domingo, 20 de janeiro de 2013

19 de janeiro



Bateu uma vontade de reviver os momentos Querido Diário… Sabe quando tudo que você quer (e/ou precisa) é contar como foi seu dia? Tenho apreço por essa forma de registro, mas me contenho, caso contrário o blog se torna nada menos que a continuidade daquelas folhas com linhas em branco, encadernadas e ansiosas por receber notícias dos meus dias de adolescente.


Mas há momentos como esse em que se torna inevitável, chega a doer a vontade de repetir o ato de imortalizar um dia, o meu dia, os meus sentimentos ao longo deste que foi mais um e ao mesmo tempo único em minha caminhada.

Então, que me perdoem os leitores que vêm aqui em busca de alguma postagem de reflexão ou de amor ou de assuntos variados: hoje será apenas hoje.

Querido Diário,
Hoje começou ontem, ou melhor, começou na quarta-feira. Pressão alta em 15 x 9, médico, repouso, licença médica de dois dias. Ah, que maravilha! Só que não. Acordar cedo na quinta, exame, aparelho monitorando a pressão arterial por 24 horas, braço sufocado de 10 em 10 minutos. Parecia tudo muito ruim, triste, confuso, doloroso. E era.
Ainda naquela noite de quinta, apesar do desconforto no braço, estava tudo seguindo como o curso de um selvagem rio. E poderia piorar. E piorou. Bruno me chamou no bate-papo do Facebook: lembra do Luiz Ayres? Claro! Fez faculdade com a gente, fizemos trabalho na casa dele e tudo, gente boa. Pois é, faleceu hoje de tarde, infarto fulminante.
Minha mente fez um giro lento de 360 graus. Chorei. Após chorar, me pus no lugar dele: excesso de trabalho, preocupações, cuidado zero com alimentação, noites em claro, estresse nível máximo... Queria voltar no tempo, morder a língua, deixar muita coisa pra lá, sorrir mais, chorar mais, desabafar sempre e jamais engolir essas coisas que entopem as artérias, como mágoa, rancor, tristeza. E aquele aparelho estava ali no meu braço me dizendo com rudeza: acorda, garota! De 10 em 10 minutos. Desabou uma chuva anormal, a internet caiu, a televisão a cabo saiu do ar e devido a uma goteira fui obrigada a apagar a luz da sala. Ali na semiescuridão, me pus a pensar em tudo que havia contribuído para aquela situação, sendo eu mesma a maior culpada.
Tomei uma decisão drástica em relação ao trabalho, em nome de alguma dignidade física e mental, e da minha qualidade de vida.
O dia seguinte foi mais ameno, apesar do sono irregular da noite passada. Quando cheguei ao laboratório para retirar o aparelho, boa surpresa: pressão 11 x 7. Saí de lá aos saltos, feliz, louca para experimentar viver mais um pouco, como se a noite anterior tivesse sido um aviso divino de que a mudança se faz necessária. Um passeio pelo Largo do Machado, depilação, mercado... Hum... que cheiro bom esse lugar tem pro meu coração. Voltarei assim que der, isso é fato. Mas não podia abusar. Voltei pra casa, comi peixinho grelhado e fui organizar a vida em casa. No final do dia, muito papo com uma pessoa querida, Bruno, outro, dessa vez com boas notícias.

E aí veio meu sábado, radiante, cheio de cor, de luz, de Sol, de possibilidades! Mudar a cama de lugar, ou melhor, levá-la de volta ao quarto me animou e comecei a organizar tudo que ainda estava fora do lugar em casa. Quase perdi a hora da manicure. No salão, pedi a Fran pra colocar o branco mais bonito de todos: Batida de Côco. Um banho bom, cachos ao vento, saia longa e regatinha: pronta pra sair pra aula. No caminho, já no ônibus, bateu uma onda de felicidade inexplicável. Senti uma paz, um calor bom no peito, sensação boa de pertencimento.
A aula transcorreu tranquila, boa tarde de aprendizado, sem sono, sem tédio.
Quando a obrigação do dia acabou, peguei a reta de casa com um sorrisinho maroto no rosto. Saiu o anúncio da data da minha formatura — a terceira! Especialista em Pedagogia Empresarial graduada em Tecnologia de Gestão em Recursos Humanos. Ri sozinha com a minha própria sugestão de merecer um busto em Santa Teresa! :-)
Enquanto o ônibus avançava pela Av. Brasil em direção a minha casa, a luz do Sol morno de fim de tarde banhava meu rosto. Senti-me feliz, agradecida a Deus por esse dia. Fosse como fosse, tinha sido bom até aquele momento.
Apaguei no início da noite, um sono muito intranquilo, tenso e até ansioso. Acordei pensando em quem não devia — ou será que devia? — e achei graça ao lembrar que a cama no meio do quarto seria menor ainda aos olhos dele. :-)
Ficou faltando a cereja do bolo pra encerrar o dia, mas tudo bem, não reclamo. Ainda assim agradeço: o que dependia só de mim foi feito e me deu prazer. O que não aconteceu, como eu já sabia, é que não deveria ter acontecido. Um cinema com Bruno hoje seria fatal...

Estou aqui, ouvindo músicas antigas de Aalyiah e Chris Brown (épocas boas de namoro com André e Rodrigo), escrevendo, lendo alguns blogs interessantes, revendo a nova ortografia (complicada) e tomando meu chazinho de camomila pra chamar um sono mais tranquilo. Espero que faça efeito logo, embora não acredite muito nisso, pois minha mente está trabalhando a todo vapor com foco nos dois novos projetos de 2013.
Então que venha o domingo chuvoso: amanhã seria dia de jogo do Botafogo e eu estarei lá.

Com amor,

Lucille
 

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