sábado, 4 de dezembro de 2010

Observatório


Sentada aqui observo seus olhos percorrem todo o espaço ocupado pelo meu corpo. São um metro de pedreiro, esses seus olhos: medem cada milímetro de mim, como se qualquer pequeno erro de cálculo nas medidas fosse capaz de fazer um grande estrago no trabalho todo. Mas, por fim, você se cansa ao descobrir que não, não há nada fora do lugar, é realmente um belíssimo trabalho, talhado em luz e feito em cor. Isso me delicia deveras! Sinto-me realmente uma estátua grega, nua, cabelos cascateando pelos seios, púbis coberto de pêlos, formas arredondadas e esguias, face impassível, fria, dura, sou estátua, afinal. E você é mais um admirador desta beleza que só existe nos olhos de quem entende a verdadeira arte de admirar o que não existe. Por isso deixo que me olhe, quem sabe até me deseje, pois é o seu olhar que mantém vivo o meu ego de pedra-sabão.

L.

Um comentário:

Simone Castro disse...

Legal amiga....
Beijinhos e quero que saiba que sempre estou por aqui.

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