quinta-feira, 3 de junho de 2010

Paz e liberdade


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“E que o mínimo que a gente faça seja, a cada momento, o melhor que afinal se conseguiu fazer.” – Lya Luft


Como profissional de Recursos Humanos, digo a mim mesma e aos outros que não desisto da minha área e me especializo por um razão simples: acredito e tenho fé no ser humano e sua capacidade evolutiva. Carrego comigo a fortíssima sensação de que, por mais errado que se faça, há que chegar o dia em que será possível consertar, ou começar a fazer o certo. Eu mesma sou dessas: desafio a minha tolerância com os erros absurdos que cometo, e por isso jamais desisto de mim.

Quantas e quantas vezes, desde que criei este blog, escrevi que tudo ia melhorar, que eu estava viva novamente, para logo em seguida dar-me em sacrifício ao monstro devorador de corações apaixonados? Andava pelas areias da praia da felicidade e descobria que sempre alcançava minhas pegadas, por mais que achasse que já estava longe o suficiente da dor.

E quanta dor foi necessária para que eu decidisse sair da areia e me jogar no mar, cortando ondas e surfando nas águas da minha sabedoria acumulada ao longo de quase trinta anos? Demorou e custou muito até eu entender que todas as vezes que disse que nunca aturaria determinada atitude do outro, eu estava na verdade incitando-o a praticar tais atos contra mim. Quando me vi não uma, mas duas, três vezes diante de um desequilibrado com uma faca na mão e apontando-a pra mim, percebi o quanto eu havia descido. Não me refiro, contudo, ao fato de ser o ex um doente, mal amado e necessitado de cuidados psiquiátricos. Não. Penso que a descida foi ao fundo de mim, onde consegui encontrar mais respostas e foi aí que entendi o motivo da volta, do perdão e do desejo por um amor morto há quase um ano.

Disse e mostrei a mim mesma que a história estava se repetindo pela terceira geração, o que tanto eu tentei combater. Não podia, não queria e não iria permitir ver a menina de cachinhos castanho-dourados, metade do rostinho bochechudo na porta, assistindo cenas de horror com as pessoas que a deveriam proteger e amar, a mostrarem-lhe o quão trágico pode ser um relacionamento sem amor e sem respeito. Definitivamente.

Colocar aqueles móveis na rua foi libertador. Queria dançar, comemorar. Bebi Ice, faxinei a casa, dei bom dia ao meu reflexo. Vasculhei todos os lugares, desde os rasos até os mais profundos cantos de mim a procura de dor, arrependimento, saudade, tristeza. Não encontrei. Não havia mais nada em mim além da minha ensolarada vontade de estar livre! Anda, vá passarinhar, vá! E sorvi cada gole da nova bebida como se fosse champanhe, lentamente, até estar completamente embriagada do meu renovado amor por mim, sem culpa, sem medo. Livre, apenas livre.

Kerabe?
Kera dorong!

E agora?, pensei. Tenho o restante do dia pra fazer nada, besteira ou os dois ao mesmo tempo (“Vamos ver DVD?”). Nhaum... Parecia uma gata siamesa e preguiçosa, ronronando enquanto me vestia e ganhava o rumo de um lugar perfeito pra curtir esse momento. Eternamente Monte Alegre. Ganhei uma flor e é para ela que olho agora, que repousa sobre a mesa, silenciosa e vermelha, retrato de um dia seguramente gostoso por sua simplicidade e grandeza de emoções.

Quero muito mais, quero maior, quero sempre. Eu mereço.

L.

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