Aqui
cabe o clichê “amor a primeira vista”, mas foi justamente o contrário:
antipatia ao primeiro contato. E poderia até se tratar de uma paixão platônica,
mas se tornou antítese: uma atração espinhosa, daquelas que se deseja ter, ver,
sentir e saber todos os dias e ainda assim querendo distância.
Por
vezes, tudo parecia acabado. Um não cedia, o outro tampouco se dobrava; ambos
guardavam no silêncio de suas noites o pensamento do outro lado da cidade, com
raiva e saudade. O inexistente acaso se encarregava de unir novamente corações
que sofriam com o orgulho próprio e por aguardar que o outro deixasse o seu
orgulho de lado.
Há
dias em que o bem querer chega a ser visível, tamanha vontade de estar por
perto, fazer um carinho, dar e receber um abraço. E o abraço se faz real ― afetuoso, familiar, sexual ―, cada vez em um tom diferente,
jogando para as sombras todo vestígio de dor e medo, angústia e raiva,
sofrimento e tristeza. No abraço não são só os corpos que se encaixam: os
corações se entendem sem que nenhuma palavra audível seja necessária.
Havia
uma lacuna, algo que o tempo tornou inevitável desejar.
Euforia,
prazer, música, corpos. O som e o movimento, ânimos exaltados. Ciúme? Sim,
ciúme! Satisfação, pressão, atitude. Indecisão, opções, uma escolha.
Definitiva. Poderia ser, tinha que ser. E foi.
Na
rua molhada, escura e cansada, o abraço forte tomou forma, foi contornado de
luz branca e preenchido com suaves purpurinas prateadas.
A
preocupação, a ansiedade e o medo foram desfeitos no exato instante em que o
elo foi finalmente estabelecido. Tudo em paz agora: era doce como esperado e
quente como duvidado.
A
noite sorria com regalo: testemunhou a confirmação de um amor generoso, que
sabe seu espaço e momento na vida de cada um.
“Porque
o amor, do jeito que pode ser, é o caminho da liberdade e da grandeza ― é a nossa única possibilidade de
salvação.” – Lya Luft
Lucille
2 comentários:
Padrão!!!
Sem comentários! rsrsrs...
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