segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Só meu


Passei horas sentada, olhando para o branco, escolhendo palavras, sentindo o vazio congelar os dedos. Revi fotos, repassei sonhos que ficaram pelo caminho, vontades que desapareceram com o vento. Tentei imaginar uma mistura espiritual que nunca deu certo. Mas como teria sido isso posto em carne e osso, sangue e cheiro, risos e travessuras? Disso eu nunca saberei.

Dias ou semanas de um poder que sequer me dei conta que tinha; fingi não saber, querendo não querer o que desejava com tanta força. Só precisava que as coisas estivessem no lugar, que houvesse um lar, amor, harmonia, paz, luz e silêncio. Pedir demais? Esperar demais? Deveria ter sido mais egoísta? Deveria ter cedido e aceitado a tarefa que seria só minha?

Foi dolorido por alguns dias, depois tudo se pintou de vermelho e saiu em silêncio, sem pressa: só um rio seguindo o caminho do meu vazio. A dúvida sustentava a esperança que a certeza golpeou e enterrou sob uma montanha de gelo.

A casa se enfeitou para receber alguém que passou tão rápido, como um brilho de Sol da manhã. E agora vamos arrumar a bagunça, guardar tudo no devido lugar até que haja um verdadeiro motivo para comemorar. E não uma festa no singular, pois esta casinha é pequena demais para acomodar algo tão gigante e intenso. Será uma festa para três.

Pensando bem, no cinzento dessa noite fria, seria pesado demais ouvir a acusação de que minha atitude seria tramada para prender alguém. Se oferecer abrigo foi tratado assim, o que eu não teria ouvido depois? Como se eu fosse baixa o suficiente para usar terceiros para alcançar meus objetivos. Blindei meu coração contra esse tipo de ofensa, mas o sentimento por outra vida jamais permitiria que eu me calasse. Humilhação demais para um inocente e culpa demais para quem não sabe viver o perdão.

O tempo de Deus não é o meu, talvez tudo isso tenha acontecido para que eu pudesse repensar o caminho que estava seguindo. Se sobre ti já pesa um fardo, porque deixarias acontecer o mesmo com um inocente que pode ser poupado de igual sofrimento?



Não quero falar, não quero ouvir. Só quero usufruir meu direito de guardar minha dor em silêncio e transformá-la em esperança. Quero deixar as lágrimas me banharem em cascata, porque não sou eu que devo ter vergonha delas. Eu estive aqui o tempo todo, não me escondi, nem me omiti, não fui covarde. Fiz o que pude. Sozinha, mas fiz. E se tivesse dado tudo certo, continuaria fazendo sozinha até o final.


Chegará o dia em que isso não será mais verdade: não estarei mais sozinha. Seremos um time. E vencedor! No momento certo, pessoas certas, da melhor forma. Tenho fé.







Deus te acompanhe na Luz, kanoo.
Kera dorong.




Lucille

Um comentário:

Diego disse...

Minha amiga, o que dizer sobre isso tudo?! Não sei, mas a parte que sinceramente concordo e apoio é, "tudo é no tempo de Deus". Não sei se vai lhe comover, se vai gostar, se vai se interessar, caso positivo, leia Eclesiastes 3.

Gosto mt de vc e jamais irei querer ver o seu sofrimento, e chorar, só se for de alegria...

Um grande Bjo e saiba acima de tudo, que onde vc estiver, e da forma que estiver, bem ou mal, Deus estará olhando para ti.

Bjosss...

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