Certas
coisas não carecem de documento, de identificação, de nome ou qualquer tipo de
título. A essas coisas costumo chamar de sentimento. Não há necessidade de
definição porque é justamente a liberdade que faz sua existência ser tão forte
e real.
Estava
sentada, sol batendo nas pernas cobertas enquanto deslizava os dedos pelo
celular. Nos falávamos desde cedo, eu estava contando a ele sobre minha
irritação com alguém que tentara forçar uma intimidade para a qual eu não havia
dado liberdade. Estava muito aborrecida. E mesmo assim ele conseguia me fazer
rir de mim mesma, ele ria de mim e a coisa se tornava menos pesada.
O
dia ia caindo, ele me acompanhava entre suas tarefas diárias, tirando um pouco
do seu corrido tempo para dar atenção ao que eu queria dizer. Sempre foi assim:
me ouvir, saber o que eu penso e sinto, se dar ao trabalho de prestar atenção
na fragilidade por trás da capa de super mulher que eu visto: isso o colocou na
posição de um dos melhores amigos que tenho nessa vida e o único homem que
consegue entender meu funcionamento.
São
quase 10 anos de amizade.
Interrompemos
por alguns anos, falta de maturidade de ambos. Quando a vida adulta nos chamou
à responsabilidade e tudo ao redor ficou pesado demais para seguir sem um amigo
como nós éramos, nos reaproximamos.
Abraço
apertado na escada. Quantas horas se passaram naquele abraço, não sei. Sei que
muito nó foi dissolvido, sei que muita energia positiva emanou naquele momento.
Foi
uma tarde agradável, feliz, com tanto assunto, coisa pelo meio pra começar a
contar outras, risadas, revelações, tanta alegria e tanta angústia que a gente
carrega no peito e nem sempre pode dividir com qualquer um, coisas que só
contamos à quem confiamos plenamente. Analisamos fatos, ouvimos e entendemos um
ao outro. E a tarde virou noite tão rápido, numa visita que poderia durar dias
facilmente.
Outro
abraço... Como ele é mais alto que eu quando estou sem salto! Pensei, mas não
falei, não dava pra dizer nada enquanto me perdia no tempo e no espaço de olhos
fechados, no calor daquele aperto tão irmanado a mim, tentando guardar um
pouquinho mais daquele momento tão feliz.
Somos
tão diferentes, mas encontramos nisso o melhor motivo pra construir uma amizade
boa, com amor e respeito, com limites e carinho. E eu só posso agradecer a Deus
pela vida dele, pelo prazer de fazer essa caminhada sabendo que posso contar
com pessoas do bem como ele.
LN
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