sábado, 5 de julho de 2008

Garota Zona Sul

A madrugada começou e eu ainda não entendi direito o que meu coração me manda escrever. Lá se foi a sexta-feira, Mariah inunda o quarto com a voz antiga, cheia de emoção e forte, profunda. Quero dizer que estou bem e que não estou. O dia foi bom, proveitoso e produtivo.

Acordei cedo, como todos os dias, minutos antes de começar a ficar atrasada. Os celulares despertam e eu, sonambulamente, há três dias os chamo de alimentação e refeição. O trabalho definitivamente tomou conta de minha vida. Ao desligar os despertadores, ainda no limbo entre o sono de cansaço e a responsabilidade que me aguarda, a primeira coisa que vem a mente são os benefícios dos funcionários, cartões alimentação e refeição. Quando finalmente desperto, já a caminho do banheiro, rio sozinha, diante da realidade complicada que me envolve e toma até meus minutos de descanso.

Os banhos são demoradamente obrigatórios, com sabonete especial, não mais o meu querido Dove. Tinha esquecido como a água de casa é quentinha... Dia desses, ainda muito atordoada com tudo que me acontece, levantei e ao invés dos chinelos, calcei a sandalinha rasteira que uso para... trabalhar! Só quando acabei de me banhar é que olhei pra baixo e percebi que o solado não estava macio como a Havaiana branca.

A roupa é cuidadosamente passada. Sem a obrigação quase religiosa de usar peças sociais, a liberdade de escolher o que me der vontade me deixa com um leque bem maior de opções. Lanço a calça jeans com blusa e salto alto, jogo o casaco preto-básico por cima e vou, literalmente, à luta.

Hoje eu tinha uma missão. Árdua missão. Sacar um cheque no shopping. Primeiro dei um princípio de ataque de pelanca porque o cheque não estava lá na hora certa, mas no final, tudo deu certo. Chovia torrencialmente na cidade quando saí do trabalho rumo ao local de perdição. O caos total: motorista brigando com os passageiros, trânsito parado, muita gente molhada e estressada. Tão logo o ônibus cruzou a divisa entre Centro e Zona Sul, o céu pluft! abriu-se como mágica. Por isso gosto da Zona Sul, lá tudo é aberto, animado, admirável. Quando terminei, olhei bem pro shopping, acostumada demais a ele, decidi gastar meu horário de almoço em coisas mais produtivas e menos fúteis que comprar o 835º par de sapatos no Rio Sul. Fui ao salão.

O que é o calçadão de Ipanema numa tarde de sexta-feira? Minha passarela. É bem verdade que a massa da Zona Sul é branca e esquálida, logo, eu sou a rainha em terra de cego. Todo o aborrecimento da manhã foi compensado com o arrastar de olhos que eu provoquei, ao caminhar firme e rapidamente pela Visconde de Pirajá, sob o Sol que nunca abandona aquela terra. É, há uma semana de ficar mais velha, constato que não basta poder comprar uma calça jeans de grife nas lojas caras de Ipanema. Tem que poder enchê-la.

Ego nas alturas, dediquei-me a tarefa de esticar as pernas sobre o puf do Instituto, tomar suco e ler enquanto Andrea cuidava do meu cabelo. Do meu lado direito uma parede de vidro era tudo que me separava da vida agitada de Ipanema e por onde eu via a luz do Sol ainda aquecendo o dia. Enquanto fosse dia, tudo estaria bem. Saí de lá com as madeixas balançantes, rumo ao trabalho novamente.

De volta à vida real, chata por sinal, pois de verdade a chuva estava só no Centro, tomei algumas decisões. Mas eu precisaria de um casaquinho branco. Depois as unhas. Impressionante o poder curativo de unhas feitas. Mais um x-tudo e uma boa dose de gargalhadas, foi o que bastou pra organizar as idéias e me parabenizar por minha crescente paciência.

Outra vez, meu padrinho e amigo Thiago, peça fundamental nessa semana internamente confusa. Se um dia eu me esquecer de dizer, obrigada por tudo, principalmente por acalmar e animar. “Finge que ta emocionada” rsrsrs

No Media Player: Sarah McLachlan – Angel.

Maravilhoso fim de semana pra todos!

L.

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