segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

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terça-feira, 31 de outubro de 2006

"Me leva no teu bumbar, me leva..." (1) Estou ouvindo minha cantora favorita e feliz por me saber ainda escritora do fundo do quintal da mente. O motivo da ausência? Desmotivo, desmotivação. Não vale a pena citar o porque, afinal, ainda corro o risco do fantasma que ronda meu sorriso reaparecer. Por que? Porque é um fantasma que eu crio, educo, alimento e guardo. Louco, mas é real. Prova de que a felicidade é o hoje e o que está ao alcance das mãos e o que causa angustia, é o que é deliberadamente provocado a si próprio. E agora me assusta um fantasma, um dos mais terríveis. De chorar. Tão horrendo não fosse, talvez não me pusesse a escrever. O medo me põe a escrever, a dor. Alegria não. Nesse exato momento, o pé está que parece uma manga rosa de quilo e meio. Existe? Se não, acabo de criar: manga rosa de mais de quilo. O pé é meu e comparo ao que me aprouver, mesmo que tenha que criar o objeto comparativo. "Pelo amor de Deus..." (2) ela agora entoa, quase sussurrando na mais pura dor de amor. Foi época em que a dor de amor me levava a acompanhá-la nas palavras sôfregas de Chico Buarque, o maior poeta-carioca-legalize-já do Rio. A dor agora é outra. Mais em cima, digo, bem embaixo. Bom, é em cima, dói a consciência e embaixo também, onde estufa a manga rosa no pé. A consciência de que a minha saúde é condição de bem-estar de outros a quem amo, de que uma manga no pé pode desencadear uma preocupação maternal profunda. (O que já aconteceu) Deveria ter-me cuidado, sim. Passa da hora. Mas as coisas vão acontecendo, um problema sobrepondo-se ao outro e as pequenas veias, pobrezinhas, não agüentam o tranco de carregar rio acima e rio abaixo tanto sangue bombeado de forma irregular e sempre em ritmo acelerado. Pois é, fortes emoções a todo instante. E mesmo sabendo da já hereditariedade que crucifica ou glorifica gerações de mulheres do mesmo sangue, nem assim, dei a devida atenção a esse corpo que Deus emprestou-me pra voltar a Terra. E cá estou a cultivar a tal manga, dando de ombros pro aviso que recebo de que, possivelmente, carrego uma panela de pressão prester a exlodir. E será que combina feijão com manga? Nossa, que pensamento mais gastronomicamente impróprio! Bom, então financeiramente falando, pé inchado não combina com faculdade, que não combina com hospital, que não combina com festa, que não combina com repouso, que não combina com Viaduto, que não combina com remédio, que não combina com Ice geladérrima. Só resta então uma alternativa: desobstruir o caminho dos rios internos que passeiam em mim, dar-lhes caminhos onde correr, livrá-los de barreiras e grandes obstáculos, prevenir para não, literalmente, remediar. Apesar de assustada, ainda estou planejando a sexta-feira no samba. Noitada daquelas memoráveis, com amigas, vinho e olhares furtivos em direção a mesa do outro lado do salão que acomoda os bonitões em cujos dedos anelares constam-lhes a prova da indisponibilidade e que, fatalmente, me fará olhar pro pé e soltar "E ainda isso pra piorar tudo!" e romper numa alta risada, típica de quem se preocupa, porém não abaixa a guarda tão facilmente. Ufa! Depois do susto inicial, só posso deixar uma garantia: vou me cuidar. Promessa. Volto depois, com um fim de semana recheado de promessas e caça aos fantasmas... L. (1) Caminho das águas (2) Sobre todas as coisas, ambas de Maria Rita

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