sábado, 18 de setembro de 2010

Amigos e divagações


O que chamam de rugas, eu chamo raízes – que de seus olhos brotem flores, e sussurros de caules azuis
Lauro Henriques Jr. in Revista Vida Simples, p. 82, set. 2010

Nestes dias de ausência da vida normal (normal?), senti uma vontade danada de escrever. Cotidiano apenas, nada de extraordinário. Ando tão distante das atividades comuns que até as anormais me parecem habituais.
Estava há poucos segundos de ser encontrada por uma estrutura de ferro, suporte da iluminação, que descia ao encontro dos desavisados que foram parar, inadivertidamente, num show de rap nacional. Há tanto tempo que não saía de casa, desde o advento da monografia, que deixei a mente vagar por algum lugar daquele espaço tão conhecido, enquanto vândalos subiam no palco e o derrubavam com toda “revolta” que tinham direito. Ouvi meu nome ser gritado uma, duas vezes, mas não olhei para cima. Senti mãos me puxando com força para trás. Foi então que vi desabar o orgulho da massa que luta contra o sistema, mano. Não fosse Cátia, talvez eu tivesse me machucado sério e, justamente nessa fase em que nem deveria estar na rua, teria aí umas boas semanas de molho e arrependimento por ter ido ao Viaduto em dia de show dos Racionais. Por sorte ― ou determinação divina ― ela estava lá, atrás de mim, atenta, companheira, amiga, leal. Devo a ela a saída ilesa de uma quase-tragédia, que no fim, foi apenas uma grande palhaçada, afinal, os manos tinham toda razão e nem sei porque não rolou nada pior. O fato é que, graças a Deus, eu tenho uma grande e importante aliada.
E lá do meio do mundo ressurge o amigo que foi sem nunca ter sido. Leitor fiel do Bllog, admirador solitário das palavras que ora faço minhas. “Eu fui condenado sem ter juiz”, cantou Pedro Mariano. Foi assim que eu me senti. Mas como resistir a um humilde pedido de desculpas? Ainda mais eu, que desejo ser perdoada por todas as minhas falhas ― as cometidas deliberadamente, inclusive ―, não faço sequer menção de negar. Quem sou eu para não perdoar outro ser humano como eu? Sê bem-vindo de volta ao seio de minhas aventuras, querido Flávio.
Eu não quero mais sentir isso. Não foi uma frase dita em vão ou premeditada para ganhar a piedade de ninguém. Mais uma vez foi mais para mim do que outra coisa: um pedido de socorro, uma confirmação, um alívio. Não quero mais, seja de quem ou como for. Prezo a liberdade e preciso saber como dá-la também, e, para isso, é necessário que eu mesma me liberte de mim. Ninguém tem responsabilidade sobre os meus sentimentos. Felicidade, ódio, amor, ciúme. Eu sou dona do meu viver e estou ainda aprendendo a lidar com tudo o que me faz bem e mal, sem que isso se transforme em desgaste, trágico ou não.

O que quero agora é aquietar a alma, porque corpo e mente estão acelerados. Pois bem, acho que estou no caminho certo.
Jesus vai na frente.

L.

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