sábado, 27 de setembro de 2008

Cabrita e Los Cabróns

Sou uma terrível traidora. Estou sempre com um e o coração em outro. Não sei o que acontece comigo, um me dá mais, bem mais, mais que o dobro. Não me cobra por nada ou quase nada, me deixa atrasar sem me fazer o mesmo, não me dá esporro por bobeiras e nem mesmo por coisas sérias e me faz rir intensamente. Com ele tenho amigos e não tenho ciúme de quem já o conhecia. Nossa! Quando estou nele, sou forte e bela. Ele me protege. Às vezes fica frio, insuportavelmente gelado. Mas quando amorna, é o paraíso. E além de tudo, me deixa usar saias curtas! Deveria ser perfeito entre nós, pois nele encontrei o que tanto queria: paz e liberdade. Quando o conheci, há quatro meses, achei que estivesse num delicioso sonho azul, dali para frente eu seria realmente feliz, todos os dias. Durmo pensando nele e quando levanto, é só por ele que tenho forças pra ficar de pé. É por ele que saio sob chuva ou sol, que ando e às vezes corro, por ele que sigo e para ele arrumo forças. Quando começa, não quero que acabe, embora me aborreça algumas vezes, mas queria ter para ele mais tempo do que apenas encontros durante a semana. E como tenho aula, tenho que me despedir no mesmo horário, ficando assim, um gostinho de quero mais todo santo dia.

Não sei se é o pouco tempo de convivência, não sei o que de verdade me causa isso, mas ainda não há nem vestígio de amor. Queria muito olhar a foto, sentir o cheiro, ouvir o telefone tocar e ser tomada pela indefectível sensação de arrebatamento. Queria dar mais de mim.

Infelizmente o coração não acompanha o que a mente e corpo querem. O outro, o que larguei, não se compara em elegância, pelo contrário, me deixava constrangida em certos locais. As pessoas o tratavam mal e não havia o que eu pudesse fazer por ele, mas no fundo sentia orgulho dele, de estar ali, de ser parte da história dele. Foram dois longos anos, com coisas boas, claro, mas com muito dar recebendo pouco ou quase nada, com cobranças absurdas por coisas que não me cabiam ou estavam além de minhas forças. Os atrasos eram punidos com uma cara feia sem dó. Não havia sorriso, ou melhor, não sorriso sincero e farto. Eu era vigiada e isso me tolhia a vontade de continuar. Desconfiança... e mesmo assim eu agi errado com ele. Enganei certamente, assim como fui enganada. Vivemos no jogo de gato e rato o tempo que foi necessário até que eu decidi por fim ao assunto. Chorei, sofri e até hoje sinto uma imensa saudade. No horário do almoço era mais leve, podia sorrir e conversar. Mas no geral, vivia tensa, preocupada com o andar, o falar e saia curta, nem em sonho! Deveria me vestir de princesa, mas o retorno era de plebéia. Não havia paz. Mas havia um forte e raro amor, coisa que nunca senti. Saí de cabeça erguida, entre lágrimas, porém convicta de estar tomando a decisão certa.

Hoje, apesar de cercada no meu mundo perfeito, ainda sinto uma saudade forte, que me corrói as entranhas quando imagino tudo o que poderia ter sido e não foi. Recebo e-mails, em todos a palavra “saudade” vem subentendida ou explícita. Quando passo pela estação, sinto como se parte de mim tivesse ficado por ali, como se minha parte honesta tivesse desprendido do resto e ido embora, enquanto a parte do desejo quis ficar agarrada ao que não existe mais. No fundo, parafraseando Antoine de Saint-Exupery, deixei um pouco de mim nele e acabei trazendo muito dele comigo. Ele me fazia feliz, com seu jeito torto e confuso de conduzir as mais diversas situações. O que nele era ruim, era infernal. E o que dele era bom, ah... era maravilhoso! Eu me arrumava com obrigação de estar apresentável pra ele e em certas ocasiões vestia meu vestido de Rainha de Zamunda e planava pelo salão como que eu fosse a mais importante e especial dele. Sinto uma falta monstruosa de tudo aquilo que me provocava a mais ardida raiva e também um imenso e profundo orgulho. Mas continuo com a certeza de que tomei a decisão certa. Não volto atrás e nem que pudesse voltaria.

Apesar da enorme saudade, sou uma profissional e como tal, tenho que me dedicar ao novo trabalho, mesmo que o antigo emprego seja ainda motivo das minhas lembranças. Trocar a ferrovia pelo mar não foi fácil, porém foi necessário e hoje estou feliz. E o que não está bom agora, teremos tempo para fazer com que fique, afinal amor em mim é o que não falta.

E com três cabróns no currículo sentimental, fiquei mestre na arte de substituir um amor por outro. Pode até demorar, mas a catraca seletiva gira e a fila do coração anda. Ah, se anda!

E eu aposto um pelo da minha sobrancelha como você estava pensando que lá em cima eu me referia a homens, né?

Hunf!

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Prova do dia: Responsabilidade Social das Organizações, completamente discursiva. Desculpa, mas aqui mando eu! Rascunho de uma folha e meia, sobre o tema: “Redija uma carta a um amigo para convencê-lo a participar de um projeto de RS.” Infelizmente, não podia passar de 30 linhas. Se não, seria o e-mail das galáxias! :-D

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Obrigada por tudo. Não me canso de agradecer e acho que nunca será o suficiente. Obrigada por estar presente todos os dias e me estender as mãos nos momentos de aflição. Não faço idéia e nem quero imaginar o que seria de mim sem ti. Esses últimos dias foram secos e somente nós sabemos que não foram fáceis, porém, sabemos que são fundamentais para meu amadurecimento. E com sua ajuda, cresço um pouco a cada dia. Do meu lado quero que esteja pra sempre, me amparando e empurrando pra frente quando eu empacar (como quase fiz agora, né?) E eu lhe serei profundamente grata por me amar e ser meu melhor amigo em todo o mundo. Seu amor é o mais paciente e respeitoso que já recebi. Perdoe-me se o magôo, por favor, acredite, não é nunca intencional. Sou passível de erros, lembra? Mas quero saber que posso contar com seu plácido olhar e suas divinas recompensas em forma de sorrisos que recebo todos os dias. Enfim, mais uma vez, meu mais sincero e uterino obrigada, meu Deus.

Outra vez pensando que era homem, né?

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Em pouco tempo, o pequeno Isaac dará o ar da graça por aqui. Segure-se na cadeira e prepare seu coração porque vem aí, mais uma Super Tia Enlouquecida! Pensou que o time estava completo? Não, ainda faltava Fernanda, a Babona 2008. Uma demonstração dos seus superpoderes: “Quero logo saber o sexo, só que ainda vou ter que esperar mais um bocado. Pedi pra ela marcar uma ultra-sonografia para o sábado, pra eu poder acompanhá-la e ouvir o coraçãozinho do bebê”, horas após descobrir a gravidez da irmã. Welcome to the club, girl! E pra aplacar essa ansiedade doida, mês que vem será a vez de Isaac roubar a atenção do mundo e se tornar o elo entre famílias, corações e cabeças diferentes. E nunca mais haverá o “eu”...

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“O segredo é não correr atrás das borboletas… é cuidar do jardim para que elas venham até você.”

Mário Quintana, meu querido escritor e poeta. Próximo post rechearei com poemas dele que não saem de mim, literalmente, pois carrego o livro na bolsa.

Quero mais, muito mais.

L.

Um comentário:

Anônimo disse...

rs... vc é ótima.
eu não sei como ainda tenho coragem de discordar de vc!!

ontem, eu coloquei a mão sobre a barriga dela e ele chutou tão forte que eu até me emocionei (pra variar).

Tá chegando a hora.

meu amor não sai do palco.
beijos :o)

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