Só faz mesmo diferença quando toca em algum lugar onde haja
sentimento. Quando diz respeito apenas a razão, ao entendimento, então é muito
mais fácil de passar por cima do erro alheio.
Semana passada foi aniversário do meu pai, juntamente com a
comemoração do dia das mães. E esse ano eu resolvi que contrariaria a Lei da
Física e estaria em dois lugares ao mesmo tempo.
Quem me conhece de verdade sabe que nesse ponto da minha
vida fazer isso seria mais que importante: seria a prova de os cinco anos
ininterruptos de psicoterapia valeram a pena e que, emocional e
espiritualmente, eu havia conseguido alguma evolução.
Por enquanto a questão ainda não é essa. Nesta semana, mais
precisamente na última sexta-feira, eu tive a real noção de que havia um
sentimento que me movia nesses anos todos em busca de ser apenas filha.
Novamente estive no ponto em que precisava perdoar uma pessoa e entender para
me relacionar melhor, mas quando busquei em mim algumas respostas, concluí que
não havia sentimento que pudesse justificar qualquer atitude — nem de lá e nem
de cá.
Tem uma letra de funk que diz “Aceita que dói menos”. É
verdade: quando você entende que não existe outra forma de ser, a dor é quase
nula, como tomar injeção.
Rever Michel não me tirou do chão, tampouco a sua saída de
cena como das duas outras vezes foi estressante. De que outra forma poderia
ser? De quem mesmo que eu estou falando, de uma pessoa adulta? Eu mesma
precisei de uns dois ou três 18 anos para amadurecer dessa forma, então
acredito que ele ainda esteja no segundo dos vinte, talvez. A raiva sempre vem
na primeira, é inevitável. Ato contínuo, vem a análise minuciosa dos próprios
passos, pois antes de julgar eu preciso saber se, onde e como eu errei, para
que possa me corrigir. Claro que tive culpa, mas apenas a mesma de sempre:
fraqueza. No único momento desse reencontro que de fato me vi errada, fui lá e
pedi desculpas, certa que não poderia parar o aprendizado e repetir as lições
até ficar redondo. Mas o “desaparecimento” como em 2008 e 2010... Imagina um filho de Oxóssi em fuga? Trágico. Pensei:
gente, eu já sou capaz de sentar como adulta e expor o que penso e sinto, sem
brigar, com honestidade, pausadamente. Não saio por aí culpando ninguém pelos
meus fracassos, porque no que pese se tratar de um relacionamento de um casal,
dizer que fracassou automaticamente implica duas pessoas.
Não me emociono mais com isso. Cada um com sua forma de
viver e vamos todos para o seu caminho que, no fim das contas, deve dar em
algum lugar.
Lucille
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada por vir e por ler!
Fique a vontade para comentar, sua opinião é muito bem-vinda.