperando a ajuda de Deus”, para em seguida morrer afogado. No céu, ao encontrar com Deus, o homem o questiona: “Deus, porque não me ajudou?” e Deus lhe responde: “Seu idiota, mandei dois barcos pra te salvar e você não aceitou”.

Chorei, pedi ajuda. Vários barcos vieram, mas a neblina era densa. Não sabia se eram barcos ou montanhas de gelo. George Benson, Chaka Khan... O que fazer? Até que uma louca deixa um recado que muda o curso dos acontecimentos. Eis o empurrão que faltava. Porque ela sempre fará a mesma pergunta, e a idade só piora as coisas... rsrs Foi preciso coragem pra fazer, porque a resposta poderia ser dura demais pra um coração já sensível. E o tempo determinou a entrada no barco, de forma suave, carinhosa e sorridente.

A noite seguia fresca, a Lua lá em cima parecia gargalhar tanto quanto eu cá embaixo. E as verdades, e as palavras, e as dores foram saindo de enxurrada, aos montes, atropelando-se no afã de revelar segredos, expor sentimentos perdidos. Entremeada por risos tão comuns, as histórias não ficavam tão pesadas. Quando menos se esperava, lá estava ele, surgindo por detrás das montanhas. Em pouco tempo, ambos estavam no céu, ainda que distantes. Lua e Sol coexistindo no mesmo espaço, enfeitando o mesmo azul celeste.

As coisas realmente acontecem quando têm que acontecer. Frase clichê, porém verdadeira. E o Sol nasceu. Decisão? “Não... Decide vc.” “Esqueci que vc não gosta de tomar decisões”. Se me deixar apontar a direção, é possível que eu não goste do fim. Mas se me levar pra algum lado, se não me deixar parada, é certo que ficarei grata e descansada. E as cores pareciam dançar, e a imagem refletida era perfeita e os olhos sorriam extasiados. “Há quanto tempo vc não se olha assim?” ... Pergunta que ficou no ar, resposta óbvia e não dita, apenas sentida. Há muito tempo que eu não me namorava, que não me admirava daquela forma apaixonada, como se tivesse as pernas mais fabulosas do mundo ou como se fosse a mais bela dentre as mulheres. Falta de incentivo? Talvez. Mas o fato é que não é preciso que alguém determine que devamos nos amar, isso deve vir de dentro pra fora. E lá estava eu, redescobrindo a beleza em mim, o infinitude do olhar, as doces saliências.

Em certos momentos da vida, as palavras são desnecessárias. Os olhos sussurram verbos que a boca não se atreveria a conjugar. As mãos buscam com sofreguidão os caminhos conhecidos do esquecido. A pele percebe com gentileza a impiedade do momento. Sonhos que despertam, dias que não terminam com o cair da noite, noites que duram semanas. Turbilhão de sons inaudíveis. E a vida explode em multicores, céus descem, terras se abrem, o mundo acaba.

Pássaros cantam e folhas secas passeiam pelo ar, e eu os sigo com olhos atentos e despreocupados. Fim de uma jornada ou início de uma nova era? Tempo de se encontrar... Eu tive. Então porque estou a repetir os erros do passado? “Primeiro vc, segundo vc, terceiro vc” conselho que ficou reverberando o dia todo na mente inquieta.

Para amansar os leões em mim, talvez seja preciso um fechar de olhos mais profundo.

Será que consigo, Logan?