Durante muito tempo a palavra idade foi um tesouro no fim do arco-íris pra mim. Aos 13, o sonho era ter 15. Aos 15, nada valeria à pena enquanto não chegasse aos 18. Quando finalmente os 18 chegaram, a primeira maravilha do universo estaria nos 21 anos de idade. E quando o relógio biológico soou às vinte e uma badaladas, se deu o processo inverso. Poucos meses antes dos 18 anos estaria perfeito para aterrissar da minha nave que viaja no tempo. Mas, antagonizando-se ao desejo de voltar, havia uma convicção de que, embora o corpo não fosse o mesmo, e, honestamente, tenha ficado quase disforme, a cabeça em construção estava sensacionalmente melhor.
O ponto chegou em que havia uma necessidade de evidenciar as idéias, a mulher que realiza, deixando de lado assim, o corpo, a mulher boa de cama. Isso foi em algum momento após os 22, quando o corpo tão desanimado com os maus tratos a que era submetido, deu o basta e se negou a continuar em forma. Nada mais de barriguinha de fora, top, sainha e saltão. Nahim. Nada mais de vontade de mudar isso também, a cabeça também começou a cobrar sua apresentação no palco desta vida. Deixe seu corpo de lado e vamos fazer cursos e faculdade, foi o que ela me disse. Obedeci. Afunilei o portal de entrada em minha vida e só os desapegados de bens materiais, sexuais e analfabetais conseguiam entrar.
Mas nada está inteiramente bom quando pende para um lado só.
Aos 26, a coisa começou a funcionar outra vez, corpo e cabeça se entendiam bem. Aos 27 corpo e cabeça eram uma diabólica dupla e os estudos e o sexo nunca foram tão perfeitos. Aos 28 separaram-se. Nada funcionava em mim. Cabeça, muito mais forte e perseverante, ainda deu um suspiro, mas sem seu grande parceiro não havia muito que fazer.
Então, findando os 28 anos, o espírito que a tudo observou calado e quieto, tomou as rédeas dessa vida e decidiu que faria por mim o melhor para que o equilíbrio tivesse parte nesta passagem também.
E, aos 29 anos, 4 quilos perdidos em um mês, muque crescendo, autoconfiança colocando as garras de fora e muita vontade de continuar, finalmente corpo e cabeça voltaram a trabalhar juntos. Parceria perfeita, com a colaboração do espírito e do valiosíssimo coração. O levantar de cabeça, algo entre arrogante e decidido, agora tem a vantagem da experiência adquirida com o abaixar de cabeça tristonho e humilhado. O rebolar dos quadris, exibe agora um número a menos e muita, mas muita malícia a baseada no indiscutível fato de que, seja lá como for, eu sou a detentora da perereca.
O dia é hoje e o momento é agora.
*-*
Primeiro dia de academia: “O que eu estou fazendo aqui? Só tem mulher gostosa, sem medo de correr na esteira e eu andando na velocidade 3, com essa camisa GG cobrindo tudo feito burka.”
Terceira semana de academia: “Imagem bonita no espelho, né? Quadril largo, coxa ficando durinha, cabelo bonito. Essa galera fominha me secando, será por causa da calça e da blusinha? Ou será que é porque sou a única que sorri enquanto malha ouvindo funk na velocidade 5.5? Vai saber...”
*-*
- É mesmo? Que legal. E ela?
- Ela é show de bola, muito engraçada e gente fina a beça, muito gente boa. E mó gata.
*-*
“Campo magnético”
Essa expressão dela me deixou desconfortável comigo mesma. Então ontem eu decidi que seria o dia de ser feliz. E fui. Desmagnetizando os fantasmas.
Are baba!
*-*
Está passando o tempo da ansiedade.
O que vier agora... estarei de braços abertos para receber!
Certamente que sim.
L.
Texto originalmente escrito em 11 de agosto e não modificado na data de sua publicação.
Um comentário:
hahahaha!!
Depois você fala de mim kk
Que texto é esseeee??? rsrsr
Eu sempre me pergunto quando é que meu corpo e minha cabeça finalmente chegarão a um 'consenso' e partilharão da mesma alegria [gostosa EEEE equilibrada KKK] e finalmente me deixarão com a sensação de PAZ rsrsrs
Tu é PHODAHHH!!!
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