sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Lugar certo, hora exata

Palavras.
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Não existe uma coisa que me encante tanto quanto palavras, especialmente as que se unem numa frase bem feita e terminam por construir um belo texto. Gosto ainda mais quando esse texto mostra a capacidade de percepção de seu autor.
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O espaço e o meio não são desculpas para não traduzir sentimentos em palavras, ou para não convencer o receptor de que, naquele momento, existem apenas duas pessoas no mundo: quem escreve e quem lê.
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Um texto no blog, depoimento, recado e até mesmo uma simples mensagem de texto pelo celular são capazes de desencadear reações químicas, físícas e psíquicas, que geralmente começam com um franco e largo sorriso, terminando com um suspiro profundo diante de tudo que esconde por trás das palavras.
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Ah, palavras... Como gosto, como admiro quem tem o poder de usá-las!
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Ler uma frase parecida com "... desejo saber o fim desse livro inacabado que você é.", não só arma e desarma determinados mecanismos de defesa, como resgata outras palavras, não ditas, não lidas, porém sentidas e desejadas, como "Acomode-se, aquiete-se, leia devagar e não se preocupe com o final. A beleza da história está exatamente aí, onde você lê agora."
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Palavras...
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L.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Deixa assim

"Eu gosto tanto de você Que até prefiro esconder Deixo assim ficar Subentendido Como uma idéia que existe na cabeça E não tem a menor obrigação de acontecer" Lulu Santos - Gosto tanto de você Ainda que se queira e deseje muito, o Sol só aquece e enfeita o dia quando bem quer. Por mais que o pensamento vasculhe todo o corpo e cada reentrância do coração, os sentimentos nascem quando uma outra força maior rege e determina que isso aconteça. Sendo assim, o melhor a fazer é deixar a janela aberta para o Sol e assistir ao Maior aprontar das suas, enquanto coça a barba e sorri. L.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Sinceramente

"Nós dois temos os mesmos defeitos
Sabemos tudo a nosso respeito
Somos suspeitos de um crime perfeito
Mas crimes perfeitos não deixam suspeitos"
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Engenheiros do Hawaii - Pra ser sincero
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Mais uma batalha vencida. Um novo dia ameaça chegar e trazer com ele a positividade necessária pra continuar vencendo.
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A médica de hoje era negra, e foi ela quem me deu a melhor notícia do dia. Perfeita. Menos problemas. Mais amor.
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Obrigada, meu Deus!
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L.

domingo, 25 de outubro de 2009

Bonita

... abri a porta e deixei que a cor das boas lembranças colorissem meu lar. L.

domingo, 18 de outubro de 2009

Índia de arco e flecha

Essa é a fase em que a mente dá oitenta milhões de voltas em um minuto. A cada piscar uma idéia diferente. Às vezes as idéias são parecidas, ou reaproveitadas. Mas nessa fase, nenhum pensamento consegue ser igual ao outro. Escrevi e editei a última postagem um sem número de vezes, publiquei, pensei em apagar e até mesmo fechar o blog. Mas isso seria dar linha na pipa, tudo o que eu não posso fazer, obrigatoriamente. Foi então que, hoje, logo cedo, recebi a seguinte mensagem “Eu tinha me esquecido como você escreve tão bem”, via Orkut. Fiquei olhando aquelas palavras, pensando, entendendo. Primeiro, vi que sendo de quem foi, havia uma sinceridade ímpar, não apenas o desejo de me bajular, ou ainda a cantadinha barata (você dobra uma mulher inteligente elogiando suas qualidades intelectuais). Não era e não poderia ser nada além de um elogio querido, de um amigo que vive distante, mas sempre próximo do coração e das boas lembranças. Depois, vi ali uma mensagem subliminar Dele, me chamando a realidade outra vez, aquela em que eu sou mais do que imagino, especialmente quando espero menos do que penso merecer. Lembrei em seguida, que uma senhorita favoritou meu blog recentemente. Nada teria de extraordinário, não fosse ela a mesma senhorita que, há anos bem passados, declarava-se como “inimiga”. E não poderia deixar de lembrar, há meses não tão passados assim se viu as voltas com a minha reluzente figura em sua vida novamente. Usando um pseudônimo, a bonita achou mesmo que passaria incólume pelo meu poder de observação aguçadíssimo. Eu nasci sem saber ler ou escrever, mas não necessariamente burra, e os anos só fortaleceram a melhor das minhas capacidades: de ler o invisível. Gostei de saber que ela me acompanha, que perde minutos preciosos de sua vida a ler o que escrevo. Isto muito me honra e incentiva. Uma pessoa que é amiga lendo meus textos, é bom e confortante. Mas quem não me tolera, nossa, isso sim é sensacional! É quando eu deixo de existir em corpo e tomo forma escrita, arrebatando até o pensamento e os sentimentos mais distantes dos meus. E isso me fez sorrir. O que eu gostei mesmo de saber, foi que meus amigos, a despeito da distância, do tempo e do que quer que seja, são leais. E lealdade, depois da honestidade, é das virtudes de um ser humano, a que eu mais prezo. Ter amigos nos bailes, MSN, blogs e dizer “eu te amo” como se fosse bom-dia, é simples, rápido e fácil. Mas permanecer quando o mundo se pinta de cinza, isso sim é que separa os bons dos mais ou menos. E hoje a prova se fez real. Está quem tem que estar. Aos demais, o meu “bom-dia”. Despeço-me, refletindo sobre a letra de Luís Carlos Sá e Sérgio Magrão, imortalizada na voz pulsante de Milton Nascimento: Caçador de Mim. Por tanto amor Por tanta emoção A vida me fez assim Doce ou atroz Manso ou feroz Eu caçador de mim
Preso a canções Entregue a paixões Que nunca tiveram fim Vou me encontrar Longe do meu lugar Eu, caçador de mim
Nada a temer senão o correr da luta Nada a fazer senão esquecer o medo Abrir o peito a força, numa procura Fugir às armadilhas da mata escura
Longe se vai Sonhando demais Mas onde se chega assim Vou descobrir O que me faz sentir Eu, caçador de mim
L.

sábado, 17 de outubro de 2009

Princípio

Algumas verdades são tão duras e frias que, mesmo sob o nariz, nos recusamos a sabê-las. Às vezes, a verdade chega a cegar de tão clara, porém, dificilmente é admitida. De outras vezes, a verdade é tão indizível que chega a ser considerada mentira. E, na maior parte do tempo, é necessário que outra pessoa nos obrigue a parar de olhar por cima do ombro a fim de achar a verdade, pois ela está justamente encarapitada sobre os nossos pescoços.

Cheguei a acreditar que vir aqui, olhar o editor de texto vazio e nada encontrar que pudesse ser escrito, fosse nada menos ou mais que o grande terror de todo escritor: o momento em que a mente não organiza as idéias de modo a transformá-las em texto. Todas as noites, dias e tardes em frente ao computador em que passei sem ao menos duas linhas, para mim nunca passaram de falta de inspiração.

E por que alguém perde a inspiração de fazer aquilo que tanto lhe dá prazer?

Todas as noites um ritual era cumprido. Lágrimas rolavam como que convidadas de casa, tão habituadas a estarem comigo por lá. Religiosamente ao deitar, ou ao me dar conta da solidão, sem um motivo especificamente forte que justificasse tanto pesar. Nem o cisto e nem mesmo o mioma foram capazes de provocar tanta tristeza traduzida em choro fino e soluço agudo.

E por que alguém chora sem motivo?

Um do meu lado e outro distante alguns minutos. Tendo mais dificuldades de horário, dinheiro e disposição, já fui atrás dos dois pequenos sóis da minha caminhada. E agora, no entanto, eles ficaram alguma coisa fora do contexto do momento. Não fui, não vi, não ouvi. Não quis saber.

E por que alguém se afasta das pessoas que mais ama em todo o universo?

Decididamente os últimos meses de novembro e dezembro tiveram peso quase devastador sobre mim. Quase, porque havia um Deus comigo que não me deixou tombar sobre os joelhos e assim ficar mais tempo do que o necessário. E, quando Ele estava ocupado com outras pessoas, deixava ao meu lado seus anjos. Dentre tantos, um chegou montado no cavalo alado, com a missão de devolver os dias de sol ao meu verão. Quantas e quantas vezes ouvi aquela voz rouca e arfante me pedir pra ficar mais, pra dormir por lá, pra ir mais vezes? A missão foi bem cumprida, mas eu queria que não, que ele falhasse. Sem mais e nem porque a dei por encerrada. Foi o início da série de auto-sabotagens a que me impus. Foi apenas a primeira.

Qual a verdade de alguém que se neutraliza de todas as dores e mágoas?

A última noite de quinta-feira trouxe a resposta para as dúvidas sequer imaginadas por mim. E não é uma chamada a realidade muito boa, pelo contrário, a verdade desceu como um véu negro, grosso e pesado. A verdade é uma só e desagradável, mas eu tenho fé. Deus colocou um anjo precioso do meu lado, um anjo que me acompanha há um ano e dois meses, que retira de mim as verdades que nem eu mesma sei que existem. E essa verdade, bem, eu que estava procurando a resposta no lugar errado.

Os próximos passos ainda são uma incógnita. Apenas uma instrução permeia meu dia: não dar linha demais à pipa. O que isso significa? Que existe uma separação tênue entre o momento ruim e um péssimo que pode vir, e que vai depender forçosamente do meu caminhar, sabendo qual a verdadeira vilã da história.

Passar horas na livraria ainda é um santo remédio.

E que assim seja e continue sendo. Amém.

L.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Definição

Dia bom nem sempre é aquele que começa bem e termina bem.
Um bom dia pode ser de chuva, frio, nariz sangrando, dor no baixo ventre, pouca grana, aborrecimentos profissionais, nota baixa em prova, e, assim, assim, terminar com um par de bochechas rosadas e um sorriso tímido.
Saldo positivo.
L.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

A número quatro

Vi nos refletores da ilusão Até onde eu fui, ninguém terá noção Se realidade não se fez realizar A imaginação fará

Quis sair ileso ao coração Já estava preso ao largar tua mão É quando a saudade encosta e mostra o seu poder Se eu não puder te ver

Vê como a gente se espelha e se espalha Um transparece no outro, o que pensa e o que fala Quando um momento é maior poliniza tudo ao redor E faz o amanhã nascer melhor

Vê como a gente se estende e se espraia Teu corpo se veste do meu que não tomba na raia Quem for parar pra me ver, lá no fundo verá você A brilhar em mim

Pedro Mariano - Poder

Composição: Jorge Vercilo

sábado, 3 de outubro de 2009

Bem perto

Ainda resisto porque sei que vai acabar. Não choro mais, porque sei que haverá sorriso em breve. Me permito apenas um momento de solidão e tristeza. Apenas isso, porque sei que é uma lição. Conto os dias para que essa agonia termine, para que as almas encontrem os seus corpos, para que os planetas se alinhem e a essa chuva fina cesse. Tenho fé e esperança, apesar de perdê-las em alguns momentos, quando nada parece dar certo e só o que ouço é meu coração partindo e desfazendo-se em cacos pelo chão da sala. E ainda que haja dor, medo, mágoa, mentiras, sei que no fim, tudo ficará bem. Logo. Quando voê chegar, fará Sol outra vez. L.

Amar o que se faz

Em minhas histórias épicas de heróis, longas batalhas e gladiadores, a armadura será uma túnica preta, cinturada por uma faixa azul, com um capelo cobrindo a cabeça.

Elisabete, Gestora de Recursos Humanos. Minha Madrinha.

Existem poucas coisas na vida que me dão prazer e orgulho ao mesmo tempo. Fora do ambiente familiar, minha profissão é a que melhor representa essa combinação.

Havia uma vaga para trabalhar em Departamento Pessoal, o salário era de R$400,00 na época, quase o dobro dos R$250,00 que eu recebia como Recepcionista. Eu não tinha a mínima experiência na área, o que, segundo o contratante, era justamente o que ele precisava, uma pessoa crua, sem os vícios do trabalho, para que ele pudesse ensinar e moldar. Com os olhos arregalados, aceitei o desafio. Não tanto pela nova função, muito mais pelo salário. Sandálias, roupas, sextas-feiras na pista... Enfim, eu ainda não tinha a menor consciência profissional, era uma consumista apenas. Por lá fiquei dois anos, até ir para uma grande empresa, mesma função e mesmo desejo de carreira. Nulo. Eu era só mais uma parte do processo. Intransigente, muitas vezes grossa, respondona, malcriada.

Não encontrando um trabalho que se adaptasse a mim, fui parar numa Super empresa, literalmente. Lá conheci uma mulher que era metade de mim em tamanho e o dobro em atitude e peito. Uma de nós teria que mudar, ou sair, já que com a mesma personalidade não poderíamos habitar o mesmo espaço sem causar grandes catástrofes. E, ainda assim, contando ela com a larga vantagem de ser a mais sábia, decidiu que eu iria mudar. Ou melhor, ela iria me mudar. Durante outros dois anos ela me moldou como água na rocha do mar. Não, água, não. Um maremoto.

“Humanize-se!” foi a frase que ela proferiu e que me perfurou como uma adaga.

Pensei, caminhei, analisei e com o passar do tempo concluí que realmente havia algo que merecia uma senhora mudança. Apesar de ter a vida de pessoas sob minha responsabilidade, eu nunca havia de fato assimilado que aquelas vidas eram como a minha.

Quando me sentei naquela outra cadeira, um ano após, minha vida se tornou uma corredeira. Águas geladas, pedras, quedas. Entendi que a minha volta havia pessoas que queriam não menos atenção que eu e precisavam de minha disponibilidade e amor pra dar-lhes isso. Entendi que o sofrimento que eu carregava era somente amenizado quando estava lá, dando o melhor de mim para aquelas pessoas. E quando tudo isso ficou bem claro e definido, então eu me tornei, efetivamente, uma profissional de Recursos Humanos.

Hoje, ainda que ganhando bem mais do que quando comecei, a bagagem de conhecimento que carrego não tem valor que se possa pagar. As portas que se abrem a cada dia, as amizades, as influências, as trocas, tudo é fruto de uma dedicação e de uma consciência que, agradeço muito aquela baixinha, foram plantados em mim e germinaram belíssimas e fortes raízes.

Um dia estranhei ouvir a expressão “ser RH”, que não é a mesma coisa que “trabalhar no RH” ou “estar no RH”. Ser RH é olhar o outro como extensão da sua própria vida, cuidar para que ele tenha boas condições de trabalho, jamais esquecendo da saúde financeira da empresa. Ser RH é zelar pelo patrimônio mais importante de uma organização.

E é graças a essa visão e a essa profissão tão rica que o meu mundo hoje é muito melhor. Dentro de mim existem outras vidas.

Meu carinho e profundo respeito a todos os profissionais de Recursos Humanos do Brasil.

E meu obrigada a todas as 13 mil vidas que me animam a continuar a luta todos os dias.

L.