quinta-feira, 5 de junho de 2014

Lealdade

Certas coisas não carecem de documento, de identificação, de nome ou qualquer tipo de título. A essas coisas costumo chamar de sentimento. Não há necessidade de definição porque é justamente a liberdade que faz sua existência ser tão forte e real.


Estava sentada, sol batendo nas pernas cobertas enquanto deslizava os dedos pelo celular. Nos falávamos desde cedo, eu estava contando a ele sobre minha irritação com alguém que tentara forçar uma intimidade para a qual eu não havia dado liberdade. Estava muito aborrecida. E mesmo assim ele conseguia me fazer rir de mim mesma, ele ria de mim e a coisa se tornava menos pesada.

O dia ia caindo, ele me acompanhava entre suas tarefas diárias, tirando um pouco do seu corrido tempo para dar atenção ao que eu queria dizer. Sempre foi assim: me ouvir, saber o que eu penso e sinto, se dar ao trabalho de prestar atenção na fragilidade por trás da capa de super mulher que eu visto: isso o colocou na posição de um dos melhores amigos que tenho nessa vida e o único homem que consegue entender meu funcionamento.

São quase 10 anos de amizade.
Interrompemos por alguns anos, falta de maturidade de ambos. Quando a vida adulta nos chamou à responsabilidade e tudo ao redor ficou pesado demais para seguir sem um amigo como nós éramos, nos reaproximamos.

Abraço apertado na escada. Quantas horas se passaram naquele abraço, não sei. Sei que muito nó foi dissolvido, sei que muita energia positiva emanou naquele momento.

Foi uma tarde agradável, feliz, com tanto assunto, coisa pelo meio pra começar a contar outras, risadas, revelações, tanta alegria e tanta angústia que a gente carrega no peito e nem sempre pode dividir com qualquer um, coisas que só contamos à quem confiamos plenamente. Analisamos fatos, ouvimos e entendemos um ao outro. E a tarde virou noite tão rápido, numa visita que poderia durar dias facilmente.

Outro abraço... Como ele é mais alto que eu quando estou sem salto! Pensei, mas não falei, não dava pra dizer nada enquanto me perdia no tempo e no espaço de olhos fechados, no calor daquele aperto tão irmanado a mim, tentando guardar um pouquinho mais daquele momento tão feliz.

Somos tão diferentes, mas encontramos nisso o melhor motivo pra construir uma amizade boa, com amor e respeito, com limites e carinho. E eu só posso agradecer a Deus pela vida dele, pelo prazer de fazer essa caminhada sabendo que posso contar com pessoas do bem como ele.




 




LN

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