sexta-feira, 23 de maio de 2008

Até a próxima! Obrigada por tudo.

Eis que mais um ciclo foi concluído. Uma porta que se fechou com a abertura de outra, uma vida que dará lugar a outra.

Semana passada foi o fim de uma vitoriosa passagem pela empresa que ainda carrego no coração, e pela qual, tive o orgulho e a honra de ter formado minha veia RH. Bom, não é tanto assim. Não sou uma entusiasta da empresa em si, mas de sua gente, brava gente que dá o sangue, literalmente, e o suor para que nada menos que 400 mil pessoas possam ir e vir diariamente, com conforto e segurança. Sinto um orgulho imenso de ter feito parte dessa brava gente, de ter cuidado, ouvido, ajudado e mais que tudo, de ter feito amigos.

São tantas coisas, muitas que eu gostaria de registrar, mas justamente por ser profissional de Recursos Humanos, sei que uma das tarefas inerentes a todo empregado que participe de áreas que carreguem informações sigilosas sobre a empresa é manter a confidencialidade. E não é porque saí que vou agora dar-me ao luxo (que poderia sair caro) de revelar fatos desagradáveis sobre a empresa, ainda que a vontade coce nos dedos. Se assim fizesse, todo o aprendizado poderia ser jogado no lixo. A única coisa que posso dizer é: fiz o que pude pra fazer todos os meus dois mil amigos de trabalho ter uma condição de trabalho melhor.

Entrei lá como estagiária, crua em matéria de gente. Qualificação com dados sobre gente, eu tinha. Folha de pagamento eu dominava. Mas a verdadeira arte de trabalhar com e para pessoas ainda não. E isso foi trabalhado em mim, dia após dia, às vezes de forma dura, bruta, mas outras vezes de forma quase maternal. Ou paternal. Dois foram meus mentores: minha chefe e um dos amigos da área, que antes de tudo é um apaixonado por pessoas e seus desdobramentos. Ambos me mostraram, com palavras e seus próprios exemplos que, se você é profissional que se presta a trabalhar na área de pessoal, então você tem que saber lidar com pessoas e não somente com procedimentos. Demorei pra entender, pra assimilar e começar a praticar o mesmo, mas, água mole em pedra dura... Foram e são duas pessoas de suma importância pra mim, profissional e pessoalmente. Sem eles certamente teria deixado de aproveitar tantas maravilhas que um sorriso satisfeito de um amigo pode proporcionar. Outros profissionais talvez se sintam realizados com uma premiação em dinheiro, um bem material, não que eu não me sinta, claro, mas nada paga a sensação de orgulho misturada com prazer ao receber uma funcionária que voltou só pra te mostrar o bebê que você fez vários malabarismos pra incluir no plano de saúde, já que ela não poderia se deslocar de casa já estava recém operada. Quando eu a vi, a antiga Lucille pensou “ai meu Deus, mais problema”. Mas a nova abriu um sorriso e perguntou “tudo certinho com o bebê?” e ela respondeu “tá, só vim aqui pra você conhecer ele” e eu, mesmo com a corda no pescoço, voando contra as horas, me deixei perder alguns minutos pra conhecer o Pedro, negro, forte, risonho e babão como todo bebê de poucos meses. No fim, ganhei varias horas ao conhecê-lo e saber que meu trabalho e correria foram premiados com o sorrisão dele.

Uma vez, uma das amigas fraturou a perna em acidente. Ela voltava para casa, às 22h e um carro avançou o sinal, pegando-a em cheio, fazendo com que ela fraturasse o joelho. Eu a via todos os dias quando entrava na empresa, fizesse frio ou chuva, lá estava ela com seu bonito sorriso a me receber. Ela só sabia meu nome, pois passava meu crachá, então desconfio que trate a todos com a mesma sorridente atitude, sem querer nada em troca. Às vezes passava por lá pelo almoço e dava uma bala pra ela, não sabia se podia, mas dava assim mesmo, ainda que ela só pudesse comer ao término do expediente. Quando soube que ela havia se acidentado, não pensei: descobri seu telefone e liguei. Ela ficou surpresa e ficou feliz de ter sido lembrada, afinal, mesmo sendo uma preocupação minha, acabei levando o nome da empresa ao ligar pra ela. Meses depois, ela se recuperou e voltou ao trabalho. Quando nos reencontramos, ela veio me dar um abraço, bem forte e apertado e disse “obrigada, Lu”. Daí eu vi que minha ligação, por pouco que tenha sido, pra ela foi muito.

Sinto-me honrada por poder e gostar de fazer esse pouquinho que significa muito para essas pessoas. Esse sentimento nenhum dinheiro paga. Fui extremamente feliz recebendo o meu pouquinho e sendo útil assim para meus amigos. No fundo, penso que se tivesse ganhado 50 mil reais e não pudesse realizar tanto e aprender mais ainda, não teria saído tão feliz quanto saí.

Saio com a cabeça erguida, fiz meu trabalho e com ele aprendi muito, tornei-me um ser humano melhor e dei vários passos rumo a excelência profissional. Na quinta noite da primeira semana de trabalho, ao sair do prédio, foi como um tapa que a verdade me chegou aos olhos e a mente: aquele cara conduzindo aquela máquina, lotada com três mil vidas dentro, sim, de certa forma eu era responsável por aquilo tudo, pois era minha a missão de cuidar da vida dele. Eu tinha uma missão importante: ajudar a manter a qualidade de vida do cara que carrega milhares de vidas diariamente. Ufs! Com dificuldade no início, mas sem me deixar abalar a ponto de desistir, fui lá e dei meu recado.

Em pouco tempo eu era a porta-voz da minha área, levando aos novos funcionários todas as maravilhas que a empresa proporcionaria e eles em termos de benefícios. E modéstia a parte, com o passar dos meses, não só dei conta como também modernizei e enfeitei o pavão: parecia coisa de empresa multinacional. Essa era minha palestra de Integração, a menina dos meus olhos. Sem dúvida alguma, a tarefa que mais me dava prazer. Na primeira segunda-feira do mês, lá estava eu, de terninho, cara pintada, salto alto. Pra quê isso tudo?, alguns me perguntavam, como se receber os novos membros fosse algo que merecesse calça jeans e camiseta. E a minha resposta sempre foi a mesma: eles merecem.

Hoje, só o que me resta é saber em algum lugar, alguém se lembrará de mim. Tenho por todos eles o maior carinho e respeito, pois foram os co-responsáveis por minha virada de mesa.

Aos meus amados mentores, só posso agradecer, de coração. E aos amigos mais chegados por me darem agradáveis horas de almoço, com muita fofoca e gargalhada! :-D

Deixo-os para cuidar dos homens do mar. Sentirei muitas saudades, mas um futuro interessante se descortina a minha frente, trazendo-me novos sonhos e metas.

E como alguns de meus amigos costumam dizer ao fim de seu trabalho “espero revê-los numa próxima viagem”.

Com todo o meu amor,

L.

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