quinta-feira, 25 de outubro de 2012

O melhor está por vir

Acordei meio sem saber por que e nem para que. Aos poucos fui me lembrando: era dia de trabalho. Uma segunda-feira quente, porém cinza, céu ainda de um azulado escuro por começar uma hora mais cedo.
Apesar do enorme amor pela profissão e pelo trabalho em si, naquela manhã vinda de um fim de semana agitado física e emocionalmente, eu só queria continuar mais dez minutos na cama. Não, mais dez horas. No escuro, no silêncio. Tipo inexistente, fora da área de cobertura, apagada, tuuuuuuuuu...

Não deu, o dever falou mais alto, apesar da vontade ser mais forte. Ônibus lotado, eu em pé, trânsito, calor. E a mente na cama, no aconchego do edredom, no silêncio da minha casa.
Dia correu como previsto, até mais rápido que de costume. No final dele a exaustão dominava. Telefone tocou, vi o nome e deixei que cansasse. Já havia ligado no domingo e eu não retornei. Ele não cansou. Porque no fundo eu esperava que desistisse, porém mais no fundo eu desejava que não. Atendi. E aquela noite quente, sem lua, sem brisa, se transformou numa daquelas tardes de sábado banhadas de Sol em que eu o via trabalhar e achava bom tê-lo por perto, mesmo que não como eu gostaria.
Ligou pra saber como eu estava, pra me cobrar por não ter ligado mais e pra checar se estava bem. “Então se você está bem, eu estou bem também”.
Ele não soube, mas quando desligou deixou do outro lado da linha alguém que sorriu feito menina com doce, talvez porque seja desta forma que me terá pra sempre: uma menina, a dele.
Muita coisa fez sentido naquele momento: acordar, trabalhar, o dia. A aflição e o medo ficaram mínimos ante a força da voz grossa e familiar. E por assim saber, encontrei as razões que precisava sem buscar, para continuar a construção do que busco e preciso  com ele, Nilson Nascimento.


Lucille

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