Primeiro foi um caminhar sem olhar para trás. Depois com passos
rápidos, a distância foi ficando mais urgente. Em pouco tempo a fuga em
disparada era a única forma de manter a lucidez. Havia tanto por sentir para
pouco dizer ― onde iria parar se não tivesse uma maneira de sair?
Primeiro foi um sorriso, uma dança. Depois um abraço, um papo. Em
pouco tempo, os beijos, o desejo. Poderia ser apenas bom, mas foi espetacular.
Poderia ser apenas vontade, mas se tornou necessidade. Poderia ter sido início,
mas começou no final, justamente na última página, aquela da qual não se
desgruda o olhar e a atenção porque é onde está o melhor de toda a história.
A ansiedade do coração se misturava a querência da pele. A consciência
tentava impor limites, mas as forças da natureza e até mesmo cada partícula
viva dessa terra faziam o movimento contrário: de união de duas vidas que
teoricamente em nada se ligariam. Terrível engano! Os opostos não se atraem,
eles se completam.
Não foi no momento errado, pois não haveria momento que pudesse ser
certo. Foi errado, tudo errado. E talvez por isso tenha sido bom, tão bom. E
inesquecível.
Lucille
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