A memória é falha. As vezes por nossa vontade. Um dia tudo isso se apagará: a beleza dos domingos de Sol, a euforia das noites de Lua e a sinceridade dos sorrisos. Chegará o dia que em que tudo isso não passará apenas de dados da minha ficha técnica junto a Deus. Estes são os registros dos melhores momentos de uma vida simples, porém agitada e enfeitada de laços coloridos de amor. -/- Lucille
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
Lugar certo, hora exata
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Deixa assim
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Sinceramente
domingo, 25 de outubro de 2009
domingo, 18 de outubro de 2009
Índia de arco e flecha
sábado, 17 de outubro de 2009
Princípio
Algumas verdades são tão duras e frias que, mesmo sob o nariz, nos recusamos a sabê-las. Às vezes, a verdade chega a cegar de tão clara, porém, dificilmente é admitida. De outras vezes, a verdade é tão indizível que chega a ser considerada mentira. E, na maior parte do tempo, é necessário que outra pessoa nos obrigue a parar de olhar por cima do ombro a fim de achar a verdade, pois ela está justamente encarapitada sobre os nossos pescoços.
Cheguei a acreditar que vir aqui, olhar o editor de texto vazio e nada encontrar que pudesse ser escrito, fosse nada menos ou mais que o grande terror de todo escritor: o momento em que a mente não organiza as idéias de modo a transformá-las em texto. Todas as noites, dias e tardes em frente ao computador em que passei sem ao menos duas linhas, para mim nunca passaram de falta de inspiração.
E por que alguém perde a inspiração de fazer aquilo que tanto lhe dá prazer?
Todas as noites um ritual era cumprido. Lágrimas rolavam como que convidadas de casa, tão habituadas a estarem comigo por lá. Religiosamente ao deitar, ou ao me dar conta da solidão, sem um motivo especificamente forte que justificasse tanto pesar. Nem o cisto e nem mesmo o mioma foram capazes de provocar tanta tristeza traduzida em choro fino e soluço agudo.
E por que alguém chora sem motivo?
Um do meu lado e outro distante alguns minutos. Tendo mais dificuldades de horário, dinheiro e disposição, já fui atrás dos dois pequenos sóis da minha caminhada. E agora, no entanto, eles ficaram alguma coisa fora do contexto do momento. Não fui, não vi, não ouvi. Não quis saber.
E por que alguém se afasta das pessoas que mais ama em todo o universo?
Decididamente os últimos meses de novembro e dezembro tiveram peso quase devastador sobre mim. Quase, porque havia um Deus comigo que não me deixou tombar sobre os joelhos e assim ficar mais tempo do que o necessário. E, quando Ele estava ocupado com outras pessoas, deixava ao meu lado seus anjos. Dentre tantos, um chegou montado no cavalo alado, com a missão de devolver os dias de sol ao meu verão. Quantas e quantas vezes ouvi aquela voz rouca e arfante me pedir pra ficar mais, pra dormir por lá, pra ir mais vezes? A missão foi bem cumprida, mas eu queria que não, que ele falhasse. Sem mais e nem porque a dei por encerrada. Foi o início da série de auto-sabotagens a que me impus. Foi apenas a primeira.
Qual a verdade de alguém que se neutraliza de todas as dores e mágoas?
A última noite de quinta-feira trouxe a resposta para as dúvidas sequer imaginadas por mim. E não é uma chamada a realidade muito boa, pelo contrário, a verdade desceu como um véu negro, grosso e pesado. A verdade é uma só e desagradável, mas eu tenho fé. Deus colocou um anjo precioso do meu lado, um anjo que me acompanha há um ano e dois meses, que retira de mim as verdades que nem eu mesma sei que existem. E essa verdade, bem, eu que estava procurando a resposta no lugar errado.
Os próximos passos ainda são uma incógnita. Apenas uma instrução permeia meu dia: não dar linha demais à pipa. O que isso significa? Que existe uma separação tênue entre o momento ruim e um péssimo que pode vir, e que vai depender forçosamente do meu caminhar, sabendo qual a verdadeira vilã da história.
Passar horas na livraria ainda é um santo remédio.
E que assim seja e continue sendo. Amém.
L.
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Definição
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
A número quatro
Vi nos refletores da ilusão Até onde eu fui, ninguém terá noção Se realidade não se fez realizar A imaginação fará
Quis sair ileso ao coração Já estava preso ao largar tua mão É quando a saudade encosta e mostra o seu poder Se eu não puder te ver
Vê como a gente se espelha e se espalha Um transparece no outro, o que pensa e o que fala Quando um momento é maior poliniza tudo ao redor E faz o amanhã nascer melhor
Vê como a gente se estende e se espraia Teu corpo se veste do meu que não tomba na raia Quem for parar pra me ver, lá no fundo verá você A brilhar em mim
Pedro Mariano - Poder
Composição: Jorge Vercilo
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
sábado, 3 de outubro de 2009
Bem perto
Amar o que se faz
Em minhas histórias épicas de heróis, longas batalhas e gladiadores, a armadura será uma túnica preta, cinturada por uma faixa azul, com um capelo cobrindo a cabeça.
Elisabete, Gestora de Recursos Humanos. Minha Madrinha.
Existem poucas coisas na vida que me dão prazer e orgulho ao mesmo tempo. Fora do ambiente familiar, minha profissão é a que melhor representa essa combinação.
Havia uma vaga para trabalhar em Departamento Pessoal, o salário era de R$400,00 na época, quase o dobro dos R$250,00 que eu recebia como Recepcionista. Eu não tinha a mínima experiência na área, o que, segundo o contratante, era justamente o que ele precisava, uma pessoa crua, sem os vícios do trabalho, para que ele pudesse ensinar e moldar. Com os olhos arregalados, aceitei o desafio. Não tanto pela nova função, muito mais pelo salário. Sandálias, roupas, sextas-feiras na pista... Enfim, eu ainda não tinha a menor consciência profissional, era uma consumista apenas. Por lá fiquei dois anos, até ir para uma grande empresa, mesma função e mesmo desejo de carreira. Nulo. Eu era só mais uma parte do processo. Intransigente, muitas vezes grossa, respondona, malcriada.
Não encontrando um trabalho que se adaptasse a mim, fui parar numa Super empresa, literalmente. Lá conheci uma mulher que era metade de mim em tamanho e o dobro em atitude e peito. Uma de nós teria que mudar, ou sair, já que com a mesma personalidade não poderíamos habitar o mesmo espaço sem causar grandes catástrofes. E, ainda assim, contando ela com a larga vantagem de ser a mais sábia, decidiu que eu iria mudar. Ou melhor, ela iria me mudar. Durante outros dois anos ela me moldou como água na rocha do mar. Não, água, não. Um maremoto.
“Humanize-se!” foi a frase que ela proferiu e que me perfurou como uma adaga.
Pensei, caminhei, analisei e com o passar do tempo concluí que realmente havia algo que merecia uma senhora mudança. Apesar de ter a vida de pessoas sob minha responsabilidade, eu nunca havia de fato assimilado que aquelas vidas eram como a minha.
Quando me sentei naquela outra cadeira, um ano após, minha vida se tornou uma corredeira. Águas geladas, pedras, quedas. Entendi que a minha volta havia pessoas que queriam não menos atenção que eu e precisavam de minha disponibilidade e amor pra dar-lhes isso. Entendi que o sofrimento que eu carregava era somente amenizado quando estava lá, dando o melhor de mim para aquelas pessoas. E quando tudo isso ficou bem claro e definido, então eu me tornei, efetivamente, uma profissional de Recursos Humanos.
Hoje, ainda que ganhando bem mais do que quando comecei, a bagagem de conhecimento que carrego não tem valor que se possa pagar. As portas que se abrem a cada dia, as amizades, as influências, as trocas, tudo é fruto de uma dedicação e de uma consciência que, agradeço muito aquela baixinha, foram plantados em mim e germinaram belíssimas e fortes raízes.
Um dia estranhei ouvir a expressão “ser RH”, que não é a mesma coisa que “trabalhar no RH” ou “estar no RH”. Ser RH é olhar o outro como extensão da sua própria vida, cuidar para que ele tenha boas condições de trabalho, jamais esquecendo da saúde financeira da empresa. Ser RH é zelar pelo patrimônio mais importante de uma organização.
E é graças a essa visão e a essa profissão tão rica que o meu mundo hoje é muito melhor. Dentro de mim existem outras vidas.
Meu carinho e profundo respeito a todos os profissionais de Recursos Humanos do Brasil.
E meu obrigada a todas as 13 mil vidas que me animam a continuar a luta todos os dias.
L.