sexta-feira, 6 de junho de 2014

E coisas que somos muito novos para saber

Há momentos que basta lançar um olhar diferente sobre a mesma coisa para que tudo mude.


Há anos peguei o filme “Dança comigo” na locadora. Vi sozinha em casa, achei interessante, mas não encontrei nada de especial que me prendesse a história. Passado um tempo, vi novamente na tv a cabo. Tornei a ver pedaços em outros momentos, mais por falta de opção que por vontade de rever.

Depois de um insuportável dia comigo mesma, depois de arrumar casa, tirar o lixo, organizar coisas, roupas e andar pela casa procurando o que fazer; depois de tentativas dos amigos de melhorar meu humor com foto da minha bala favorita, com piadas, com ligações (que eu não atendi), com mensagens carinhosas; depois de aprender sozinha a baixar seriados e assistir a três episódios de Game of Thrones... Mesmo depois de tudo isso, o dia não melhorou. A única ligação que deixei passar, também me deixou algo irritada. É...

Liguei a tv e lá estava o filme “Dança comigo”. Novamente sem opção melhor na grade, só filme de violência, ação, terror, esse era o mais leve.

Vi o filme todo até o final. As lentes de contato começaram a incomodar e tive que tirá-las e assistir ao último bloco do filme bem pertinho da tv. Talvez tenha sido isso. Quanta coisa passou a fazer sentido! E no fim do filme, uma música linda que furou o bloqueio da minha couraça emocional.

Enquanto o casal dançava, a música penetrava por alguma fresta, algum furo nessa blindagem invisível.

Já estava indo dormir, fui ao banheiro, escovei os dentes e a música continuava martelando na mente. Decidi que o sono não seria tranquilo se não visse a letra da música. Ainda tentei me driblar fazendo a busca pelo celular, sentada no sofá para não cair em tentação de ir ao computador e perder tempo com rede social e ser obrigada a ignorar as pessoas que quereriam conversar. Não funcionou, tive que ir ao computador. No curto espaço entre o sofá e a cadeira, senti o meio da testa enrugando enquanto os lábios se espremiam numa vã tentativa de conter o que estava pra acontecer. De certo modo não tentei ser forte, apenas deixei. Num soluço rápido e fundo elas vieram. Eram tão quentes, como se estivessem há muito presas, esquentando. Encontrei a música que me tocou ainda com a visão turva pelas lágrimas que caíam inadvertidamente.

Quando tudo se acalmou, vi a letra e a tradução. E finalmente tudo fez completo sentido: o dia ruim, as lágrimas, a música.

Ser forte muitas vezes significa amadurecer, mas o sofrimento também faz parte do crescimento. Ignorar a dor não a faz cessar. É como a água da chuva recém caída: apenas o tempo se encarrega de evaporá-la das ruas, dos telhados, das janelas.

Um filme, uma música. E uma chuvinha morna lavando as minhas janelas.



 




LN

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