segunda-feira, 16 de junho de 2008

Pétalas

Queria muito ter certeza, ser dona absoluta dos meus pensamentos e sentimentos. Queria saber que o chão onde piso é o máximo que posso chegar. Queria não saber que existem céu e inferno. Queria não alterná-los em mim. Queria ser senhora da minha razão. Não sou.

A semana que passou me trouxe ótimas notícias e outras nem tanto. Claro, as não boas são mais perturbadoras do que são amenizadoras as outras. Fico me perguntando se as notícias boas são fracas ou se eu que dou mais importância ao que não é. Geralmente é fácil me tirar do sério, mas ultimamente tem sido igualmente fácil eu não dar ênfase a isso. Mas essa semana saiu da rota. O que me fez feliz, não levou ao céu. O que me aborreceu, perdurou por dias e dias.

[ Dei pra ouvir músicas enterradas. Músicas enterradas, porém sentimentos que elas despertam ainda são zumbis e me aterrorizam, descaradamente, em plena luz do dia. Ouvir Marquinho O Sócio entoando os versos de “Não dá mais”, reabre uma ferida que há muito deveria ter cicatrizado com o tempo. Por que não consigo esquecer? Por que ainda deixo que voltem? ]

Nunca fui de fugir das responsabilidades, pelo contrário, sempre fui em busca delas. Esta semana no trabalho foi assustadora, uma onda gigante surgiu na minha frente e eu não tinha como correr, se eu não aprender a surfar ela me engolirá. Bom, surfar já sei, mas falta a confiança em mim e no potencial. Ou melhor, falta parar com o medo bobo de descobrir que posso ser muito melhor que eu mesma imagino.

[ Uma música que outrora me trouxe alegria, hoje é sinônimo de amargura, “De repente” – Dughettu. Das alegrias, lembro vagamente. Mas não consigo enterrar meus mortos, os que eu mesma matei, com os dedos ligeiros nos botões gelados da mente que ignoram o agente causador do sofrimento, mas que também são responsáveis por levar um pouco de mim para as profundezas de rios não navegáveis, de onde o resgate é quase impossível. ]

Ganhei uma rosa azul. De todas as flores do mundo, é a que mais me entusiasma, primeiro porque é da cor que eu mais gosto, e segundo porque não é azul verdadeiramente, é pintada, o que a torna especial, feita para mim. De todos os presentes do mundo, os que mais me aquecem a alma são os mais simples, primeiro porque dão mais trabalho, afinal com dinheiro escolhe-se qualquer coisa, e segundo, porque não são verdadeiramente presente, mas sim uma forma de alguém mostrar o quanto gosta de mim, dando o que podia apenas pra que eu soubesse que não fui esquecida.

[ Queria tê-los comigo sempre. “Ghetto children” – Kelis. E um tempo em que via duas pequenas almas desenvolverem-se, quando a vida era simples, num sorriso de sol da manhã ou num enluarado boa noite e Deus te abençoe. ]

Sim, sou uma mulher do luxo. Gosto do caro, do belo, do confortável. Não tenho o menor pudor de confirmar isso: nada de mais ou menos, quero tudo do bom e do melhor. Mas com um porém: só é bom quando eu mesma me dou. Trabalhar arduamente o mês inteiro, bambear mas não cair, aturar toda sorte de aborrecimento e ao fim de trinta dias, deixar numa loja de sapatos o equivalente a oito dias de trabalho, sem dúvida alguma é algo que me deixa feliz. Se posso, me dou sem medo o caro, o belo e o confortável. Quanto ao honesto... não há dinheiro que possa pagar.

Hoje, é positivamente um dia em que eu queria me dominar, saber que posso controlar o que sinto e o que penso. Hoje é o dia em que celebro os 12 anos em que meu coração descobriu o poder devastador da dúvida, da insegurança. Daqui a menos de trinta dias, serão 28 invernos, 28 anos de uma vida de muitas glórias, lutas infindáveis e algumas derrotas. Talvez esse sentimento de hoje, tenha a ver com a proximidade da data. Não sei.

São 01h10minh da manhã de um novo dia. Chove lá fora e aqui, aguardo um sono que prometeu que viria, e, no entanto, não apareceu ainda.

Tudo há de clarear. Que Deus me ajude.

L.

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