domingo, 19 de maio de 2013

Só dói quando entra


Só faz mesmo diferença quando toca em algum lugar onde haja sentimento. Quando diz respeito apenas a razão, ao entendimento, então é muito mais fácil de passar por cima do erro alheio.



Semana passada foi aniversário do meu pai, juntamente com a comemoração do dia das mães. E esse ano eu resolvi que contrariaria a Lei da Física e estaria em dois lugares ao mesmo tempo.

Quem me conhece de verdade sabe que nesse ponto da minha vida fazer isso seria mais que importante: seria a prova de os cinco anos ininterruptos de psicoterapia valeram a pena e que, emocional e espiritualmente, eu havia conseguido alguma evolução.

Por enquanto a questão ainda não é essa. Nesta semana, mais precisamente na última sexta-feira, eu tive a real noção de que havia um sentimento que me movia nesses anos todos em busca de ser apenas filha. Novamente estive no ponto em que precisava perdoar uma pessoa e entender para me relacionar melhor, mas quando busquei em mim algumas respostas, concluí que não havia sentimento que pudesse justificar qualquer atitude — nem de lá e nem de cá.

Tem uma letra de funk que diz “Aceita que dói menos”. É verdade: quando você entende que não existe outra forma de ser, a dor é quase nula, como tomar injeção.

Rever Michel não me tirou do chão, tampouco a sua saída de cena como das duas outras vezes foi estressante. De que outra forma poderia ser? De quem mesmo que eu estou falando, de uma pessoa adulta? Eu mesma precisei de uns dois ou três 18 anos para amadurecer dessa forma, então acredito que ele ainda esteja no segundo dos vinte, talvez. A raiva sempre vem na primeira, é inevitável. Ato contínuo, vem a análise minuciosa dos próprios passos, pois antes de julgar eu preciso saber se, onde e como eu errei, para que possa me corrigir. Claro que tive culpa, mas apenas a mesma de sempre: fraqueza. No único momento desse reencontro que de fato me vi errada, fui lá e pedi desculpas, certa que não poderia parar o aprendizado e repetir as lições até ficar redondo. Mas o “desaparecimento” como em 2008 e 2010... Imagina um filho de Oxóssi em fuga? Trágico. Pensei: gente, eu já sou capaz de sentar como adulta e expor o que penso e sinto, sem brigar, com honestidade, pausadamente. Não saio por aí culpando ninguém pelos meus fracassos, porque no que pese se tratar de um relacionamento de um casal, dizer que fracassou automaticamente implica duas pessoas.

Não me emociono mais com isso. Cada um com sua forma de viver e vamos todos para o seu caminho que, no fim das contas, deve dar em algum lugar.


Lucille

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