quinta-feira, 29 de julho de 2010

Para mim e para os meus

Tenho a felicidade de poder dizer que fui uma criança muito amada e querida por toda a minha família – lado materno e paterno que sempre reivindicaram, cada qual com sua razão, o direito maior sobre minha pele morena, que, na verdade nunca foi mais para um lado ou para outro. Sou muito amada até hoje, por isso não imagino o que seja a vida de uma pessoa rejeitada.

Apesar de o anúncio de minha chegada ter despertado raiva em um e levantado a suspeita de outra – sei apenas destes dois – a minha estréia nesse mundo foi agradável: em pouco tempo todos se apiedaram daquele pequeno ser, frágil e molenga, que ora dormia frouxamente, ora mamava vorazmente no colo da adolescente, com uma pele branca de mãe e um digno nariz de batata de pai.

E esse bebê, tendo todo esse conforto sentimental, se tornou uma mulher destemida e segura. A despeito de todos os dissabores da vida, tenho a certeza de que, haja o que houver, eu tenho duas famílias que me amam e respeitam exatamente como sou e por isso sei que posso me perder em aventuras pois eles sempre me encontrarão e mostrarão o poder curativo do amor.

Pensei nisso hoje, enquanto voltava de Nova Iguaçu. Eu não quero escrever com o gosto amargo da mágoa me fazendo salivar. Quero ser justa, e acho que por enquanto não conseguirei.

Na contramão do egoísmo, sei que de onde vem tudo isso para mim, há também para muitos outros e é isso que quero que continue acontecendo: todos devem ser queridos igualmente, como parte importante de um todo que chamamos família. Desejo que meus descendentes possam ter esse mesmo sentimento por seus irmãos, pais, avós, tios e primos. E desejo mais ainda que meus ascendentes saibam distribuir uniformemente esse sentimento, para que todos tenham um pouco de cada um, que somado, signifique a proteção e o amor que todo ser humano merece ter.

L.

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