Caminhando,
absorta nos pensamentos mais profundos, ora em banalidades. Estudando o tempo,
o céu azul e suas variações ao redor. Conversando com amigos ou em intensa
atividade profissional, não importa: sei que estou sendo observada.
Cada
gesto, olhos, cabeça, pernas, tudo é analisado. Sem julgamentos, sem peso: só
observação. Há quanto tempo? Não sei precisar, só sei que quando me dei conta,
todos os meus movimentos eram decorados de algum lugar.
Um
dia percebi, assim como quem tropeça no início da escadaria e descobre que
existe um mais um degrau ali nunca antes notado. Percebi e quis provar, porque
bem poderia estar errada, bem poderia ser impressão ou só vontade. Notei, não tanto
quanto era notada, mas sentindo que havia algo estranho, dediquei um pouco mais
de atenção ao outro lado do caminho. Lá estava, bem ao meu lado, parado,
imponente, majestoso talvez, olhar fixo em mim. Me movi, me virei: como um robô
a criatura me alcançava com olhar de rede.
Sorri
assustada — havia um degrau, alto, bem alto.
Razão
nunca foi o meu forte, admiti. Já a emoção... Um enredo curioso me fez num
bicho, corpo e alma direcionados para sua presa até conseguir sufocar e
abatê-la, pouca luta, pouco esforço, grande vitória. A vitória da atitude.
E
por que lutar? Contra o que ou quem? Sabendo que a tentativa de fuga seria
perda de tempo diante de sua impossibilidade, aquiesci.
Seguida,
acompanhada, cada movimento, de perto, de longe, sempre.
Por
isso e pelo que se seguiu, não deve haver luta.
Condescendente,
entendo e quero mais.
LN
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