sexta-feira, 31 de maio de 2013

Primeira fase do teste prático



As vezes dá uma vontade de chutar o balde...
Sabe quando tudo parece dar errado e você só pensa em acabar com a angústia de uma vez?
Aí vem o teste.


Rever meu ex-marido foi uma das coisas mais intranquilas a que me expus. Mas, de toda forma, foi uma das experiências mais valiosas para o meu autoconhecimento.
Nos seis anos de relacionamento, toda vez que havia a possibilidade de voltar, depois de um longo período de afastamento, eu me sentia sempre a adolescente no primeiro encontro: tinha de agradá-lo de qualquer jeito. Cabelo, roupa, lingerie. Mas dessa vez... Bem, dessa vez eu realmente queria “voltar”? A resposta assim de cara seria não, mas eu já me traí outras vezes. Precisava ter certeza de que inteligência e emoção haviam de fato concordado em algo.

Nada de salto, porque eu estava cansada de um dia de trabalho. Nada de roupa apertada e curta, porque eu não estava a fim de seduzir ninguém, só de ficar confortável com meus muitos quilos a mais. Nada de lingerie nova, tamanho PP, porque, afinal de contas, sexo é feito com corpo e não com pano.

Os dias se passaram, tudo, eu disse tudo o que eu imaginava que aconteceria ocorreu na mais perfeita ordem: eu, culpada; eu, maluca; eu, ciumenta; eu que preciso mudar, porque ele mudou, amadureceu. Aí eu concordei. O que? Sim, eu sou tudo isso e mais um pouco, não estou preparada para ter um homem maduro, honesto e são como você. Muita areia pro meu carro.
Discutir pra que? Discordar do que alguém tem certeza? Chega.
A única coisa que destoou do programa foi a minha resposta: — Não.
Dizer não quando a pessoa tem certeza de que você vai dizer sim, puramente porque ela tem sabe que é tudo que você quer e precisa na vida, é algo... Não sei o que é, não tinha ensaiado fazer isso, não sabia que seria forte o bastante pra chegar a esse entendimento sozinha, e justo agora, nessa fase de medo. Só sei que senti o que pensava: se não deu certo até agora, jamais dará. Tudo que eu queria antes continuo querendo, talvez ainda mais, mas não com ele, não assim, não sem companheirismo, não sendo culpada de tudo pra safar as costas de alguém.

Sou bem humana, eu erro e muito! Nunca disse que era santa. Mas eu espero que além de apontar minhas falhas, eu receba orientação para corrigi-las.

E outra: tenho 32 anos, como ficar fingindo que ainda tenho 22 para os que estão me conhecendo agora? Acho feio isso. Não vou mais ao Viaduto todo sábado, não tenho mais pique. Não saio por aí beijando bocas por diversão e nem enchendo a cara pra mostrar algo pra alguém e muito, muito, muito menos tirando onda de rica com a geladeira vazia. Inadmissível pra mim. Outra fase, outros rumos — novos objetivos de vida.


Quando aconteceu a mesma atitude de sempre, aquela velha do sumiço — cansaço, preguiça disso —, eu entendi que realmente precisava me permitir esse teste. Questionei Deus: por que estava me fazendo passar por isso de novo? Por que não o tirava do meu caminho de uma vez? Até que Ele me respondeu. A luta não é contra outra pessoa, ele não me persegue. A luta não é a favor de um sentimento. A luta não é para estar com alguém que eu ame ou que me ame. A luta é contra mim, para mim e por mim. Eu me saboto, eu me coloco em situações que não me fazem bem, mesmo sabendo disso.

Um dia um idiota da pior espécie me questionou: “sei da sua parte da história, mas será que seu ex-marido fez isso a toa?” Não respondi, não merecia resposta, aos doentes o meu silêncio. Ainda mais considerando que a pessoa em questão é super fiel às suas amantes, enquanto a esposa fica em casa cuidando das crianças.
Mas é claro que chegar em casa, com menos de uma semana de casada, e encontrar um louco enfurecido afirmando categoricamente que um ex-ficante meu, de um passado distante, havia ligado pra nossa casa jurando que ainda me amava e faria qualquer coisa por mim, foi no mínimo, minha culpa!

Meses depois quando reencontrei a tal pessoa, rimos disso e dessa doideira toda.
Ah, mas deixa isso pra lá! Toda vez que engulo um remédio da pressão penso que quanto mais deixar de lado esse tipo de gente, garanto mais um dia de vida e saúde.

E quando as coisas não vão bem, sempre tem a possibilidade de piorar, então é bom não facilitar. Passei no teste e tomei outras providências também a fim de garantir a não perturbação da ordem. A minha ordem.


Lucille
 

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