segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Ausência justificada


Há muito tempo desisti de tentar encontrar respostas para dar aos outros: agora, antes de tudo e mais importante, preciso responder a mim de forma a satisfazer dúvidas que não ouso admitir, mas que sei que existem em algum interior meu.
Deveria me isolar e ficar só? Não precisava estar só. Eu queria estar só. O isolamento não foi estratégico e nem medida radical disciplinar. Foi acontecendo apenas. Quando vi, estava só em casa, sem livro, sem música, sem televisão. Quando entendi, estava eu comigo mesma, analisando, ponderando, argumentando e decidindo os rumos dessa nova fase da caminhada.
Momento de reflexão em movimento: tudo continuou acontecendo enquanto eu pensava nos próximos passos. Tempos passados, trabalho e relacionamento amoroso foram importantes peças do insucesso. Tudo deveria estar bem a minha volta para que eu conseguisse tempo e paz para estudar. E agora? Ficar sem trabalho – o que significa sem dinheiro e sem o prazer de se sentir útil – e ficar sem namorado?
Toda a angústia e aflição voltadas para um único assunto, tudo se concentrando num foco. Esse é o final de ano que antecede a formatura, o que implica na realização do projeto final monográfico, o que, como diria Galvão Bueno, separa os bons dos mais ou menos, a hora de saber com quem eu vou realmente brigar no mercado de trabalho.
(In)Felizmente quanto a isso não tem muito problema: as pessoas não costumam levar a sério o ensino superior, menos são os que levam a sério o curso de RH e raros são os que pretendem continuar na área. Isso me traz um certo alívio do ponto de vista profissional-atuante, pois não terei de me preocupar com concorrência especializada. Mas não gosto de ver que levam a minha tão querida profissão como quem faz feira dia de domingo.
Para mim, que abracei Recursos Humanos como opção de carreira, exerço e tenho prazer no que faço, a monografia é muito mais do que uma formalidade acadêmica a cumprir: é a oportunidade de gravar meu nome na História, especialmente na minha, provando, de uma vez por todas, que fiz a escolha certa e que toda a dedicação a esse aprendizado é nada mais do que uma outra ótima forma de me tornar um ser humano melhor.
Então o momento chegou. Com cautela escolhi o trabalho. Com displicência calculada, o namorado. Tudo de forma a ter tempo, espaço e paz para dar o máximo para a monografia. Quem será capaz de me convencer de que um trabalho é importante demais para ser deixado para o dia seguinte? Hora extra? Lágrimas por causa de uma sexta-feira a toa? Tristeza com o beijo não dado, abraço frouxo? Canalizando os problemas de forma engenhosa, dei-me as tardes livres e um terrível divertimento em tomar chá acompanhado de quiche de queijo enquanto saboreio um livro. Sozinha.
Amigos, família, telefones, festas e bailes, tudo ficou num canto da memória que eu não queria buscar. Tinha que me responder primeiro. Quando esquadrinhei a vida e dei a cada um partes, entendi que a ausência voluntária, apesar de não planejada, foi necessária para admitir que não precisarei forçar nada para que eu me dedique integralmente a este projeto. Todo o meu coração está voltado para isso, não haverá necessidade de me afastar e me obrigar a nada: já sei como, quando e o que devo fazer simplesmente porque, agora sim, eu já sei o que quero ser quando crescer: Analista de Recursos Humanos.
Sei agora que quero tudo o que sempre tive: amigos, família e bailes. Mas quero muito mais me formar – bem. Então quero estar aqui, ao alcance das vistas de todos, desejando que não tenham muito mais vontade de me ver do que eu estarei disposta a ser vista. Quero que se importem comigo, como continuarei me importando com todos. Se o silêncio ficar muito pesado, espero que liguem para saber se não fui engolida por algum livro. E quando eu aparecer em algum lugar, na casa de alguém, acreditem: será pura saudade.

Aos que eu amo e aos que sabem que eu os amo em força e intensidade igual, obrigada por compreenderem e apoiarem tudo que penso, sonho e faço. Aos que não entenderem o significado desse momento, lamento e desejo que um dia tenham a oportunidade de se agarrar a algo que realmente amem e queiram realizar, tanto quanto eu agora. Peço apenas que não se interponham entre mim e minha felicidade plena, pois caso eu precise escolher... Já decidi.

Data da Cerimônia de Formatura já está marcada. O que mais poderia me deixar tensa do que a monografia? O vestidoooooo! rs

L.

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