quarta-feira, 31 de julho de 2013

Ser mulher

Houve um tempo em que mulher era um erro de Deus quando a cegonha descia do céu para presentear as famílias com novos membros. Crescia assim um pouco deixada de lado, porque enquanto não aprendesse a costurar, cozinhar e ajudar nos afazeres domésticos, não era parte efetiva da família.



Houve um tempo que mulher era feita para o lar. Quando grávida, ao lhe perguntarem se era menino ou menina, sorria ao dizer que era menino: dá menos trabalho. Enquanto criança, apenas bonecas de pano. Já menina: sente-se pernas fechadas como moça direita! Depois de moça: boca fechada, olhos para o chão, fique perto apenas de outras moças e jamais fale com homens, pois isso é coisa de mulher da vida. E ainda moça: estudar é coisa de desfrutável, mulher letrada desobedece o marido e é preferível filha morta que descasada. E moça-casada-mãe: Senhor, me mande um menino para alegria do meu marido! Houve um tempo que ser mulher era sinal de castigo divino, porque mulher era um peso-morto no mundo enquanto não fosse moça casadoira, o que, dependendo de sua beleza, poderia até render um bom dote ao pai da noiva.


Mas isso foi há muito tempo, lá em 2013...


LN

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