Momento delicado, de desconhecimento.
A ignorância me assusta, me apavora. Lidar com o que não sei
é difícil, me deixa vulnerável. O desconhecido sabe quem eu sou, o contrário
não.
Tudo que aprendi — evoluindo, errando, tornando a fazer até
acertar — foi fruto do autoconhecimento que, com ajuda profissional, busquei
incansavelmente. Das tardes de sábado, até as noites de sexta-feira, das quais
sinto saudade e sou grata, pois são lembranças boas de um processo solitário de
amadurecimento.
Isso tudo me trouxe uma visão minha pronta, muito clara, mas
também deixou espaço para outros florescimentos: ainda posso ser mais, melhor
ou pior, ao sabor dos acontecimentos.
No entanto, algo acontece que me tira o sono, o sossego: a
passividade. É bem verdade que a saúde não me permite mais aborrecimentos, mas
também é verdade que minha natureza nunca foi respeitadora desses limites
físicos ou psicológicos. Se não pode, aí que dá vontade, e se dá vontade, quem
é capaz de dizer que... Já fiz!
Ultimamente o sono me ataca com uma ferocidade de duas
noites em claro, ainda que não passe nenhuma. Sem dia, sem hora certa: é um
cansaço anormal. As vezes sinto o coração bater com uma pressa alucinada,
noutras quase como se fosse um enorme sacrifício. E isso tem acontecido com
mais frequência: parece que tudo vai parar a qualquer momento.
Questiono o tempo que isso tudo começou a ocorrer. Um dia eu
tinha um casamento com o qual havia sonhado, com a pessoa que eu tanto
desejava, tinha um trabalho que eu amava profundamente, com as pessoas que me
compreendiam e preenchiam o que me faltava profissionalmente. No outro dia
acordei e não tinha mais nada disso. E aí a pressão deu picos, o coração
subitamente mandou um recado: cuidado! Ver o mundo escurecer numa tarde de
sábado não foi nada agradável, tive muito medo, mas enchi o peito de coragem e
segui para minha aula. Fosse a hora derradeira, seria muito bem aproveitada,
fazendo aquilo que me dava prazer.
Mas agora... agora peito sobe e desce tão pausadamente, como
se o coração lutasse bravamente pra me manter viva enquanto eu me deito para
dormir, e, não obstante, durante o dia o cansaço continua. Uma morosidade que
não me é típica, falta de vontade de tudo.
Anjos me rondam: a todo custo me tiram de casa, caso contrário
sucumbo a essa falsa vontade de não caminhar mais. Sei que é estranho, errado,
mas não sei o que é.
Espero saber em breve, e seja lá o que for, que passe logo.
Lucille
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