domingo, 6 de junho de 2010

Egoísta!

Seria a história contada uma invenção, continuação da realidade ou apenas simples fruto do desejo de que fosse daquela forma?

Escrevi e apaguei esse início de texto pelo menos cinco vezes antes de ter certeza sobre o que e como queria expor os fatos. Fossem apenas fatos, já teria ficado pronto, mas como trato também de sentimentos, preciso ter certeza de que vai ficar bom de reler, de lembrar.

Quis escrever aos berros: em Caps Lock, vermelho e negritado. Quis não escrever e aí corria o risco de contar apenas com a memória que um dia há de falhar. Quase dois dias depois, já tendo tentado algumas e desistido todas as vezes de contar, descobri quase sem querer a música Mulher Elétrica, dos Racionais. Ironicamente, no ano passado enquanto eu me recuperava da cirurgia, era esta mesma música que o ex cantava para a amante. Não preciso dizer que passei a não gostar dela. Pois bem, como nada acontece por acaso, um pen drive fez pouso no meu computador e, indo direto ao fim da história, pulei da cadeira quando ouvi. Quer saber?, pensei, vou ouvir essa merda até o fim, o que tinha que me matar já matou − e eu voltei. A letra é basicamente o traçado do meu perfil. Se fosse mudar algo pra ficar melhor, diria que ao invés de elétrica − essa palavra dá ideia de mulher doida −, prefiro pensar que sou energizada: poder de atrair e repelir, só me segura quem vem protegido, equipado e preparado. Na continuação das músicas, mais Racionais − outra vez eles me ajudando a escrever a história − agora com O Jogo é Hoje. Ouvi bem alto essas duas e o restante das músicas novas do grupo. Finalmente cheguei a certeza do que e como fazer, para mim e quem mais gostar de ouvir boas notícias.

Pensado e repensado, eis então o que me tirou o sono, com sua verdadeira invenção e fantasiosa honestidade.

(Escrevi novamente, por três vezes. Desisto. Não quero contar coisa nenhuma. Era positivo, maravilhoso. Mas deixa, é meu. Não quero mais dividir. Se esquecer, paciência. Embora eu ache quase impossível esquecer aquele frio nas minhas costas nuas... Delicioso é o momento que me pertence.)

“Quer beijar, quer amar, quer se divertir”

“Ela manda, ela pode, ela é quem faz”

“Ela é banto, é nagô, é yorubá”

“Contos de uma festa Black, é a Cinderela high−tec”

“Maquiavélica, me atraiu”

Trechos de Mulher Elétrica, música do momento. E pensando na minha versão energizada...

Ela queria beijar e foi beijada, amou e se divertiu.

Ela não mandou, apenas obedeceu e assim conseguiu o que quis sem fazer esforço.

Ela é Mandinga, ela é Kintê, ela é negra e índia. Ela é brasileira.

Ela é Santa Teresa, ela é Oswaldo Cruz, ela é Piedade, ela é Mangueira.

Crônicas de uma vida black, samba e charme, é a Mademoiselle de Beauvoir.

L.

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