quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

A História da Faca e do Espelho – parte 2

Tudo girava rápido demais a minha volta. O corpo não obedecia aos comandos do cérebro. Em algum momento me virei e estava abraçada a ele. Voltei-me para o palco onde rolava o show e o abraço continuava. Não apertava, nem machucava, apenas estava ali, com um quê de urgência somado a vontade de nunca mais acabar.

Finalmente acabou o show. Saímos os três felizes e satisfeitos, eu alterada por ter bebido Ice ruim. Com dois amigos me ladeando, saí do Armazém 5 em êxtase total, leve, coração desacelerando, mas muito agitado ainda. Repentinamente, uma pergunta surgiu do mais perfeito nada “Você está feliz?”. A resposta positiva abriu um sorriso. Sorrisos são chaves de portas inimagináveis e não seria diferente desta vez. Um impulso, vontade de Deus, não sei. Aconteceu da maneira mais delicada possível, sem força nem pressão, apenas um beijo. Um pequeno beijo, encontro singelo de lábios e nada mais.

Caminhamos num abraço triplo até a Central do Brasil, muita falação, risos e dia mudando de cinza-azulado para azul-claro-felicidade. Um grupo de amigos seguia confortavelmente instalado num carro e por um momento, pensei que fosse ser trocada por uma carona pra casa, afinal, nada havia que justificasse a permanência dele, mas, mais uma vez, me enganei e ele voltou pra continuar nosso abraço, rumo a Central, e agora, só a dois.

Deixamos Cátia no ponto de ônibus e havia chegado o momento crucial: estávamos a sós, depois daquele momento ímpar na porta do Armazém 5. O que dizer? O que pensar? Pior de todas as dúvidas: como agir? Fomos até o banheiro, agora já separados. Depois mercadinho, pra reabastecer as energias com um iogurte.

Chegamos ao meu ponto. O Sol já ia alto pelo céu, as forças estavam poucas, o sono dominava, mas a sensação de inacabado era forte. Então a despedida se fez necessária. Olhos, boca, corpo, tudo implorava por aquele minuto, ainda que a razão dissesse o contrário. O que se seguiu foi uma enorme mistura de querer com desejo, doçura, amizade, vitória, derrota, entrega e apego. De um abraço apertado se fez beijo, longo e calmo. O mundo a volta deixou de existir, ônibus, carros, luz do Sol, nada mais havia naquela terra que não nós dois, perdidos num ansioso e sôfrego beijo, quente e desejoso de se tornar infinito.

Uma pergunta ecoou por todo o mundo: “E agora?”

Continua...

domingo, 20 de janeiro de 2008

A História da Faca e do Espelho - parte 1

Fui duramente questionada por haver deixado de fora de toda minha retrospectiva, um alguém que, por vezes mal e por vezes bem, fez parte do meu ano passado. Bem, longe do pc por falta de tempo, dedico-me agora a esta tarefa.

Tudo, na verdade, começou em 2006, ano em que Deus decidiu que era o momento de ficar só, curtir plenamente as outras maravilhosas coisas da vida. Desde 1995, jamais havia passado um mês sequer sem namorado. Não que namoradeira fosse, ou então comidinha de pista Black como são exatamente duas de minhas assíduas leitoras. [Ahá! Pensam que não sei que vocês me lêem, hein meninas? Rsrs] Sem me desviar do assunto, pois todos já sabem o que penso sobre isso, namorava sério sempre, de levar em casa, pedir ao pai, ir buscar na porta, essas coisas. Com o primeiro, foi um ano; com o último, quase cinco anos. Mas acho que passei a supervalorizar o relacionamento amoroso. Daí fiquei só, dias e noites sem ninguém pra brigar, pra chamar de meu, pra ir ao cinema rir de filme de terror. Logo eu, canceriana de ponta a ponta, extremamente amorosa e possessiva, medrosa e dependente, sem ninguém pra buscar na porta do trabalho, nem na faculdade.

Foi um ano duro, alguns pretendentes apareceram, mas ainda não era aquele que despertaria o amor que havia adormecido em mim. Em dados momentos, as inevitáveis lágrimas rolavam. O que havia de errado comigo? Estava sendo difícil demais? Fácil demais? Tinha que ir pra cama logo no primeiro encontro? Porque não aparecia um cara legal? Perguntava pro Amigo-mor e Ele nada me dizia, apenas uma brisa acarinhava meu rosto, como a dizer “Paciência”.

A cada aventura contada pro amigo e fiel escudeiro, recebia de volta uma repreensão, puxão de orelha e o veredicto “esse não serve”. Quem serve, então, droga?! “Calma, vai chegar”. E isso me irritava profundamente, mas ao mesmo tempo, me segurava, porque homem dizendo que outro não serve pra namorar é algo quase raro, pois homens defendem a raça até o fim e todos são “ótimos” para nós mulheres. Se ele estava dizia, eu me afastava.

O ano de 2006 ameaçou acabar com um par, mas não era o perfeito. Então resolvi esquecer essa história, já tinha me acostumado mesmo. Amigas do lado, farra todo final de semana, Ice, trabalho, faculdade e família. Tudo bem pra mim, não tinha do que efetivamente reclamar.

No meio de uma noite de farra, em pleno domingo, estava no meu lugar favorito, Reza Black e alguém resolveu gravar a festa. Péssima idéia! Queria ficar no escuro e escondida (o que nunca consigo, na verdade) e ser filmada, definitivamente, não era legal. Vi o maluco filmando tudo, com uma cara de infelicidade total, tipo alguém que não sabe por que está ali. Bom, azar o dele, né? Eu sabia por que estava: porque eu merecia dançar muito e ser feliz. Na semana seguinte, o tal do vídeo ficou pronto. E ficou muito bom por sinal, mesmo sem a minha brilhante participação!

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Ficou realmente muito bom, tão bom, que merecia um elogio. Aí fui lá ao perfil do Orkut do criador do vídeo elogiar o trabalho dele. Esse é meu jeito: o que merece uma crítica negativa, certamente o terá, sem pudores. Mas o que merece ser parabenizado, não passará em branco.

Reza Black, a festa, era meu lugar, meu povo, a elite Black reunida num mesmo ambiente, os melhores DJs tocando, Ice original, fotos da galera, enfim, tudo de perfeito. O vídeo ficou bom, a meu ver, porque mostrava exatamente isso: gente bonita se divertindo num lugar legal e alto astral.

Infelizmente, na semana de lançamento do vídeo, minha tão querida festa teve fim. Motivos comerciais que exigiam um lucro alto e imediato, mas o povo Black não é assim, de consumir tudo em pouco tempo, tudo é um processo. Sabem aquele ditado “Deus tira com uma mão e dá com a outra”? Pois bem, a festa chegou ao fim e dali em diante, iniciava-se a mais complicada história de amor da minha vida.

Era final de um outubro quente, zilhões de pensamentos voando na mente. Só posso dizer por mim, mas acredito que do outro lado, também tivesse uma pessoa esperando algo acontecer que mudasse a vida. Bom, poderia ter acontecido, mas tinha que acontecer logo uma Lucille? rsrs Quanta coisa! Ele deve ter pensado isso...

E, via internet, papo vai, papo vem, amizade distante, apenas engraçada e divertida. Apenas mais um conhecido... Dali a pouco, uma cantada. [Normal pra ele! rs] E em resposta, o toco. [Normal pra mim]. Pensei que era apenas mais um me cantando, que em breve desistiria de falar comigo, porque eu havia cortado as pernas dele. Fui ao Viaduto e finalmente nos conhecemos pessoalmente. O vi de longe e confirmei a amiga Cátia “Não, num rola mesmo de ficar com ele”. Entrei, cumprimentei com o melhor sorriso, doce, amiga e o deixei lá, babando, com a certeza de que se eu já era ótima virtualmente, ao vivo e de shortinho, cabelo jogado e boca brilhosa, eu era perfeita. E ele, pobrezinho, só poderia olhar. Sim, eu sou bem má, gosto de fazer isso. Não sou hipócrita de dizer que não gosto. Acho-me linda e gosto de ver as caras que minha beleza associada ao meu jeitinho meigo é capaz de provocar nas pessoas. Passei a noite rodopiando pelo Viaduto, dançando, rindo, conspirando, sem nem me preocupar com o cara que fez o vídeo do Reza e queria ser meu par. Sai fora! Naquela noite, eu era só minha. Depois fiquei sabendo que ele ficou me olhando ir embora, no portão. Vendo-me ir pro lado oposto ao meu ponto de ônibus. Tipo cachorro vendo o dono sair pra viajar...

Nas semanas seguintes a amizade foi fortalecendo. Já que não pode vencê-la, junte-se a ela. Amigo meu, já sabe que se for necessário, o esporro canta. Fica do meu lado quem conseguir me aturar. Numa noite dessas, de altos papos via MSN, ele viu o jeito meigo se transformar em bruxa do 71: foi de relaxado, passando por acomodado e um “passar bem” pra encerrar a mega sessão de “descarrego”. Sim, descarreguei tudo! rsrs Foi ruim, porque eu o havia acabado de conhecer, ele não sabia o que era Lucille. Mas foi bom porque ele precisava de uma sacudida. Fui dormir, mas a sensação raivosa de estar agindo errado me perseguia. No dia seguinte, passei mal, inflamação gengival, muita dor e médico, só após o expediente. Mesmo após a sessão do descarrego, ele me ligou. Nunca me senti tão bruxa em toda minha vida! Fui grossa de novo quando ele perguntou se eu tava bem, mas falei que iria ao médico quando saísse, ele queria me acompanhar, eu disse que não. A resposta veio no meu estilo “18:00h te encontro na Central”. Paf! Telefone na cara. Fiquei surpresa e ao mesmo tempo achei graça da atitude peituda dele. No horário marcado, lá estava ele, com aquelas trancinhas ridículas, me esperando pra levar ao hospital. E lá fomos nós, rumo à emergência. E eu pensando: eu o arraso, e o idiota ainda vem me trazer no hospital; já sei, quando eu entrar pra ser medicada, ele vai embora, me deixar sozinha aqui, pra me fazer pagar por ontem. Mais uma vez me enganei. Ele ficou comigo, me deixou cochilar no ombro dele enquanto chegava minha vez, me levou até a porta da emergência e ficou lá me esperando. A médica me examinou e pra aliviar a dor, me deu uma intravenosa. Claro! Tudo em emergência acaba numa injeção intravenosa, pra matar um cavalo. Pedi a enfermeira pra avisá-lo que fosse embora, já que eu ficaria a próxima hora em observação. Deitei e fiquei esperando o sossega-leão fazer efeito e também que ele trouxesse minha bolsa, já que iria embora. Em alguns minutos as pernas ficaram pesadas, ele chegou ao quarto, riu da minha condição grogue, me ajeitou na cama e ficou ali segurando minha mão. De repente, tudo ficou escuro. Às vezes abria os olhos e lá estava ele sentado. Escurecia de novo. Quando finalmente acabou a tormenta, acordei e vi que ele não mais estava lá. Lá no fundinho queria que tivesse ficado, mas não poderia prendê-lo. Fui devagar até a saída e lá estava ele na recepção, me segurou pelo braço e levou a velhinha embora. Eu não conseguia entender que tanto ele ria de mim, ainda estava zonza da medicação. Precisava urgentemente comer, acho que foi efeito do remédio. Logo na esquina tinha um Bobs, já quase fechando, pois chegamos ao hospital as 19:00h e só saímos as 23:00h, e foi lá mesmo que eu caí dentro do maior lanche de todos. Ele ainda me levou até o ponto da Kombi e eu disse que tava bem, que dava pra ir pra casa só (desconfio que teria ido me levar até a porta de casa). Estava tão pra lá que apenas dei um beijo no rosto e um tchau, nem um obrigada. No dia seguinte é que fui me dar conta do que tinha realmente acontecido. Teria eu feito o mesmo depois de ser tratada daquela forma? Acho que não... Só mesmo uma pessoa com um pingo de amor ao próximo teria feito e eu ainda não tinha. Por isso, até o fim da vida, serei grata a ele, por ignorar minha grosseria e estender a mão quando precisei e pela lição de moral sem usar palavras.

Depois disto, continuamos nos vendo, Bobs e MacDonalds bombando diariamente. Nenhum sinal de avanço, de algo a mais do que aquela despretensiosa amizade que ambos oferecíamos um ao outro. Estava bom assim.

Ele, operário da construção cinematográfica, iria trabalhar no Hutuz 2007 e me convidou pra ir. Claro que eu não iria sozinha com ele, mesmo já tendo ficado mais que certo que não rolaria nada entre nós, mas eu não me sentiria confortável. Falei que iria se a Cátia fosse, e meu desejo foi atendido. Sexta-feira saí do trabalho com o coração aos pulos, super excitada com tudo aquilo, afinal, seria a primeira vez no Hutuz. Logo lá, de onde o ex havia me ligado e me magoado demais. Seria mais uma batalha a ser vencida, mais um pequeno trauma a ser superado.

E lá fomos nós duas, rindo de tudo, o taxista abismado com as duas loucas no carro e com minha sandalinha rasteira, alvo das risadas dela até hoje. Tudo lá dentro era muito novo e estranho pra mim. Alguns conhecidos, mas o universo do rap, definitivamente não me atrai. Várias histórias rolando, alguns malas querendo beijo e eu no fundo sabia que não era pra dar. Nada me impedia, é verdade, mas não iria acontecer assim.

Não vi meu amigo por um bom tempo, achei até que não o encontraria, já que devia estar gravando tudo. Mais ou menos uma hora depois, parei no meio da pista, fiquei olhando pra cima, onde estavam as câmeras, tentando encontrá-lo, pelo menos pra agradecer por botar a gente pra dentro. Catia do meu lado esquerdo e eu olhando pra cima, quando senti alguém do meu lado direito, olhando na mesma direção. Quando me virei pra ver o engraçadinho, vi que era ele mesmo! Agarrei-lhe pelo pescoço e o tomei num abraço forte, quase de alívio por tê-lo encontrado. Nem eu mesma sei por que fiz aquilo, mas fiquei muito feliz em vê-lo. Acho que ele também não esperava aquela recepção tão entusiasmada. Conversamos pouco, pois ele realmente tinha que gravar e só voltaríamos a nos ver pouco antes da apresentação dos Racionais, que ele não precisaria gravar.

Enquanto isso batemos perna eu e Catia, curtindo cada pedaço do lugar. Bebendo uma Ice ruim, vendo basquete e por coincidência, os meninos do Reza Black tomando uma surra no basquete de rua.

Chegou a hora dos Racionais e corremos pra ver. De alguma forma, ele nos encontrou. Ficamos lá os três ouvindo e vendo, eu maravilhada, o peito subindo e descendo com a respiração difícil, a mente girando velozmente e um filme sendo editado na mente. Tudo o que eu tinha medo só me assustaria até quando eu permitisse. Aquele era o dia da vitória, minha sobre mim mesma. O ex estava lá e em nenhum momento senti mágoa ou saudade. Estava feliz e desejava o mesmo a ele. Enquanto tudo isso acontecia em mim, externamente mudanças se desenhavam também. Ele já estava mais do meu lado, mas sim atrás de mim e eu estava perigosamente no meio de um abraço.

Continua...

sábado, 12 de janeiro de 2008

Passeando pelas imagens, ri de vc. E de mim.



Quem ri de si é feliz.

E torta de profiterole se come pelo nariz!

Amo muito, Senhor Messer.


Em breve, a mega atualização que tanta gente aguarda. Assim que arrumar um tempinho, pois saindo do trabalho as 22:00h é só pra achar o caminho da cama.

L.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Dúvida

É aquilo que comprime o peito, infla a mente e te faz achar que não pode nada do que deseja porque nem ao menos sabe o que quer.