Bateu
uma vontade de reviver os momentos Querido Diário… Sabe quando tudo que você quer
(e/ou precisa) é contar como foi seu dia? Tenho apreço por essa forma de
registro, mas me contenho, caso contrário o blog se torna nada menos que a
continuidade daquelas folhas com linhas em branco, encadernadas e ansiosas por
receber notícias dos meus dias de adolescente.
Mas
há momentos como esse em que se torna inevitável, chega a doer a vontade de
repetir o ato de imortalizar um dia, o meu dia, os meus sentimentos ao longo
deste que foi mais um e ao mesmo tempo único em minha caminhada.
Então,
que me perdoem os leitores que vêm aqui em busca de alguma postagem de
reflexão ou de amor ou de assuntos variados: hoje será apenas hoje.
Querido
Diário,
Hoje
começou ontem, ou melhor, começou na quarta-feira. Pressão alta em 15 x 9,
médico, repouso, licença médica de dois dias. Ah, que maravilha! Só que não.
Acordar cedo na quinta, exame, aparelho monitorando a pressão arterial por 24
horas, braço sufocado de 10 em 10 minutos. Parecia tudo muito ruim, triste,
confuso, doloroso. E era.
Ainda
naquela noite de quinta, apesar do desconforto no braço, estava tudo seguindo
como o curso de um selvagem rio. E poderia piorar. E piorou. Bruno me chamou no
bate-papo do Facebook: lembra do Luiz Ayres? Claro! Fez faculdade com a gente,
fizemos trabalho na casa dele e tudo, gente boa. Pois é, faleceu hoje de tarde,
infarto fulminante.
Minha
mente fez um giro lento de 360 graus. Chorei. Após chorar, me pus no lugar
dele: excesso de trabalho, preocupações, cuidado zero com alimentação, noites
em claro, estresse nível máximo... Queria voltar no tempo, morder a língua,
deixar muita coisa pra lá, sorrir mais, chorar mais, desabafar sempre e jamais
engolir essas coisas que entopem as artérias, como mágoa, rancor, tristeza. E aquele
aparelho estava ali no meu braço me dizendo com rudeza: acorda, garota! De 10
em 10 minutos. Desabou uma chuva anormal, a internet caiu, a televisão a cabo
saiu do ar e devido a uma goteira fui obrigada a apagar a luz da sala. Ali na semiescuridão,
me pus a pensar em tudo que havia contribuído para aquela situação, sendo eu
mesma a maior culpada.
Tomei
uma decisão drástica em relação ao trabalho, em nome de alguma dignidade física
e mental, e da minha qualidade de vida.
O
dia seguinte foi mais ameno, apesar do sono irregular da noite passada. Quando
cheguei ao laboratório para retirar o aparelho, boa surpresa: pressão 11 x 7.
Saí de lá aos saltos, feliz, louca para experimentar viver mais um pouco, como
se a noite anterior tivesse sido um aviso divino de que a mudança se faz
necessária. Um passeio pelo Largo do Machado, depilação, mercado... Hum... que
cheiro bom esse lugar tem pro meu coração. Voltarei assim que der, isso é fato.
Mas não podia abusar. Voltei pra casa, comi peixinho grelhado e fui organizar a
vida em casa. No final do dia, muito papo com uma pessoa querida, Bruno, outro,
dessa vez com boas notícias.
E
aí veio meu sábado, radiante, cheio de cor, de luz, de Sol, de possibilidades!
Mudar a cama de lugar, ou melhor, levá-la de volta ao quarto me animou e
comecei a organizar tudo que ainda estava fora do lugar em casa. Quase perdi a
hora da manicure. No salão, pedi a Fran pra colocar o branco mais bonito de
todos: Batida de Côco. Um banho bom, cachos ao vento, saia longa e regatinha:
pronta pra sair pra aula. No caminho, já no ônibus, bateu uma onda de
felicidade inexplicável. Senti uma paz, um calor bom no peito, sensação boa de
pertencimento.
A
aula transcorreu tranquila, boa tarde de aprendizado, sem sono, sem tédio.
Quando
a obrigação do dia acabou, peguei a reta de casa com um sorrisinho maroto no
rosto. Saiu o anúncio da data da minha formatura — a terceira! Especialista em
Pedagogia Empresarial graduada em Tecnologia de Gestão em Recursos Humanos. Ri
sozinha com a minha própria sugestão de merecer um busto em Santa Teresa! :-)
Enquanto
o ônibus avançava pela Av. Brasil em direção a minha casa, a luz do Sol morno
de fim de tarde banhava meu rosto. Senti-me feliz, agradecida a Deus por esse
dia. Fosse como fosse, tinha sido bom até aquele momento.
Apaguei
no início da noite, um sono muito intranquilo, tenso e até ansioso. Acordei
pensando em quem não devia — ou será que devia? — e achei graça ao lembrar que
a cama no meio do quarto seria menor ainda aos olhos dele. :-)
Ficou
faltando a cereja do bolo pra encerrar o dia, mas tudo bem, não reclamo. Ainda
assim agradeço: o que dependia só de mim foi feito e me deu prazer. O que não aconteceu,
como eu já sabia, é que não deveria ter acontecido. Um cinema com Bruno hoje seria
fatal...
Estou
aqui, ouvindo músicas antigas de Aalyiah e Chris Brown (épocas boas de namoro
com André e Rodrigo), escrevendo, lendo alguns blogs interessantes, revendo a
nova ortografia (complicada) e tomando meu chazinho de camomila pra chamar um
sono mais tranquilo. Espero que faça efeito logo, embora não acredite muito
nisso, pois minha mente está trabalhando a todo vapor com foco nos dois novos
projetos de 2013.
Então
que venha o domingo chuvoso: amanhã seria dia de jogo do Botafogo e eu estarei
lá.
Com
amor,
Lucille
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