Só de achar, só de
pensar, só de não lançar um olhar um pouco mais demorado sobre algo, a gente já
erra.
Meses se passaram desde a
última vez que escrevi. Parecem anos, e ao mesmo tempo sinto que nunca parei. O
tal do terror do escritor: a folha em branco. Quantas vezes me assombrou?
Quantas vezes abri o editor de texto e o fechei? Quantas vezes sequer o abri?
Hoje é feriado, fui à
varanda a passos largos e arrastados, fruto da crise de sinusite. Olhei o vaso
de plantas que segue sozinho no chão cinza, símbolo da resistência. Da dor e da
resistência. Duas ou três folhas já haviam morrido, uma delas eu mesma
arranquei. A planta que inicialmente não era minha, ficou sob meus cuidados.
Há cerca de dois meses ou
menos, notei que o vaso tinha um buraco na terra bem próximo à borda. Temi que
fosse um rato ou algum bicho cavando a terra da planta. Fiquei mais atenta.
Nada mudou com ela, nem mesmo o tal buraco. Aproximadamente um mês atrás notei
o mesmo pequeno buraco em 3 pontos distintos do vaso. Tão estranho... Quando
olhei com a luz do dia, parecia milagre, mágica: lá estavam 3 lindos brotos de Espada de São Jorge saindo dos buracos.
Sorri feliz diante do milagre da vida, a vida que surgiu ali sozinha, sem forçar, sem pedir, nem obrigar: como que seguindo seu curso normal, a planta se multiplicou. Minha reação imediata foi fotografar e enviar ao seu dono de origem. Não havia maldade, apenas queria mostrar a evolução, a esperança em forma exata. Ele também não acreditava que a planta pudesse sobreviver, parecia estar morrendo.
Então pensei melhor...
Quando ele se foi a planta “ressuscitou”. Foi comigo, com meus cuidados, com
meu carinho que ela se tornou quatro partes naquele vaso. Ela é minha. E eu sou
dela, pois renasci também quando me vi cuidando dela, observando seu
crescimento, tendo fé que melhoraria.
Meu pé de Espada de São
Jorge: a prova de que o buraco pode ser apenas o espaço necessário para o
surgimento de uma nova vida. Essa é a minha luta.
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