segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Fechando com chave de ouro

Revendo os posts passados – nossa! – percebi que quando digo que vou contar algo no próximo post, nunca conto. Pois bem. Pra fechar 2008 em grande estilo, como eu gostaria de ter feito semana passada, porém a pior empresa de todos os tempos, eleita por mim e vice-campeã de reclamações no PROCON – Oi Telefonia Móvel e Fixa – não permitiu.

Eu determinei que não faria mais isso, mas não há nada melhor do que quebrar regras, especialmente se elas forem minhas. Então, do jeito que meus leitores gostam (e eu também, confesso), aí vai um post no melhor estilo “Querido Diário”. rsrs

Como a mente não funciona mais como antigamente, fica difícil lembrar tudo que aconteceu há duas semanas e que eu tanto queria comentar aqui, mas algumas coisas dos dois últimos fins de semana serão inesquecíveis. Uma delas foi uma noite fabulosa ao lado de amigos e amores no meu, nosso, meu, meu e meu Viaduto de Madureira. Quem me conhece um pouquinho, sabe o quanto eu gosto daquele lugar. Amo. E as energias e as vibrações positivas e tudo de belo e prazeroso que um lugar pode me proporcionar. Há 10 anos, somente no Passeio Público me senti assim, como parte do todo de algum lugar. Lá onde passei um ano inteiro, todos os meus sábados, todas as angústias de amores desfeitos, nascedouro de outros tantos e querido confidente de amizades eternas. Assim hoje é o Viaduto, carinhosamente apelidado por nós de Dutão. Além de ser tudo isso que Passeio um dia fora, Viaduto é também pasto onde vacas e touros convivem em harmonia – ou pelo menos tentam. E quem não souber entrar e sair, acaba se misturando aos ruminantes mesmo sem querer. Bom, acho que vocês entenderam o recado, né? Claro que sim, meus leitores são tudo, menos burros. Tal e qual sua escritora. Hehehe

Enfim, o que eu queria registrar mesmo é que a última noite de Viaduto, o último baile do ano foi O Baile. Dancei de pingar, ou melhor, de torcer e pingar. A blusa. A última vez que dancei assim estava com uma faca cravada no peito, sofrendo que nem camelo no deserto, triste à beça. Como pode uma pessoa estar no limite de suas forças emocionais e dançar feito boneca movida à pilha e com cara de feliz? Simples. Se parasse um minuto, desabaria e sofreria verdadeiramente tudo que se passava apenas internamente. E aí o ex perguntava, enlouquecido de raiva onde estava o meu sofrimento. E eu, com essa cara de ordinária que Deus me deu, como diz a Fê, fingia que não existia. Mentira. Eu apenas aprendi a disfarçar a dor tão bem que até eu mesma acredito estar feliz. rsrs

Nessa última noite, nesse último baile de 2008, descobri que uma bonita amizade teria tudo pra se tornar um amor franco e sólido. Teria, caso eu tencionasse me apaixonar por um amigo tão querido. Mas não pode haver amor nesse terreno, não quando ele me confessa que sai com nada menos que três meninas ao mesmo tempo! Hahahaha Se bem que o último amigo que me derrubou, levou seis anos pra conseguir o feito e quando o conseguiu... lá se vão 12 anos de história. É legal namorar amigo, ou melhor, foi legal com Rodrigo, nossa história foi bastante interessante, mas ainda prefiro fazer o caminho inverso e ter no namorado um amigo. E diante dessa descoberta, o que fazer? Fiquei lisonjeada e ao mesmo tempo assustada, não queria dar o fora no pretendente e mandar embora junto o amigo. Então decidi deixar que minhas atitudes falassem por si. Mantive o amigo e ainda reforcei minha tese de que, não é necessário ir tão longe, às vezes basta olhar pro lado pra encontrar o que se procura.

Essa também foi a noite pra ser fechada com o mesmo beijo da semana anterior, profundo, quente, urgente, meigo, engraçado e preto. O amigo passou por nós e soltou “isso aí vai dar merda, os dois bêbados, já sei onde vai acabar...” Mas ele sabia que eu não estava bêbada, estava perfeitamente em mim naquele momento mágico, até porque, só estávamos abraçados, nada havia ali que denunciasse a tempestade da outra semana. No final da frase e do sorriso forçado, entendi tudo: ciúme. O mais puro e divertido ciúme. Ri sozinha depois e nem me lembrei de comentar isso com ele, se bem que não foi preciso, ele já me mandou sossegar o facho! Hahahaha

Depois dessa farra toda com a minha pessoa, a semana transcorreu maravilhosamente tensa e cansativa no trabalho. E as noites foram de uma atividade que eu odeio: compras. Ô coisa chata! rsrs

Quando tudo parecia caminhar bem, um baque.

A morte durante anos e anos sempre me pareceu coisa bem distante. Na verdade, sempre foi. Não percebi que a idade foi chegando não só pra mim, mas pra todos a minha volta também. Todos têm o ciclo da vida pra cumprir: nascer, crescer, se reproduzir, envelhecer e morrer. E quando o Sol brilhava forte sobre mim, um pouco antes do retorno ao trabalho, a notícia me veio como uma sacudida. Muitas sacudidas. O tempo passa, eles se vão e o que nós aproveitamos?

[Ele me olhava e sorria aquele riso tímido, muito comum em nordestinos. Ele era simples e humilde, no vestir e no agir. Não havia uma só palavra que fosse dita em voz alta, era apenas o suficiente pra ser ouvida. E menos ainda em tom áspero. Quando estava por aqui, eu cuidava do seu café, água, almoço e tudo mais que pudesse uma menina de poucos anos. E quando estava lá, ele cuidava da cana, do tamarindo, da banana, da manga e tudo o mais que podia um homem de muitos filhos e muita luta. Eu gostava do toque dele, a mão extremamente áspera, mas que jamais descia sobre mim com peso, era leve aquela mão calejada. Gostava do cabelo lisinho, tão lisinho quanto queria que fosse o meu naquela época. Ele nunca soube, mas eu queria ser filha dele pra ter aquele cabelo. Ele tinha uma sandália engraçada também. E andava arrastando. Ele todo era engraçado, sem fazer força. Talvez porque, de tudo o que já havia passado, visto e feito, ainda assim ele era uma pessoa feliz. E me transmitia isso com o olhar e seu sorriso pequeno, do qual nunca via os dentes, apenas o arquear dos lábios finos.]

Obrigada, Tio Cícero. Obrigada pelos doces momentos da infância, pelo carinho e delicadeza, pelos incontáveis pedaços de cana e sacos de tamarindo. Obrigada por me deixar intrometer na sua obra e apenas rir de mim quando eu me metia a fazer alguma coisa mesmo sem saber. Quando encontrar Mãezinha Tereza, ajude-a a olhar por nós e leve nosso agradecimento ao nosso amado Deus por nos unir em uma família enorme e feliz. Com todo o meu eterno carinho.

Parti rumo a MA, pra confortar quem ficou. Ao contrário do que pudesse esperar, Mamãe estava conformada, a doença já era conhecida e o fim era sabido. De novo uma grande sacudida quando pensamos nas idades dos que já se foram. Não ela, mas sim eu. Olhei pra um lado, mamãe e do outro, papai. Com sorte, a idade nos levará a todos antes que terríveis doenças ou acidentes o façam. Mas quando chegar o momento, que tenhamos vivido tudo que seja possível a um ser humano saudável.

Quando o fim do dia chegou, eu devia ir pra casa, descansar corpo e mente, o dia seguinte teria ainda muito trabalho pela frente. Mas o telefone tocou. Lá estava novamente aquela criatura atrás de mim. Tempo quente, céu nublado e uma vontade imensa de tirar o pensamento da palavra “fim”. Tinha que descansar, mas... “Vamos beber, você tá precisando.” Affmaria! Acho que foi uma noite em que tudo convergiu para o mesmo objetivo: expor, falar, abrir. Conversamos longamente sobre nós, as gargalhadas e entre um copo e outro. Nessa noite, sim, admito, eu bebi como nunca antes. As traições que sofremos, as que praticamos e nossa enorme habilidade em dar a volta por cima, tudo foi motivo de riso e um sem fim de palavras pra fazer o outro entender tudo. rsrs Lembramos até do Cecéu Muniz! hahaha Papo de bêbado é um barato! Lá estava eu novamente, dominada por aquele par de olhos verdes, risonho e comunicativo, leal e sincero. Era de verdade o que eu precisava pra passar aquela noite bem.

Dia de trabalho pesado, noite idem. “Passo aí e te pego em meia hora.” Não, hoje não quero sair. Fiquei comigo apenas. Sozinha, absolutamente sozinha, sem pai nem mãe, organizando as idéias, discos, livros e nada mais. Revirei o quarto pelo avesso, eu Maria Rita, Pedro Mariano, Mariah Carey e Beyonce. Nós, em conjunto, transformamos o pequeno cortiço num lugar novamente habitável, com novíssimos lençóis, fronhas, travesseiros e o dono do pedaço de volta ao trono: um simpático ursinho Puff na cabeceira. Não sou muito fã do Puff – apesar de adorar a imitação de Puff do Rodrigo! – mas minha mãe me deu o bicho com tanto carinho, meu sobrinho gosta também, tem até um menorzinho, acabei acompanhando a fantasia. Então, enquanto não ganho uma enorme borboleta azul de pelúcia, é o Amarelo quem manda na minha pequena cama. Aliás, além do Puff, toda a roupa que cobre a cama é rosa. Eu não detesto rosa? Pois é, mas decidi que essa história de detestar está com os dias contados. E não foi presente, eu mesma comprei. Tudo rosinha: lençol, fronha, colcha e até a cobertura do colchão. Me sinto a própria Bela Adormecida agora!

Tomei ainda outra decisão: abrir mão de tudo que era “meu”, mas que não me pertencia efetivamente. A madeira do meu armário quebrou com o peso dos cabides. O piso da parte destinada aos calçados cedeu com o peso de uma tonelada deles. Calçados que usei apenas uma vez, pra uma festa ou baile. Surrados de trabalho, já sem condição de combate. Todos entulhados num só lugar, sem previsão de reutilização. Saquei de mim a coragem e enchi cinco bolsas, três de sapato e três de roupas para ser doado a quem vá fazer melhor uso. Meus livros. Até meus sagrados livros entraram na dança.

E ao contrário do que possa parecer, não teve dor e nem pesar. Tampouco tive pena em retirar algo do armário. Foi um processo muito mais interno que externo, nada saiu do armário, mas sim de mim, do meu desejo de mudar.

Arrumei tudo o que me foi possível com apenas dois braços e disposição rinocerôntica. Não havia poeira e nem cansaço que me fizesse parar. Quando dei por mim, havia um passarinho cantando na minha janela, trazendo um lindo dia acinzentado. Tudo estava em ordem por enquanto e para o sono haveria o momento oportuno. Tomei um delicioso banho, peguei a mala e fui viajar, satisfeitíssima com o resultado do meu trabalho.

Fechei o ano com uma limpeza geral. Era o que eu precisava. Era o que eu queria.

Bom, louquíssimos pra saber da minha viagem, assim como eu estou pra contar, mas acabei de tomar um remédio, cujo tempo de sobrevida que me dá é alguns minutos. Capotarei em breve e preciso estar devidamente acomodada na cama, com meu Ursinho Puff nos meus lençóis cor de rosa. Bléh! rsrs

Quero antecipar só uma coisinha da virada: Sr. Vítor Sérgio sendo o primeiríssimo e único a conseguir me achar. Obrigada por não desistir de me buscar.

Agora preciso ir. Puff já me grita lá da cama, pois se sente sozinho. E é muito chato ouvir os berros de um urso de pelúcia amarelo, ou melhor, abóbora. Ele é abóbora!

Não! O remédio não é alucinógeno, é apenas um antialérgico que dá sono. Hehehe

Maravilhosa semana pra todos nós!!!

L.

Um comentário:

Anônimo disse...

Que altamente muito muito legal isso...
Assim mesmo... rss


Beijo e feliz 2009..


Neo
Todos os Sentidos

Postar um comentário

Obrigada por vir e por ler!
Fique a vontade para comentar, sua opinião é muito bem-vinda.