segunda-feira, 27 de julho de 2009

Tipo assim, colega...

Não há nada que se compare a sensação sagrada do auto-domínio. Naquele momento crucial, em que todos esperam que você tome uma atitude extremada, inclusive você mesmo, algo se apodera de seu ser e você consegue manter a expressão facial leve, a corporal quase em absoluto repouso e fita seu possível objeto de desejo assassino com o mais sereno olhar e murmura: "Tudo bem".
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No fundo, você sabe que não está tudo bem. No fundo, lá no fundo do seu ser, aquela criatura que te retribui amor com desprezo e escárnio, essa sim deveria mesmo ouvir umas verdades. E você gostaria mesmo de dizer "Vá se foder!". Não, sem português correto, porque xingamento bem dito é aquele que sai de qualquer jeito mesmo, então enquanto seu externo banca o educadinho de merda, seu interno fecha a cara, a boca espuma e brada bem alto: "Vai se fuder!".
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Você sabe que não é legal agir assim. Quebrar o nariz de alguém com uma panelada, destroçar a perna de outro com uma madeirada ou humilhar alguém com palavras duras até fazer chorar, definitivamente, não são atitudes politica-religiosa-humanamente corretas. Até porque, ninguém gosta de passar por isso, especialmente quem faz passar.
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Mas tem hora que é impossível se conter. O que não significa que esse hora possa ser traduzido em minutos. Não. Tem um determinado e eclíptico momento em que toda a reserva de paciência e bom mocismo esgota. Impossível perdoar tudo sempre. Impossível se colocar no lugar do outro ad eternum, especialmente quando esse outro só faz merda! Ora, vá cagar, cacete! Vá ver se eu estou na esquina, e se me encontrar, finja que não me viu! Opa, opa, opa. Desculpem, acabo de descer um pouco a ladeira, mas já me recompus. É que estou exatamente neste momento. Lady, retirando os saltos, um a um, até ficar completamente de pés no chão. E quando fico descalça, subo a favela e desço o barraco!!!
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Ultimamente tenho tido sorte. Há várias semanas que ninguém consegue perturbar meu estado de nirvana permanente. Porque será? :-) Talvez seja porque eu não o tenha permitido. Afinal, a maior responsável por meu estado de espírito sou eu mesma. Então, só aqui entre nós, lá no fundinho do ser, eu admito, ao invés de ter feito mantido a calma de manhã e a noite, tudo o que eu gostaria de ter dito era... Enfim, era isso aí mesmo. É que o palavrão é tão absurdo que não vejo razão em querer registrá-lo e guardá-lo. Pelo contrário, quando fechar esta janela, direi-o em voz alta para aplacar a raiva. E, depois, nem lembrarei mais que ousei pensar nele.
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E é claro que não vou matar ninguém de curiosidade. Minha raiva nasce no leito da inocência em ainda querer acreditar que pessoas podem ser objetos da minha humilde consideração. Conhecidas ou desconhecidas, pessoas são alguma coisa que eu nem deveria acreditar mais, especialmente quando elas se fazem de covardes e saem de fininho, na calada da noite e pela porta dos fundos. Acho deprimente. Por que não dizer "Olha só, eu achei que você fosse uma boa pessoa, mas meu guru disse que não é, por isso eu estou te tirando da minha vida."? Acho mais bonito. Ou menos feio, sei lá. Mas penso que é uma boa forma de não parecer estúpido e desprezível demais.
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Sabem do que mais? Eu sou RH. Uma eterna crente na utópica evolução do ser humano. (In)Felizmente sempre acreditarei, quando chegar por perto um qualquer querendo abraço ou apenas sorrindo, que eu sou capaz de dar ou retribuir, mesmo sabendo que o pagamento para isso, poderá ser um dia de lágrimas.
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Incontável.
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Incansável.
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Pois é. Mais uma vez, firme e forte sobre mim mesma, livre das amarras e doida pra que venha logo outra mala a fim de me aquecer o coração com palavras bonitinhas e bobinhas, das quais eu, mais sábia, farei apenas meu tapete de retalhos de lembranças agradáveis.
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L.

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