Eu escolhi ser quem sou
Foram
cinco anos, sem interrupção.
Sábados,
terças, quintas, segundas; tardes e noites, uma hora por dia. Cada quarto de
hora representou um pedaço de descoberta de mim mesma.
Esse
momento é de desapego, embora separação sirva melhor ao que eu sinto agora. Como
tudo tem um lado positivo – e esse foi um dos grandes aprendizados do período ―, é também o momento que eu ansiava
que chegasse, quando naquela primeira manhã de sábado, me propus a buscar
ajuda.
Eu
sabia que sozinha não daria conta de tantos conflitos internos, de pessoas que
atravessavam o meu caminho e me deixavam em resto e pó, de mim mesma, que nunca
soube abaixar a cabeça.
Hoje
sou mais esperta, porque aprendi a aquiescer, ceder, recuar. Não há glória em
posar sempre com o troféu de vencedor de briga, discussão. São coisas pequenas,
que não valem e nunca valeram minha paz de espírito. Quem briga tem a efêmera
sensação de sucesso, de derrotar um imaginário inimigo, sem saber, no entanto,
que o verdadeiro inimigo é aquele que aparece no reflexo do espelho. E ser
vitorioso para si não é tarefa das mais fáceis. Há que se ter capacidade de
compreender que a mudança é feita de dentro pra fora e não o contrário.
Minha
missão para comigo foi cumprida: apesar de não conseguir a inexistente
perfeição, hoje durmo tranquila sabendo que sou vitoriosa em abaixar a cabeça
quando algumas pessoas que me cercam simplesmente a perdem.
Não
é uma despedida, ainda temos trabalho pela frente, mas uma etapa foi concluída
e isso me deixa um pouco de vazio. E receio também: estou apta a caminhar
sozinha? Ela diz que sim e se diz, acredito, confio e me agarro a certeza de
que meu caminho quem traça sou eu. Sentimento, percepção, análise, tolerância:
construindo um novo eu dia a dia. Eu escrevi essa história, no meu tempo.
Quando
decidi que assim seria, busquei as ferramentas e os meios de alcançar o
objetivo. Infelizmente, ainda olho para os lados e vejo pessoas que não
lograram sucesso em sair de suas cascas mesquinhas e corroídas pela mágoa e
traumas ― sequelas de
uma infância igualmente corrompida de forma cruel, com sinais tão aparentes
quanto profundos. Sinto realmente pena de quem bate no peito por ser difícil,
genioso, intragável, grosseiro. Sinto mesmo, afinal, viver sozinho sem carinho
e afeto é triste. Plantar mágoa e colher mais amargura? Mas, como aprendi
nesses cinco anos, mudar é escolha de cada um. É impossível voltar no tempo e
alterar o passado, trocar ou devolver pessoas, mas o presente é dado para que
se possa transformar o futuro, e não repetir os erros alheios que desembocaram
na cabeça de um adulto confuso, perdido e agressivo.
Adulto?
Agora
eu sou. =)
Obrigada,
Juliana Rodrigues. Em meu nome e em nome de todos aqueles que hoje podem
desfrutar da companhia de uma pessoa positiva, esperançosa, risonha, falante,
sociável e, acima de tudo, conhecedora de si mesma.
Lucille
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