sábado, 10 de dezembro de 2011

Padrão


Aqui cabe o clichê “amor a primeira vista”, mas foi justamente o contrário: antipatia ao primeiro contato. E poderia até se tratar de uma paixão platônica, mas se tornou antítese: uma atração espinhosa, daquelas que se deseja ter, ver, sentir e saber todos os dias e ainda assim querendo distância.
Por vezes, tudo parecia acabado. Um não cedia, o outro tampouco se dobrava; ambos guardavam no silêncio de suas noites o pensamento do outro lado da cidade, com raiva e saudade. O inexistente acaso se encarregava de unir novamente corações que sofriam com o orgulho próprio e por aguardar que o outro deixasse o seu orgulho de lado.
Há dias em que o bem querer chega a ser visível, tamanha vontade de estar por perto, fazer um carinho, dar e receber um abraço. E o abraço se faz real ― afetuoso, familiar, sexual ―, cada vez em um tom diferente, jogando para as sombras todo vestígio de dor e medo, angústia e raiva, sofrimento e tristeza. No abraço não são só os corpos que se encaixam: os corações se entendem sem que nenhuma palavra audível seja necessária.
Havia uma lacuna, algo que o tempo tornou inevitável desejar.
Euforia, prazer, música, corpos. O som e o movimento, ânimos exaltados. Ciúme? Sim, ciúme! Satisfação, pressão, atitude. Indecisão, opções, uma escolha. Definitiva. Poderia ser, tinha que ser. E foi.
Na rua molhada, escura e cansada, o abraço forte tomou forma, foi contornado de luz branca e preenchido com suaves purpurinas prateadas.
A preocupação, a ansiedade e o medo foram desfeitos no exato instante em que o elo foi finalmente estabelecido. Tudo em paz agora: era doce como esperado e quente como duvidado.
A noite sorria com regalo: testemunhou a confirmação de um amor generoso, que sabe seu espaço e momento na vida de cada um.

“Porque o amor, do jeito que pode ser, é o caminho da liberdade e da grandeza ― é a nossa única possibilidade de salvação.” – Lya Luft


Lucille

2 comentários:

Diego disse...

Padrão!!!

Diego disse...

Sem comentários! rsrsrs...

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