sábado, 13 de setembro de 2008

Voa, borboleta!

Estou com muita vontade de escrever. Já falei tudo que pude na terapia, e agora quero externar ainda mais o que sinto.

A noite de ontem não foi das melhores, um vento enfurecido passou por mim, arrastando o que via pela frente, me deixando atordoada as 23h00min em pleno Largo do Machado. Eu e meu pacote de Yakult. Sem saber pra onde ir (mentira, sabia sim, deveria ir pra casa, mas tinha esquecido o caminho), fui ao mercado comprar alguma coisa. Não queria água, nem mate, nem biscoito. O que estava fazendo ali, afinal? No enorme carrinho, só havia uma mochila azul, nem mesmo a vontade de estar cheio havia nele. Vagueei pelos corredores observando as pessoas mais felizes que eu, que sabiam bem o que estavam fazendo ali. Curiosamente percebi que o corredor mais cheio era o das bebidas. Jovens e casais selecionavam qual seria a diversão da noite. Até eu mesma, no meio de tantas dúvidas, parei por ali. Mas me lembrei que beber só é muito chato. Quem vai rir da sua cara quando o álcool fizer efeito e te contar no dia seguinte? Diversos casais estavam ali, comprovando minha teoria de que a sexta é dia de ficar com a outra metade da laranja.

Pensei cá comigo: já que não tem ninguém, e não vai ter pelo menos pelas próximas semanas (ou meses, ai meu Deus!), então eu vou cair dentro de toda a sorte de guloseimas e porcarias possíveis, já que não precisarei encolher a barriguinha pra agradar ninguém. Só que meu estômago não estava em concordância com este decreto. Depois de duas semanas tomando remédio pra circulação, todo o corpo passou a funcionar em desordem: muita dor de cabeça, estômago e uma TPM do décimo oitavo inferno. E a perna, que deveria desinchar com a medicação, se transformou em uma bola de chumbo daquelas de presidiário. Sendo assim, a sessão de autodestruição teria que ficar pra depois. Como precisava dar um jeito naquela dor, comprei o leite fermentado, na esperança de que os lactobacilos fizessem uma faxinazinha em minhas profundezas gástricas. Funcionou. Logo estava no recanto sacrossanto do meu lar, refestelada em minha cadeira giratória me dando ao trabalho de responder mensagens. Como quem replica o quer, recebe a tréplica que não quer, em algum momento tomei uma bordoada, já esperada, claro, mas que sempre e sempre terá o poder de se dirigir diretamente ao meu calcanhar de Aquiles.

Lembrei-me da frase de uma colega de faculdade, já casada e com filhos, com aquele semblante sereno que só as mulheres resolvidas têm. Quando outra colega chegou à sala contando que tivera uma discussão com o namorado, que estava mal, mas não abria mão, pois estava certa, nossa sábia amiga saiu-se com a frase “Eu posso ter a razão, mas o outro tem a necessidade”. Aquilo me chegou como um tapa, passei horas analisando o sentido da frase. No fundo, ela tinha razão. Por mais que estejamos certas, o outro terá a necessidade da nossa compreensão e perdão.

Hoje acordei antes do despertador, mas me obriguei a descansar mais. Quando tornei a abrir os olhos, me assustei com o risinho do meu lado. Virei e aquele pequeno ser estava em pé na minha cabeceira, provavelmente esperando que eu levantasse de um salto e fosse pra rua com ele. Ganhei beijos reconfortantes e um colinho macio, onde peguei no sono novamente. Quando finalmente chegou à hora de partir ao encontro de Juliana, já não havia tanta dor, e, que felicidade!, havia até uma esperança. Fui-me com uma hora de antecedência, deixando atrás de mim um bicudinho ansioso por estar comigo em outra aventura.

Hoje, enquanto ia falando e me atropelando, quase em lágrimas, Juliana me olhava com uma expressão estranha. Acho que finalmente comecei a mostrar pra ela o que de fato me aflige. Será que quando ela me conhecer a fundo vai me achar um monstro sem coração como meu ex diz?

Quando saí, bati asas rumo ao esconderijo do bicho. “Borboleta não carrega rato”, dizia o recado na minha página do Orkut. As pernas bambas e as mãos tremendo quase não podiam fazer o que estava prestes a fazer. Lembrei dos filmes de invasão inteligente, sem mortes nem confusão, apenas uma entrada de mestre. Em segundos, eu estava na toca do bandido. Senti-me como uma criança numa loja de doces: tudo ali na minha frente, a minha disposição. Poderia fazer o estrago que fosse, não havia ali ninguém que pudesse me impedir. Eu estava só. Bastava um dedo. Apenas um dedo seria suficiente para apertar o botão do FDS e levar o caos ao local. Um dedo que empurra tudo de encontro ao chão. O dedo médio!!!

Liguei para fazer uma nova tentativa de resolver a questão na diplomacia, mas quando o indivíduo se sente no topo do mundo, só mesmo um meteoro em urgente deslocamento é capaz de derrubá-lo. E eu sou Estrela. Guardei o telefone e tratei de aquietar-me. Arrumei tudo bem bonitinho, deixei pra trás o que não me teria valia e chamei o transporte. Meia hora ele me pediu e enquanto aguardava, fui estudar. Afinal, alguém tem que mandar em quem trabalha, certo rato?

No carro, o vento acariciava meu rosto quente e eu me sentia livre, fugida, mas liberta. Escrava de mim mesma, era o que o eu era. O cinto de segurança quase não podia segurar o peito estufado e o carro estava pequeno para tanta bolsa e uma esperança enorme que crescia à medida que o céu da cidade ficava mais claro, mostrando o caminho de casa.

Estou de volta. As horas que se seguiram foram solitariamente felizes. Remodelei o blog e estou tentando encontrar a cara perfeita pra ele. Estou aqui, em meio as minhas eternas bagunças, agora somadas ao enxoval e outras tantas coisas que não sei onde poderei guardar.

Tem uma música da Rita Lee, que eu só passei a gostar quando Maria Rita regravou. Por que será? rsrs Agora só falta você cai perfeitamente bem no dia de hoje e ilustra em palavras e melodia o que estou sentindo. Clique com o botão direito, abra em outra janela e acompanhe a letra.

Agora Só Falta Você

Maria Rita

(Composição: Rita Lee e Luiz Sérgio)

Um belo dia resolvi mudar E fazer tudo o que eu queria fazer Me libertei daquela vida vulgar Que eu levava estando junto a você E em tudo o que eu faço Existe um por quê Eu sei que eu nasci Sei que eu nasci pra saber Pra saber o quê? E fui andando sem pensar em mudar E sem ligar pro que me aconteceu Um belo dia vou lhe telefonar Pra lhe dizer que aquele sonho cresceu No ar que eu respiro Eu sinto prazer De ser quem eu sou De estar onde estou Agora só falta você Agora só falta você Agora só falta você Agora só falta...

Agora, se me dão licença, vou ali à casa da vovó jantar. Meu Deus, quanto tempo! Quero muito ter a minha casa e fazer a janta da minha nova família, mas por hora, sigo feliz filando o feijão da vó, enquanto o cara não chega de Pollo branco. Não, esse é o da Catia. O meu virá de 284 mesmo... rsrs (quem me dera!)

E como canta Alicia Keys “got me flyin’ so high in the sky, I can’t control the butterflyz”. :-)

Maravilhoso dia de domingo!!!

L.

2 comentários:

Anônimo disse...

rs... e vc me tirando sorrisos!

eu te amo um tanto, preta.

Anônimo disse...

Oi Lú (olha a intimidade..rs)!!

È bom quando sentimos o que aquela frase diz: "cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é..."

não sabe o quanto me divirto lendo as suas aventuras..rs.

Beijo
ah! Gostei do novo visú do blog.

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