Lá se vai
mais um ano...
Em 2011 eu
aprendi tanta coisa, pus algumas em prática, mas, no geral, eu aprendi.
Comecei o
ano com uma vitória que valeu por todas as outras: minha formatura do curso
superior em Gestão de Recursos Humanos. Costumo dizer que não escolhi ser
profissional de RH: fui escolhida por alguma força maior que sabia que esta
seria a melhor maneira de conhecer a mim mesma e respeitar meus semelhantes. E
então, em 19 de janeiro de 2011 eu fiz um juramento: respeitar a diversidade.
Foi o auge de um ano que ainda estava começando, mas que se acabasse ali, seria
com a missão cumprida.
Fevereiro
chegou com o anúncio de paz. Tinha de haver uma forma, um jeito de não ter
tanto medo de morrer a troco de nada em cada esquina, de perder filhos, primos,
vizinhos diariamente para o crime. E teve. E esta não foi uma vitória minha,
mas de um povo cansado de não ter voz, de ter medo.
Foi o reinício
também de outro tipo de bandidagem que há muito havia acabado. Foi bom, foi
ruim, foi excitante. Carnaval foi um delicioso período de um encontro casual
que tornou minha vida menos amargurada. Meu sapatinho de cristal foi devolvido
e eu me tornei uma rainha outra vez, com todo o luxo que podia aproveitar, não
apenas material, mas um luxo comportamental: carinho, atenção, paparicos sem
ter fim. Chegava a beirar o exagero, mas não posso dizer que não gostava, pelo
contrário, me libertei das amarras e não viajei para ter um pouco mais do que
me fazia tão bem.
Essa
bandidagem agressiva me tornou irreconhecível até para mim. Sentia que estava
perdendo minha essência. Não fui feita para a promiscuidade, fui feita para
pertencer. Mas no fundo me divertia muito não tendo limites morais. Se você tem
um namorado que te machuca e você não consegue se desvencilhar, dance conforme
a música dele. E eu me formei nessa escola de dança com louvor, tanto que até
quem me fazia bem deixou de fazer.
Por dois
meses tentei focar na carreira, mas havia uma questão a ser resolvida
internamente. Dois meses foram necessários para que ele voltasse com força
total. Apesar de não ser afeito a escrever como eu, para chamar ainda mais
minha atenção para pedir desculpas, ele escreveu um texto lindo e me mandou por
e-mail. Não resisti e publiquei. De todos os gestos de carinho, esse foi o mais
bonito. O perdão foi dado e passei tardes e noites fantásticas em Ipanema e no
Leblon, exterminando fantasmas e construindo outras boas histórias.
Junho foi
ainda mais especial, com flores, jantares, passeios. Eu sendo eu mesma, sem nenhuma
tentativa de me transformar em outra pra agradar alguém. Consegui finalmente me
concentrar na carreira. Assumi um novo cargo, muitas responsabilidades, estava
onde eu queria estar e apta a isso. Estava ansiosa, porém confiante. Fui lá e
dei meu recado: os elogios vieram em seguida coroando o trabalho feito com
prazer e amor.
Meu
aniversário trouxe ainda mais coisas boas, pessoas do bem do meu lado, novos
amigos e os velhos também. Fiquei bem quietinha, me concentrando em ser
paparicada. Cheguei a conclusão que eu havia passado os outros relacionamentos
focada em fazer feliz o outro, desta vez eu iria exercer meu direito de ser
egoísta e deixaria que alguém fizesse isso por mim sem a menor força pra
retribuir.
Agosto não
foi agradável. Pelo contrário, me trouxe dores, pesares. Meus pequenos e minhas
mãos atadas para ajudá-los. Meu Bondinho e as vidas que se foram com ele.
Uma pequena
vida se formou e se foi no silêncio e na escuridão. A dor era absurda, a
solidão piorava tudo. Saía de mim alguma coisa que não florescera, que não
havia nem se anunciado. Meu kanoo... Todos
os dias e todas as noites a mesma dor aguda. Mais uma vez sozinha e provando o
gosto amargo de uma perda e da ausência de quem deveria ao menos me confortar. Tomei
um porre de vodka com cerveja e Ice, para, no dia seguinte, me sentir ainda
pior. E assim se passou setembro...
Agarrada
firmemente nas mãos de Jesus e do trabalho, segui o caminho. Uma amizade bonita
e sincera surgiu no meio do caos. E aquele rapaz tinha mesmo o poder de
transformar meu dia e me arrancar sorrisos. Outubro nos aproximou, e isso foi
mais um ótimo motivo para dar a volta por cima.
E novamente
ele voltou para me trazer de volta pra luz. Claro que eu não fazia por onde ser
tão querida, mas ele era insistente. E forte. Novembro chegou com outras
pessoas, com sentimentos confusos, com excesso de informação. De um lado quem
só me magoava, do outro quem só me fazia bem e do outro, quem eu realmente
queria. Chegava a ser engraçado: todas as noites na academia o papo era
absolutamente normal, mas meu coração palpitava como se estivéssemos falando
obscenidades. Nossos olhos berravam o que a boca não podia e não queria
pronunciar. O desejo era evidente entre nós, apesar de nunca ter sido admitido.
E assim continuamos, afinal, nossa relação profissional não permitia nada além
de uma simples amizade.
Novembro
foi o mês de Búzios, uma viagem repetida, porém muito melhor em todos os
sentidos. Superei-me em ser chata e testar a paciência dele. E ele sempre forte
do meu lado. Foi tudo perfeito, do início ao fim. Dancei, bebi, ganhei café na
cama, muitos passeios e fotos lindas. Queria tê-lo amado no primeiro minuto,
mas não consegui. Teria sido bom entregar o coração alguém que sabia cuidar
dele. E quando não foi mais possível sustentar a insatisfação, encerrei o
ciclo.
E também
precisava terminar com aquela agonia de quase toda noite de malhação. Começando
dezembro, uma festa foi o que bastou. A rua era uma ladeira interminável e eu
nem senti que estava descendo a pé, só senti mesmo quando eu reclamei de dor na
articulação e recebi um carinho bom no joelho, seguido de um braço dado... Ah,
que tarde perfeita!
Dezembro é
o mês dos desafios. A notícia me chegou como um soco no olho, daqueles que se
espera, mas não se acredita que vá chegar. Chorei pouco, agitei o que podia e
quando percebi, estava no hospital esperando minha mãe voltar da sala de
cirurgia. Graças a Deus deu tudo certo. E foi um período em que pude entender
tanta coisa... Muito importante. Sem contar que ficou claro quem são as pessoas
que posso contar e as que um dia precisarão de mim e que eu vou ajudar pelo
prazer de mostrar como se faz.
O ano de
2011 me trouxe coisas muito boas e apenas uma ruim, péssima na verdade. Mas já
superei, estou pronta para tentar outra vez com a pessoa certa.
Desejo que
Deus proteja e abençoe a única pessoa que não conheceu a palavra egoísmo para
comigo, que me deu Ryan Leslie e The Foreign Exchange de presente. Para sempre
quando os ouvir, lembrarei dos bons momentos, do aprendizado, das risadas, da
tarde bonita em Búzios e das noites no Mio, no Outback, no Joe & Leo’s, nas
areias do Leblon...
Obrigada, Deus.
Cada dia, cada provação, cada dia desse ano foi importante para o meu
amadurecimento como pessoa e mulher. A felicidade esteve comigo muito mais que
a tristeza e é isso que importa.
Valeu,
2011!
Venha com
tudo, 2012!
Lucille
Obs.:
enquanto escrevia esse texto pra encerrar o ano, recebi uma ligação do meu
Mestre de Bateria favorito. Ah, como eu amo o samba... :-)